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Dia 23 de março de 2013. Para o músico Rafael Prista, essa data ganhou um significado diferente, um tanto amargo. Foi quando ele recebeu o diagnóstico do câncer de próstata, aos 58 anos. "Foi terrível. Quando abri o envelope do resultado da biópsia, cheguei a ter uma queda de pressão. Eu, que nunca senti nada, que nunca havia entrado em um hospital como paciente, tinha um câncer", lembra o carioca.
"Sempre fui uma pessoa muito saudável. Não costumo ficar gripado mais que dois ou três dias. Sempre fui magro, não sou sedentário, me alimento muito bem, corro três vezes por semana pelo menos 5 km e nunca senti absolutamente nada", conta ele. Tudo começou durante um exame de rotina, que apontou a alteração no resultado do PSA - Antígeno Prostático Específico, proteína indicadora do câncer de próstata. O exame foi refeito e continuou com o resultado acima do esperado. O próximo passo foi o exame de toque retal e a biópsia.
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O que fez a diferença no tratamento e na recuperação foi o diagnóstico precoce, graças aos exames e consultas regulares que Rafael realizava: "Infelizmente perdi recentemente um amigo para o câncer de próstata. Ele não fazia exames regulares. Quando descobriu, só conseguiu administrar uma sobrevida bastante sofrida. Fazer exames regulares é de fundamental importância".
Com o diagnóstico em mãos, era hora de decidir como seria o tratamento. "O médico me explicou as possibilidades e disse que, pela experiência dele, a opção com maior possibilidade de cura real seria a cirurgia. A cirurgia no estágio inicial tem uma chance de 90% de cura. Pesei todos os prós e contras e decidi operar o mais rápido possível. Me operei em 20 de abril, menos de um mês depois da descoberta", conta.
Medo e superação
"É impossível não haver alguma sequela inicial. Quando você vai para a mesa de operação, sabe que pode ser que não vença o câncer, que terá pelo menos alguma incontinência urinária e que pelo menos por algum tempo terá que esquecer que sexo existe. Tive muita sorte por ter sido assessorado por médicos muito competentes. Fui para a mesa de operação pensando que o principal era remover isso de mim. Qualquer sequela que eu viesse a ter, depois veria o que fazer", explica ele.
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A soma dos cuidados de Rafael com a saúde resultaram na ótima recuperação que ele teve."É claro que após passar por uma experiência dessas, nada é igual a antes. Fui tão abençoado, que não tive nem que fazer nenhuma terapia complementar após a cirurgia. Fiquei dentro do melhor prognóstico. Aos poucos e com o auxílio de medicamentos fui tendo melhoras e, hoje, passados três anos da cirurgia, estou recuperado. A única sequela definitiva foi a infertilidade, mas não quero mais ter filhos. Isso me deu até uma certa 'liberdade'", brinca ele, hoje com 62 anos.
"Não tenham preconceito!"
E para os homens que ainda relutam em realizar os exames de rotina, como o de toque retal, Rafael dá o recado: "Não tenham preconceito! É uma ignorância sem tamanho. O exame dura menos que cinco segundos, não dói e pode salvar a sua vida. Muitos homens não sabem, mas o câncer de próstata é um tipo de câncer que se alimenta da testosterona, produzida pelos testículos. Quando há uma metástase grave, um dos tratamentos para tentar frear o câncer é a castração, tudo por causa do medo e preconceito de fazer um exame rotineiro. Isso não é ser macho, é ser burro", conclui o músico.