Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializou-se em pediatria na Unifesp/EPM, obtendo em seguida título pela S...
iO Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um assunto que pede delicadeza e responsabilidade, tanto no momento de falarmos sobre ele e, principalmente, durante o processo de análise do comportamento e desenvolvimento de uma criança. Isso se dá em razão da complexidade do tema, pois existem diferentes tipos e níveis de Transtorno do Espectro Autista, pela carga emocional que o distúrbio acarreta e também porque cada pessoa possui suas particularidades em relação à curva de desenvolvimento, portanto, é importante ressaltar que cada caso é um caso e tentar generalizar o assunto pode ser um grande equívoco.
No entanto, existem alguns comportamentos que podem chamar atenção dos pais e merecem ser abordados junto ao pediatra e, consequentemente, outros profissionais de saúde.
Entendendo o TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurológico que compromete o desenvolvimento das habilidades de comunicação e interação social. Dependendo do grau, o comprometimento será variável, em alguns casos, mais leve, como na Síndrome de Asperger. Porém, em outros, o comprometimento cognitivo (intelectual) e o déficit na comunicação e na interação social poderão ser mais acentuados.
De forma mais específica, as características do autismo variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo. Há casos com quadros de autismo associados à deficiência intelectual grave, sem o desenvolvimento da linguagem e com padrões de comportamentos repetitivos e déficit na interação social. E outros, como na Síndrome de Asperger, em que não há deficiência intelectual e atraso na linguagem, e a criança se relaciona com o meio de forma particular.
Os primeiros sinais, ainda que difíceis de reconhecer, aparecem entre um e cinco anos de idade, mas é possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses. O autismo tem incidência de um a cinco casos para 10.000 mil crianças e acomete 0,6% da população mundial, sendo quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.
Saiba mais: Autismo: o que é, sinais e tipos
O diagnóstico é clínico e a observação dos pais é fundamental para ajudar na identificação do autismo. Sempre que suspeitarem que seu filho/a não interage normalmente com os irmãos, amigos, familiares ou outras pessoas do convívio, além de apresentar quadros de atraso no desenvolvimento da marcha e, principalmente, da fala, os pais devem informar imediatamente o pediatra. Após avaliação inicial, será decidida a necessidade de encaminhamento da criança para um especialista, que realizará exames mais precisos.
Vale ressaltar que não existe uma regra de quando o diagnóstico pode ocorrer, dependendo da idade do início dos sintomas, da intensidade e da percepção dos pais nas alterações de comportamento da criança. Em alguns casos é possível identificar o autismo com um ano de idade, enquanto outros somente serão reconhecidos aos quatro ou cinco anos. Mas é importante ficar atento, de forma que o tratamento e as ações a serem tomadas por pais e familiares da criança aconteçam o mais breve possível.
Saiba mais: Síndrome de Asperger: sintomas, causas e diagnóstico
Lidando com o autismo
Até aqui falamos da identificação da doença, mas e após o diagnóstico? Como segue a vida da criança e de seus pais? Primeiramente, é preciso contar sempre com o acompanhamento profissional para orientação de abordagens multidisciplinares que estimulem a educação e socialização do seu filho/a. Há também a questão do acompanhamento médico para a definição de medicamentos que agem na redução ou estabilização de sintomas, como agitação, agressividade e irritabilidade.
É importante lembrar que não existe um único caminho para lidar com o autismo, pois existem muitas variáveis envolvidas em como o transtorno irá se apresentar em cada criança. Mas ninguém precisa passar por isso sozinho.