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Chega às livrarias o novo livro do economista e escritor Almir Meireles: "Por que Bebemos Leite - Nutrição e História", pela editora Cultura.
A obra é o sétimo livro do autor e assim como outras publicações como "Long Life Milk - A Revolution in Brazil" (2011) e "Planejamento, qualidade e globalização na indústria de laticínios" (2000), ambos voltados para o setor, tem o leite como tema central. No entanto, o público-alvo da atual produção são os consumidores finais.
De acordo com o Meireles, vivemos atualmente uma era de extremos e radicalismos alimentares. Para ele, cada vez mais surgem teorias, receitas e dietas que elegem produtos milagrosos e também vilões alimentares. "Nos últimos anos, o leite e seus derivados assumiram esse último papel", afirma o autor.
Apesar de o consumo de leite e seus derivados fazer parte da pirâmide alimentar brasileira recomendada pelo Ministério da Saúde, de fato o alimento tornou-se assunto polêmico. De um lado uma lista de benefícios: o alimento é fonte de proteínas, vitamina A, vitaminas do complexo B e de triptofano, aminoácido precursor da serotonina, o hormônio neurotransmissor que que ajuda na sensação de bem-estar. Mas o seu carro-chefe nutricional é mesmo o cálcio. O leite e seus derivados são uma das principais fontes desse mineral na alimentação. Mas também há o risco do consumo do excesso, principalmente por ser um alimento rico em gorduras saturadas. O que faz com que algumas dietas radicais sugiram a eliminação do leite do cardápio associando a lactose, o açúcar do leite, ao ganho de peso.
O livro é uma forma de enriquecer o debate em torno do leite, apontar os aspectos nutricionais e históricos do alimento e contribuir para que as pessoas tenham acesso a informações corretas sobre o alimento. "O objetivo é ajudar às pessoas a terem uma alimentação equilibrada, capaz de prevenir doenças como diabetes e obesidade, e também esclarecer que o leite é um alimento nutritivo e que pode colaborar para uma vida mais saudável", ressalta Meireles
O livro
O consumo do alimento partiu de uma necessidade de sobrevivência do ser humano. Para explicar a introdução do leite na alimentação ao longo dos anos, o autor faz uma viagem a 7.500 anos atrás, época em que surgiram os primeiros grupos consumidores de leite na vida adulta, devido à domesticação de animais selvagens.
Ao longo do livro é possível saber também como o consumo e modernização do leite se deu pelos cinco continentes. Além disso, como ocorreu a criação de instrumentos que se tornariam importantes para a indústria de laticínios que vão desde o termômetro às modernas técnicas de pasteurização e esterilização UHT.
Meireles enriqueceu o livro com suas pesquisas sobre os estudiosos que contribuíram de forma significativa com os progressos científicos-tecnológicos relacionados ao leite. Um exemplo de rica contribuição foi obtida pelo cientista francês Louis Pasteur, ao desenvolver a técnica de pasteurização do leite em uma época em que a população tinha o costume de consumir o leite cru e não possuía processos de conservação e tratamento do leite, o que constantemente ocasionava contaminação por bactérias patogênicas. O livro mostra que as descobertas de Pasteur abriram caminho para as modernizações da indústria de laticínios que posteriormente chegariam ao leite longa vida.
A obra fala ainda de qualidade, do mercado e do desafio das empresas. "Acredito que no Brasil nós temos o desafio da produtividade, que consiste em deixar a produção mais barata sem perder em qualidade, e não apenas aumentarmos a produção de leite", alerta.