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As cicatrizes costumam apresentar variadas formas, tamanhos e profundidades. Podem surgir a partir de espinhas, cirurgias ou acidentes. Isso porque quando há qualquer tipo de trauma na pele, ela precisa se curar, e então começa o processo de cicatrização - que pode acabar deixando marcas maiores ou menores, dependendo da causa e local do trauma. Quando acontece a cicatrização, cada pele e local podem ficar diferentes, alguns sendo mais bonitos esteticamente e outros até comprometendo a movimentação do local afetado.
"Também é importante entender que todas as cicatrizes têm um período de evolução. Elas necessitam de seis até 24 meses para evoluírem totalmente e podem se tornar menos perceptíveis neste período", explica José Carlos Daher, cirurgião plástico. Segundo ele, mesmo as cicatrizes hipertróficas, as em alto relevo, podem regredir neste tempo. O que não acontece se houver a formação de um queloide, por exemplo, que além de ser em alto relevo tende a coçar e aumentar de tamanho.
Da mesma forma que existem diferentes tipos de cicatrizes, também é possível encontrar diferentes tratamentos para tentar diminuir seus efeitos, começando pelo uso de cremes até cirurgias plásticas. No entanto, é importante saber que as cicatrizes não desaparecem por completo, o objetivo dos tratamentos é deixá-las o menos perceptíveis o possível. Para tanto existem diversas possibilidades, recomendados de acordo com o tipo e local da cicatriz. Por isso, "a avaliação inicial é muito importante para o profissional dizer o que ele acredita que melhor funcionará naquele caso e dar uma expectativa real de como ficará cada cicatriz", defende Joana Tebar Figueira, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
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Queloide x Cicatriz hipertrófica
O perigo de confundir a cicatriz queloidiana com a hipertrófica está nos riscos do tratamento, por isso é sempre indicado procurar um especialista. Segundo Daher, quando há uma cicatriz em alto relevo, a tendência é removê-la para que a próxima tenha mais qualidade, contudo, fazer este procedimento em um queloide pode ter resultados desastrosos. "Isso porque se ali já tinha uma cicatriz queloidiana, quando ele cortar fará uma ainda maior. Por isso os queloides são tratados de outra forma - o especialista injeta corticoide e outras drogas na cicatriz para ela 'murchar', com isso ela pode regredir completamente, ou ficar ainda um pouco larga. Ai pode ser feita a cirurgia com menos risco - uma vez que o corticoide tem uma duração de 30, 60 ou 90 dias no local injetado - mas tomando o cuidado de não fazer um corte ainda maior", explica o cirurgião.
Veja os principais tratamentos para cicatrizes:
Cremes
O uso dos cremes para o tratamento das cicatrizes estão ligados a hidratação da pele ou para objetivos específicos dentro de outro tratamento - como os que contém ácidos para o clareamento da marca. "Dependendo do tipo de cicatriz, podem ser indicados cremes à base de ácidos como o glicólico, retinoico e salicílico", diz a dermatologista Joana. Também, em alguns casos depois de uma cirurgia, segundo Daher, pode ser recomendado fazer massagens com cremes à base de corticoide. Então, o mais importante é seguir a recomendação do médico responsável pelo seu quadro.
Microagulhamento
Microagulhamento é um tipo de tratamento feito no consultório do dermatologista que costuma acarretar em alguma melhora para todos os tipos de cicatrizes. "Contudo as lesões mais superficiais e recentes têm uma resposta melhor que as mais antigas e maiores. Nele fazemos microperfurações na pele, o que faz com que na hora de cicatrizar haja uma melhora na qualidade do colágeno ali", diz Angélica Pimenta, dermatologista e tricologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Quando a cicatriz é mais recente é possível fazer esse remodelamento do colágeno com mais facilidade. No entanto, alerta Angélica, ele é contraindicado para pessoas que têm predisposição a desenvolver queloides, que apresentam vitiligo ou alguma lesão inflamada próxima ao local, pois há o risco de piora nesta cicatriz.
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Peeling mecânico
O peeling mecânico é aquele que não utiliza nenhuma substância química que provoque descamação da pele. Ele é realizado com auxílio de alguns aparelhos específicos, como laser ou nitrogênio líquido, que costumam provocar um leve lixamento na pele. ?Um exemplo é o peeling de cristal. Ele é mais indicado para aquela cicatriz um pouquinho mais elevada, porque ele faz um lixamento da pele, melhorando o seu aspecto, mas não vai ter aquele remodelamento de colágeno para as camadas mais profundas", explica Angélica.
Peeling químico
O peeling químico só funciona para as cicatrizes muito recentes, quando a pele ainda consegue ter uma ação de remodelamento do colágeno, mas a sua ação não é profunda. "De maneira geral, o peeling químico é mais usado para melhorar a coloração das cicatrizes muito escuras - que podem ser extensas ou não. Ele também pode ser usado para outras finalidades com relação ao colágeno, se for um peeling químico profundo como o peeling de fenol usado de maneira bem localizada - por exemplo, uma cicatriz de acne bem pequena ou para o rejuvenescimento facial", diz a dermatologista Angélica. O tempo mínimo de uma cicatriz para que seja possível realizar este procedimento - assim como o microagulhamento e o peeling mecânico - é 30 dias, segundo a especialista.
Tratamentos cirúrgicos
No caso de cicatrizes muito extensas ou profundas, pode ser recomendada uma consulta com o cirurgião plástico. O objetivo deste tratamento é deixar as cicatrizes mais estéticas ou melhor colocadas na região que estão, não é possível - até o momento - remover todas as cicatrizes completamente. "A possibilidade de tirar a cicatriz de uma determinada posição e deixá-la de maneira melhor colocada, com tamanho menor, e de forma que cicatrize melhor são cuidados que a cirurgia plástica tem", diz Daher. A sutura que é utilizada em praticamente todos os procedimentos é a intradermica, ou seja, feita por dentro da pele. Os fios mais comumente utilizados para fazer os pontos, nestes casos, são os absorvíveis (que não precisam ser removidos pois são absorvidos pelo organismo) ou os de nylon monofilamentado - que não é absorvível mas que pode dar menos reações inflamatórias que o outro. Os locais que normalmente cicatrizam melhor, de forma quase imperceptível, segundo Daher, são as pálpebras e a face, no geral; e as piores são as que ficam na região pré-esternal (entre as mamas) e os ombros.