Dermatologista do Hospital 9 de Julho
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Bons hábitos de higiene são fundamentais para a saúde do corpo inteiro, principalmente da região íntima, já que um simples descuido pode aumentar o risco de proliferação de bactérias, infecções e doenças.
Contudo, é preciso prestar atenção também na roupa íntima, já que essa peça está em contato direto com o órgão sexual. Confira as dicas de especialistas para escolha e cuidados adequado com as roupas íntimas e evite problemas:
Escolha do tecido
Não há dúvidas: o melhor tecido para roupas íntimas é o algodão. "Os tecidos naturais absorvem melhor a transpiração que os sintéticos", afirma o urologista José de Ribamar Rodrigues Calixto, da Sociedade Brasileira de Urologia.
Elas também são mais confortáveis por conta de sua superfície macia, que não irrita a maioria das peles. "Os tecidos sintéticos causam reações alérgicas com mais frequência do que o algodão", explica a dermatologista Samantha Kelmann, do Hospital 9 de Julho.
O algodão evita a transpiração e maior secreção local, que são as portas de entrada para infecções. Uma alternativa são as roupas íntimas de tecido sintético que possuem o fundo em algodão - apesar de não ser o ideal, já auxiliam na prevenção de irritações.
Além do algodão, existem novos tecidos tecnológicos que buscam a redução da umidade e facilidade de circulação do ar, como os tecidos de fibra de bambu.
Formato da roupa íntima
Da boxer ao fio dental, existem diversos modelos de cuecas e calcinhas. Para fazer essa escolha, é necessário primeiro respeitar as preferências de cada um - afinal, não adianta comprar roupas íntimas com as quais você não se sinta confortável.
Entretanto, a ressalva fica para roupas muito apertadas, que causam maior aquecimento local e maior risco de infecções por fungos e bactérias. Nas mulheres, a roupa íntima mais justa predispõe o aparecimento de corrimento vaginal.
Para os homens, o uso de roupas íntimas muito apertadas diariamente pode influenciar a saúde do sêmen. "Os testículos, quando muito próximos do abdômen, ficam expostos a uma temperatura corpórea maior, que pode ocasionar o dano temporário da qualidade e quantidade de espermatozoides produzidos", diz o urologista José de Ribamar.
O modelo fio dental também deve ser usado com parcimônia, uma vez que gera atrito contra a pele da região genital e do ânus, podendo causar pequenas lesões na pele. De acordo com Rogério Leão, essas lesões quebram a barreira protetora que a pele oferece e deixam a área mais vulnerável à ação de agentes infecciosos.
Roupas especiais para atividade física
Praticar exercícios físicos envolve flexibilidade, movimentos rápidos e até maior impacto - e as roupas íntimas do dia a dia podem não oferecer o conforto necessário para essas situações. "Desde a corrida até o alongamento, o ideal é optar por modelos específicos para atividade física", explica a dermatologista Samantha Kelmann. Além de garantir o conforto, a roupa íntima especial ajuda no controle da transpiração, evitando irritações na área.
Cuidados na lavagem
Quem nunca se perguntou o que era melhor: lavar a roupa íntima no chuveiro ou na máquina? Segundo a dermatologista Samantha, não há nenhum problema em lavar as calcinhas ou cuecas no chuveiro - inclusive, a água quente até ajuda a eliminar bactérias. O cuidado fica com a escolha do sabonete, que precisa ter um pH neutro para não facilitar a proliferação de bactérias.
Outra vantagem de lavar a roupa íntima no chuveiro é evitar que as secreções entrem em contato com outras peças no cesto de roupa suja. Além disso, os resíduos fisiológicos impregnados no tecido podem proliferar, dificultando a higienização.
"Para quem ainda prefere a máquina de lavar, a recomendação é manter a peça em sacos protetores especiais para essa finalidade."
Cuidados pós-lavagem
Para quem lava a roupa íntima no chuveiro, o ideal é não deixá-las secando no box, para que a peça não fique úmida por mais tempo em razão do vapor de água. Entretanto, também não é necessário deixar as calcinhas secando diretamente ao sol - basta ser um local seco e arejado, como o próprio varal.
"Outra recomendação é passar o ferro quente na área de reforço da peça, que fica em contato com o órgão sexual", diz Samantha Kelmann. De acordo com a especialista, as altas temperaturas ajudam na eliminação de micro-organismos que eventualmente ficaram na peça após a lavagem.
Eu posso "repetir" a roupa íntima?
Não é recomendado, por questões básicas de higiene. Repetir a peça deixa sua região em contato com secreções por mais tempo, além do suor. Isso favorece infecções, bem como a proliferação de micro-organismos e seu contato prolongado com a pele.
No entanto, em situações de extrema emergência, repetir a roupa íntima não será o fim do mundo. Em alguns casos é possível usar a peça virada do avesso, evitando o contato repetitivo com as secreções.
Eu posso não usar roupa íntima?
O não uso da roupa íntima pode ser benéfico, uma vez que mantém o local mais arejado. "Nesse caso, o cuidado se estende às outras peças, como calças, bermudas, shorts, meias-calças e saias, que devem ser higienizadas e trocadas diariamente", afirma a dermatologista Samantha.
Quem não se sente confortável sem a roupa íntima durante o dia tem a opção de dormir sem calcinha ou cueca, aumentando a ventilação da região genital e ajudando a manter o pH vaginal fisiológico, no caso das mulheres. Ao optar por ficar em casa e dormir sem a peça, o ideal é usar roupas mais largas e de algodão para dormir.