Formado em fisioterapia pela Unifor (Universidade de Fortaleza) em 1985. Participou de cursos e estágios na Europa (Podo...
iCrianças com microcefalia são caracterizadas por apresentar a cabeça e o cérebro em tamanho menor do que o normal para sua idade e, quando comparadas a outras crianças da mesma idade e do mesmo sexo, a diferença é bem nítida. A explicação está na redução do espaço para o crescimento do cérebro e de suas capacidades, pois as fontanelas (conhecidas como moleiras, popularmente) que deveriam demorar mais tempo para se fecharem após o nascimento do bebê, acabam se unindo precocemente, impedindo esse crescimento normal e necessário do cérebro dentro da caixa craniana e o perímetro da cabeça fica, então, menor do que o normal. A doença também pode ser decorrente de um crescimento insuficiente do cérebro já durante a gestação.
O diagnóstico da microcefalia é obtido, mais comumente, após o primeiro ano de vida quando é perceptível que o tamanho da cabeça da criança é bem inferior ao tamanho que deveria apresentar. Mas pode ser evidenciada também logo após o nascimento durante os primeiros exames que a criança realiza pós-parto.
Veja os principais efeitos que essa condição neurológica pode causar na criança:
- Epilepsia
- Autismo
- Déficit intelectual
- Rigidez nos músculos
- Convulsões, etc.
Com relação às causas, podem ser de ordem genética ou envolver outros fatores, como:
- Desnutrição grave durante a gestação
- Consumo de drogas, álcool e exposição a alguns produtos químicos no período gestacional
- Complicações na gravidez ou no parto que acabam reduzindo a oxigenação normal para o cérebro do bebê
- Mãe ter contraído o zika vírus durante a gestação
- Infecções, como a rubéola
- Uso de alguns medicamentos no primeiro trimestre gestacional. É o caso de remédios específicos durante o tratamento do câncer ou da hepatite, por exemplo
- HIV materno
- Meningite
- Insuficiência renal crônica, etc.
O papel da fisioterapia no tratamento da microcefalia
Crianças com microcefalia têm, normalmente, deficiências motoras e cognitivas, características que no futuro podem comprometer, significativamente, a qualidade de vida. Dessa forma, a criança diagnosticada com a doença deve receber um acompanhamento fisioterapêutico desde cedo.
Até os três anos de idade, a criança já pode evidenciar dificuldades motoras e o profissional acompanha o quadro com estímulos através de procedimentos específicos da fisioterapia. Após os quatro anos de idade, podem surgir as primeiras dificuldades cognitivas, momento em que os especialistas já iniciam o processo de reabilitação intelectual, associando o trabalho fisioterapêutico com a atuação de outros profissionais, como psicólogos e fonoaudiólogos.
O trabalho do fisioterapeuta vai depender do quadro de evolução da criança: quantas sessões por semana, a intensidade e o tipo de estímulo a ser aplicado, etc. Mas é sempre importante ressaltar que o trabalho deve ser multidisciplinar, ou seja, em conjunto com o trabalho de outros profissionais, como, por exemplo, os já mencionados. Não existe um tratamento definitivo para a doença, todo o trabalho realizado pela fisioterapia e outros profissionais tem por objetivo a redução dos impactos que a criança sofre como decorrência do acometimento pela microcefalia.
A relação da microcefalia com o Zika vírus
Recentemente, acompanhamos junto ao Ministério da Saúde quadros de crianças diagnosticadas com microcefalia como decorrência da transmissão do Zika vírus da mãe para o bebê durante a gestação, através da placenta.
A febre Zika é causada pela ação do mosquito Aedes aegypti que transmite a doença e sua relação com o desenvolvimento da microcefalia (atuação do vírus no organismo humano, período de maior vulnerabilidade da gestante, infecção do feto, etc) ainda permanece sob investigações, porém, sabe-se que o risco inicial está associado aos primeiros três meses de gestação.