Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iÉ comum que as pessoas queiram usar o mesmo medicamento que outra pessoa, afinal elas pensam: "se deu certo para ela, por que não daria para mim?". No entanto, na homeopatia essa lógica não procede, pois cada medicamento é prescrito de acordo com os sintomas globais do paciente.
A escolha do medicamento leva em conta a história da doença, as causalidades e tem formato individual, cada indivíduo tem sua forma própria de adoecer. A minha gripe, a minha bronquite, a enxaqueca, não são iguais em todos os indivíduos, cada um tem a sua.
Assim sendo o medicamento que eu tomo não serve para meu amigo. Pode não fazer efeito algum ou ao contrário, se ele for hipersensível (chamado idiossincrásico) ou se ele toma sem saber seu remédio de fundo, vai precisar de um homeopata para consertar o estrago. Portanto, automedicação não é aconselhável.
Como é feita a escolha do medicamento homeopático?
Para entender um pouco melhor os medicamentos, é preciso entender como eles são indicados. A verdade de que uma doença corresponde a um medicamento não vale quando falamos de homeopatia. Procuramos em consulta descobrir quem é o paciente que adoeceu para encontrar seu medicamento. A combinação perfeita entre paciente e medicamento leva à cura.
Tive a honra de ter sido aluna do professor doutor Walter Edgar Maffei. Seu ensinamento mais valioso dizia: "cada pessoa adoece como pode e não como quer", você não escolhe a doença que quer ter e sim a que está relacionada à carga genética vinda de dois pais e quatro avós! Ou seja, uma mistura e tanto.
Isso quer dizer que em uma mesma família as pessoas tendem a adoecer de formas semelhantes, quando expostas a condições similares. Por isso a escolha do melhor medicamento está vinculada a uma consulta de forma geral extensa, onde anotamos a queixa do paciente e vamos puxando a história até descobrir a causalidade, desde quando o problema apareceu, e tal investigação não raramente leva várias consultas. Somente após essa investigação é que é possível encontrar o medicamento ou grupo medicamentoso que descrevem o paciente e a forma como ele adoece.
O medicamento homeopático pode vir de diferentes reinos: vegetal, animal e mineral. Além disso, os remédios também provém de venenos de animais peçonhentos (cobras, aranhas) que tanto em homeopatia como em alopatia resultam em medicamentos eficazes.
Percebe-se hoje que as doenças em cada geração se manifestam cada vez mais cedo e este é o motivo pelo qual temos encontrado já na faixa pediátrica doenças consideradas de adulto ou de terceira idade, como as doenças metabólicas não transmissíveis (dislipidemias, deposição de placas de aterosclerose, obesidade). Então, é demais importante que se inicie a prevenção nas crianças desde a gestação da mamãe.
E se o farmacêutico me indicar um remédio?
Muitas vezes farmacêuticos em farmácias homeopáticas indicam alguns medicamentos. O Conselho Federal de Farmácia, em uma decisão não multidisciplinar, decidiu na resolução 586 de 2013 que o farmacêutico homeopata pode prescrever, desde que tenha conhecimento de clinica semiologia, comunicação interpessoal.
À primeira vista considero demais arriscado, pois não existe acompanhamento clínico do uso dessa medicação. Em casos de agravamento, quem assume essa questão? Como fazer uma adequada avaliação do paciente de forma sigilosa no balcão da farmácia? Apesar dessa regulamentação, tenho visto em farmácias idôneas prescrições de medicamentos agudos, não repetindo receitas já aviadas e não trocando o que o homeopata prescreve.
Enfim, procure um homeopata com título de especialização, pois todo paciente tem o direito de saber a formação e habilitação antes de consultar um médico.