Médica dermatologista graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integra o corpo clínico...
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Ter acne é um dos incômodos mais presentes entre os adolescentes, e até de alguns adultos. E mesmo que as espinhas e as inflamações cutâneas não apareçam mais, há um outro drama que essas pessoas podem ter de lidar: as manchas e cicatrizes ocasionadas pelas espinhas.
As manchas costumam ser mais comuns e podem aparecer nos mesmos locais onde há uma espinha. "Isso porque o pigmento da pele atua como protetor. Por isso pode acontecer de o pigmento cobrir o local onde a lesão está localizada. principalmente se a espinha for espremida", explica a dermatologista Mônica Aribi, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Pessoas com a pele mais propensa a se bronzear também podem ter mais manchas, já que é uma pele que se pigmenta mais facilmente. Mas, de acordo com a dermatologista Daniela Pimentel, muitas vezes as manchas são, na verdade, acne ativa.
"Muitas pessoas apresentam manchinhas levemente inflamadas que são espinhas sem pústulas, e que então precisam ser tratadas como acne", conta a especialista, membro da SBD e médica assistente e colaboradora do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo.
Já as cicatrizes são mais comuns em pessoas que tiveram graus mais severos de acne. "Ela ocorre devido a uma destruição do tecido: quanto mais grave o problema, maior a lesão que ele causa e mais profunda a cicatriz", considera a dermatologista Meire Parada, diretora da SBCD. De modo geral, elas são desníveis da pele que acompanham as manchas.
A boa notícia é que as manchas e cicatrizes podem ser tratados com procedimentos estéticos. Conheça alguns deles e entenda quando são mais utilizados:
Peeling
O peeling pode ser usado para tirar manchas de espinhas, cicatrizes e a própria acne! Isso porque ele age descamando a pele, promovendo sua renovação. De modo geral, a pele que ressurge é reorganizada, tendendo a ser mais uniforme.
Quando se tem manchas leves e ainda há presença de espinhas, o mais comum é fazer um peeling químico com ácido salicílico.
"Ele é o mais indicado para manchas superficiais, ou seja, aquelas que são mais recentes", ressalta a dermatologista Mônica Aribi, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica.
Já para as manchas mais profundas, os peelings com ácido retinoico são muito indicados, pois conseguem penetrar mais ainda na pele, atingindo manchas mais antigas.
Quando falamos em cicatrizes, peeling abrasivos são recomendados, como o com ácido tricloroacético, que age em camadas mais profundas, reestruturando as depressões causadas pelas espinhas.
Leia também: Peeling: o que é, tipos e resultados do procedimento
Resultados esperados:
Após cada sessão, o paciente pode perceber a pele mais fina e lisa, com a cor cada vez mais uniforme. No caso das cicatrizes, o resultado varia muito de paciente para paciente, mas toda evolução é considerada válida.
Peelings mais superficiais são feitos em até quatro sessões, com intervalos que variam de 15 a 30 dias, conforme a reação da pele do paciente.
Já os peelings para cicatrizes, por serem mais fortes, são feitos sessão a sessão, e o especialista espera a pele se recuperar para ver os resultados e avaliar se o tratamento será aplicado novamente, ou se uma nova abordagem será feita.
Cremes com ácidos
Além dos peelings químicos, o tratamento com ácidos em creme podem ser realizados para tirar as manchas de espinhas.
"Os ácidos atuam na pele, aumentando seu tempo de renovação, estimulando assim a produção de colágeno e renovação da pele", explica a dermatologista Daniela Pimentel, membro da SBD e médica assistente e colaboradora do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa).
Os ácidos mais usados são o glicólico e o retinoico, normalmente manipulados em cremes da cor da pele. O ácido glicólico tem a vantagem de não reagir com a luz do sol, portanto pode ser usado por pessoas que passam mais tempo ao ar livre.
Já o ácido retinóico requer cuidados maiores, como o uso de protetor solar, para evitar novas manchas.
Resultados esperados:
Ambos os ácidos apresentam redução nas manchas após dois ou três meses de uso, a depender do grau das manchas. Mas o ácido retinoico, quando aliado à proteção solar adequada, traz resultados mais rapidamente e é indicado para casos mais graves.
Laser
Os tratamentos a laser podem ser usados para tirar manchas de espinhas e cicatrizes, o que muda é a tecnologia escolhida.
Tratamentos para manchas costumam usar laser não ablativo, como os com a tecnologia Q-switch, que traz resultados em qualquer tipo de pele, menos em peles que estejam bronzeadas.
