Formada em psicologia pelo Centro Universitário Paulistano e em psicanálise pelo Centro de Estudos em Psicanálise.Especi...
iO terrorismo é um conflito presente no mundo e não é de hoje, assim como não acontece somente em uma região do planeta ou em uma única cultura. Sabemos que ele está por aí, em todos os cantos e tememos seus ataques surpresas. Muitas vezes, como proteção buscamos acreditar que ele não acontecerá conosco, que ele está distante e assim tentamos seguir nossas vidas, até que uma bomba explode, um avião é jogado contra prédios ou um alguém passa numa praia atirando com sua metralhadora...
E todos choramos, mesmo sem conhecer aquelas pessoas atacadas. Choramos por imaginar seus medos, sustos, dores, seus parentes desconsolados... Choramos por que elas representam e trazem à tona nossa vulnerabilidade. Choramos, porque nos enxergamos no impacto da notícia, levar um susto é sempre terrível e por um breve momento sentimos que fomos todos explodidos em conjunto.
A bomba que eles explodem tem um conteúdo psíquico tão impactante e de longo alcance que atinge até mesmo aqueles que vivem em outros países, cidades, culturas. A falta de humanidade e de consideração com as pessoas nos doem tanto que compartilhamos da angustia e dor e refletimos nossa impotência na identificação com as vítimas, é por isso que nestes momentos choramos, sentimos raivas e sofremos independente nossa nacionalidade.
Alguns me perguntam se há como não sofrer ou mesmo perguntam como lidar com isso tudo? Não possuo uma resposta e não acredito haver uma resposta certa e que dê conta do tamanho desta angustia, mas questiono logo de cara: Como não sofrer se o sofrimento está aí para todos verem? Porque negar este medo que nos rodeia e fingir que não está sendo atingido?
Quando algo dói ou nos choca, sentimos e sofremos sim. A sociedade tenta fantasiar dizeres positivistas de que não devemos dar atenção ao sofrimento, mas lamento informar que isso não faz bem a ninguém, além de ser um desgaste imenso nos impede de amadurecer. Precisamos saber que o mundo tem coisas boas e ruins, pois é do conhecimento que podemos criar possibilidades para lidar com a vida e ir adiante, talvez até mesmo de como enfrentar a maldade que tanto tememos.
Faço aqui uma ressalva importante, se você percebe seu sofrimento em torno desses assuntos com certo descontrole seja ele de tristeza, raiva, medos, e isso estiver interferindo em sua vida, causando conflitos, brigas, ganhando muita força, sugiro que busque ajuda, pois é provável que você se identifique com essas cenas ou com o fato delas reviverem alguma angustia de sua vida (do passado ou atual) e que ainda não conseguiu dar conta em seu emocional.
Mas se você apenas se vê neste momento sentido e triste, talvez com uma sensação de pertencer aquele país atingido e por isso chora, não precisa se preocupar. Diria a você, então chore, assim como milhares de outras pessoas estão fazendo, pois a situação é triste e angustiante mesmo! Choramos porque essas terríveis mortes estampam a falta de sentimento, culpa, remorso, de olhar humano. Choramos porque somos todos atacados por essa dor da vulnerabilidade e do egoísmo. Porém, além da tristeza esse choro carrega consigo algo que pode ser muito bonito: a empatia por outros seres humanos e isso não é um problema, é uma qualidade, diria até uma necessidade básica para se viver melhor no mundo e precisamos todos deste colo.
Cada vez que uma bomba dessa explode, morre um pouco mais da nossa inocente fantasia sobre a vida. Entramos de luto por nossa perda. E nessas horas ter alguém que compreende, sente e está junto na dor nos dá a chance de redescobrir em algum momento a chance de voltar a viver!
O que motiva um terrorista?
As explicações para os ataques são diversas e não acredito de fato que possamos ou queremos entender tal barbárie e um ponto importante nisso é porque esses atos e pensamentos terroristas não mostram qualquer interesse de harmonia, isto é, sem e explicar, em compreender ou ser compreendido, não há abertura para qualquer relação. Há somente a necessidade de dominar o mundo e o outro com sua ideia, de causar desordem, impacto e sensacionalismo e uma busca angustiante e fantasiosa por um sentido da vida, não do mundo como eles acham, mas deles mesmos.
Como conseguem agir assim? Matar, explodir, atacar os outros, não pensar na dor qur provocam, se matarem em conjunto? Nossa maior angustia mora nas respostas destas questões: eles não se identificam em nada com suas vítimas, nem mesmo como ser humano, logo não há culpa, não enxergam erro, há apenas a busca desenfreada por se encontrar, por ser único, por ser especial, por existir (mesmo morrendo para isso), podemos lembrar aqui dos nazistas por exemplo, são perfis psicóticos e esquizofrênicos para eles não havia assassinato, não havia sofrimento ou lamentação, havia somente um prazer muito grande em sentir-se superior e único. Sempre penso, que forte, que triste e angustiante isso, olhar para alguém e não ver um ser humano!
E assim como na época do nazismo, vemos hoje em dia que o terrorismo carrega consigo um ideal muito claro e muito além das bombas que vemos explodindo e classificamos como assassinatos gratuitos. O terrorismo possui uma ordem, dentro desta desordem que ele causa, ele na verdade se avalia (pasmem) como um ato antiterrorista e que usa do terror como resposta ao que recebe, ou seja, uma vingança. Seu ataque e sua indiferença ao outro tem o objetivo de reivindicar seu espaço no meio, isto é, mostrar a todos como ele se vê tratado, acreditam serem vítimas. Podemos dizer que sua ordem é causar desordem, por isso explodem e então geram terror. O terror é o impacto que precisam, é a garantia de que serão notados, lembrados e noticiados, o terror é um grande exibicionista e busca a mídia, para sobreviver.
O conceito do bem e do mal, não faz parte para aqueles que o praticam, pois ao que nos consta eles possuem uma formação intrapsíquica inacabada ou bem falha, logo não possuem um conceito sobre seu existir, como nós possuímos.