Médico Especialista em Endoscopia Digestiva, Coloproctologia e Gastroenterologia. Membro titular das Sociedades Brasilei...
iOs estomas intestinais são derivações do intestino para a parede abdominal criados cirurgicamente, a fim de se construir um novo caminho para a saída das fezes para o exterior. Os estomas podem ser confeccionados com o intestino delgado - chamada ileostomia - ou com o intestino grosso - colostomia -, sendo que ambos não podem ser controlados voluntariamente. Por esta razão que é sempre necessário o uso de uma bolsa coletora do conteúdo fecal. No texto a seguir usaremos o termo "colostomia", que é mais conhecido e de uma maneira geral, e tem características semelhantes à ileostomia.
A bolsa de colostomia pode ser usada de forma permanente ou temporária, de acordo com os seguintes critérios:
PERMANENTE
- Devido a amputação do reto, cujas causas principais são os tumores malignos do reto muito baixos (junto ao esfíncter anal) e avançados, traumas extensos do reto baixo e, bem mais raramente, incontinência fecal acentuada e intratável
- Quando necessário ressecar todo intestino grosso e todo o reto, como na retocolite ulcerativa e na polipose adenomatosa familiar, pode ser necessária uma ileostomia permanente ou definitiva.
TEMPORÁRIA
- Diverticulite aguda grave com peritonite fecal
- Trauma
- Tratamento paliativo de um tumor colo-retal inoperável
- Para descomprimir o intestino em casos de obstrução (em especial em pacientes sem condições de realizar uma cirurgia definitiva)
- Proteção de anastomoses (reestabelecimento da comunicação dos intestinos e do reto através de suturas cirúrgicas manuais ou mecânicas) coloretais, colo-anais ou íleo-anais de risco (ileostomia)
- Controle de fístulas
O tempo de permanência é variável. Pode ser temporária ou definitiva (não reversível). Nas temporárias, irá depender da doença em questão, sua evolução e da cirurgia que foi realizada. Varia em média de dois a seis meses o tempo que o paciente conviverá com a colostomia ou ileostomia até seu fechamento.
Qual a sua função?
A colostomia tem a finalidade de desviar o trânsito do conteúdo intestinal, seja devido a doenças que não permitam a permanência do ânus ou de todo o cólon e reto, como câncer, retocolite ulcerativa ou polipose adenomatosa familiar ou de forma temporária em casos que não seja possível realizar uma anastomose intestinal definitiva, ou mesmo para proteger uma anastomose de risco.
Tenho que fazer a colostomia, e agora?
O mais importante é ter em mente que apesar dos pontos negativos de uma colostomia, ela foi necessária para que você tivesse maior chance de cura e melhores resultados com o tratamento cirúrgico proposto. O paciente deve interessar-se pelo estoma, aprender a esvaziar a bolsa e ser encorajado a trocar a bolsa sob supervisão, a fim de realizar esse procedimento sem a necessidade de ajuda.
Apesar de trazer eventuais constrangimentos sociais e morbidades psicológicas, o ostomizado pode ir à praia, entrar na água e praticar esportes de intensidade leve a moderada e que não incorram em risco elevado de trauma na região. É importante sempre ter consigo uma bolsa sobressalente já preparada para sua adaptação ao estoma.
A perda de libido sexual pode estar relacionada a cirurgia quando no reto, ou por fatores emocionais ligados a presença da colostomia. A capacidade laborativa não costuma ser afetada na maioria dos casos. Quanto aos odores, sugere-se sempre irrigar com água a bolsa de colostomia após seu preenchimento de conteúdo fecal. As evacuações ocorrem em média cinco vezes ao dia. As ileostomias não costumam apresentar odores desagradáveis. Na maioria das cidades de médio e grande porte há associações de ostomizados, onde há instruções e trocas de experiências.
Quais os cuidados com a higiene?
- higienizar a pele periestoma com uma gaze com água morna
- pode-se usar sabonete para retirar os resíduos e desengordurar a pele
- secar a pele suavemente
- medir o estoma com uma régua (há réguas circulares especiais para mensurar o estoma) com extrema exatidão
- transpor as medidas para a o papel da placa da bolsa de colostomia e recortar. É fundamental que não se deixe pele exposta entre a colostomia e o recorte na placa da bolsa de colostomia
- sugere-se certificar-se que o recorte esteja correto antes de remover o filme protetor da resina da bolsa de colostomia
- encaixar adequadamente a bolsa ao estoma, pressionando bem a placa de resina para que cole muito bem à pele
- feche a trava de segurança
- pode-se lavar com água o interior da bolsa
- deve-se trocar a base adesiva ou a bolsa quando houver infiltração do efluente fecal sob a placa de resina, ou quando esta estiver descolando
- há no mercado barreiras de resina sintética para se proteger a pele quando necessário
Complicações possíveis
Os resultados e possíveis complicações da colostomia dependem muito da qualidade da confecção da colostomia, principalmente do local escolhido na parede abdominal e da altura da colostomia em relação a parede abdominal. Estomas planos trazem muitas complicações, em especial a dificuldade de se manter a bolsa aderida a pele e consequentes dermatites. Pacientes obesos têm maior incidência de complicações.
As complicações mais frequentes são:
- dermatites
- infecção em torno do estoma
- retração
- hérnia
- sangramento
- prolapso
- estenose (estreitamento)
- necrose
Sendo que a maior parte delas possui tratamento corretivo.