A luz intensa pulsada também é usada nesses casos, mas ela é mais indicada para peles mais claras, pois ela tem afinidade com a melanina, podendo causar manchas e queimaduras na pele mais escura.
Já no caso das cicatrizes, os lasers ablativos são os melhores. O mais usado é o laser CO2 fracionado, que age como um peeling, removendo camadas inteiras da pele, em uma profundidade programada por quem o está operando.
O tipo fracionado causa pequenas lesões na pele, que se reconstrói nesse local, agindo como um peeling. A pele se regenera formando novas estruturas, que tendem a ser mais lisas e uniformes.
Resultados esperados:
Os lasers para manchas trarão um clareamento gradual da pele. "Em casos de manchas de acne, são indicadas de três a seis sessões mensais", contabiliza a dermatologista Meire Parada, diretora da SBCD.
O laser CO2 fracionado pode ser feito na mesma quantidade de sessões, mas com um intervalo um pouco maior, de 45 dias no mínimo, conforme a resposta do paciente e sua capacidade de cicatrização.
Microagulhamento
O microagulhamento é considerado um ótimo tratamento tanto para a cicatriz quanto para tirar manchas de espinhas. O tratamento consiste no uso de microagulhas, normalmente dispostas em um rolo, que fazem pequenas lesões na pele, obrigando-a a se reconstruir nessas regiões.
"Para ter bom resultado nas cicatrizes, o especialista tem que ser mais agressivo, muitas vezes causando até sangramentos na região", explica Meire Parada. Mas depende, principalmente, do tipo de cicatriz.
Já no clareamento, o microagulhamento pode ser feito sozinho ou potencializando a ação de alguns ativos de clareamento, como o ácido ascórbico. Quando sozinho, ele atua reorganizando a pele, que acaba se reconstituindo com cor mais uniforme.
Porém, quando se usa algum ativo, ele acaba entrando melhor na pele através das lesões feitas pelas agulhas, agindo mais rapidamente (este método é chamado de drug delivery).
No entanto, o tratamento é contraindicado para pele mais escura, que tem maior propensão a manchas.
"Há um risco muito grande de o paciente apresentar um clareamento inicial, mas depois ter um efeito rebote com novas manchas", considera Mônica Aribi. Isso ocorre porque o tratamento causa lesões, o que pode gerar acúmulo de pigmento na região, principalmente se não houver proteção solar.
Resultados esperados:
O microagulhamento costuma trazer afinamento da pele, além de deixá-la mais uniforme na cor e na textura.
Após a primeira sessão já é possível sentir resultados, mas no geral o indicado é fazer de três a seis aplicações, com intervalos de 30 dias no mínimo.
Radiofrequência
A radiofrequência também é um tratamento interessante para tirar manchas de espinhas, além de tratar cicatrizes menos profundas.
No primeiro caso, a dermatologista Mônica acredita que a radiofrequência fracionada é a melhor, em que apenas algumas partes da pele são atingidas pelas ondas eletromagnéticas: "ela atua de forma semelhante ao microagulhamento, ajudando na penetração de medicamentos clareadores na pele", ressalta a especialista.
Sua vantagem é que ela não causa lesões na superfície da pele, não trazendo o risco de manchas e também promovendo uma recuperação mais rápida.
No caso das cicatrizes, a radiofrequência tradicional penetra dentro da pele, causando ondas de calor que estimulam as células a produzirem colágeno, reorganizando o tecido. "Dessa forma, esse tratamento pode melhorar as cicatrizes mais leves", pondera Meire Parada.
Resultados esperados:
A radiofrequência deixará a pele com a coloração e textura mais uniforme do que antes, além de trazer uma melhora na flacidez, o que deixa a pele mais bonita. Podem ser feitas de quatro a seis sessões mensais.
Subcisão
A subcisão é um tipo de cirurgia dermatológica usada principalmente para a remoção das cicatrizes da acne.
"Mas ela é mais indicada para as cicatrizes deprimidas, em que há um desnível da pele", ressalta Daniela Pimentel. Isso ocorre porque o tratamento usa uma cânula para cortar os septos fibrosos, divisões fibrosas entre os compartimentos de gordura, que puxam a superfície da pele para baixo.
O tratamento não ajuda a tirar manchas de espinhas, por atuar em uma camada mais profunda da pele, sendo mais usado por quem tem cicatrizes.
Além disso, deve ser feita por um médico especialista no assunto, até porque o rosto é uma região delicada.
Resultados esperados:
Haverá uma melhora do relevo da pele em cicatrizes de acne deprimidas. Não há um número de sessões determinado, é preciso executar o tratamento e ver como o paciente responde, antes de repeti-lo ou escolher novas opções.
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