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iDengue, zika, chikungunya e febre amarela foram doenças que preocuparammuito a população e as autoridades nacionais nos últimos tempos. Agora, há umnovo vírus de ampla distribuição no Brasil e em outros locais da América doSul, Central e no Caribe, que oferece uma ameaça à saúde: o oropouche.
O alerta é do professor Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, daFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo(FMRP-USP), que esteve presente na palestra sobre vírus emergentes, queaconteceu na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso daCiência (SBPC), de acordo com a Agência FAPESP.
O vírus preocupa porque já se adaptou ao meio urbano e temchegado cada vez mais próximo das grandes cidades brasileiras. Chamado de oropouche,pertence à categoria arbovírus (vírus transmitido por um mosquito, como o Zikae a febre amarela), causando febre aguda e, eventualmente, meningite einflamação do encéfalo e das meninges (meningocefalite).
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?O oropouche é um vírus que potencialmente pode emergir aqualquer momento e causar um sério problema de saúde pública no Brasil?, disseFigueiredo durante o evento. O pesquisador informou ainda que existem mais de500 mil casos de febre do oropouche registradas nas últimas décadas.
O que mais preocupa é que o vetor desse vírus é um mosquitomuito comum no Brasil, o Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruimou borrachudo. Assim, o número de casos da doença deve crescer cada vez mais,uma vez que o vírus está deixando de se restringir aos pequenos vilarejos daAmazônia e agora está se alastrando pelas grandes cidades do país.
?O oropouche é um vírus que tem um grande potencial deemergência, porque o Culicoides paraensis está distribuído por todo ocontinente americano. O vírus pode sair da região amazônica e do planaltocentral e chegar às regiões mais povoadas do Brasil?, apontou o professordurante o fórum.
Situação no Brasil
Por aqui, o vírus foi isolado em aves no Rio Grande do Sul,em um macaco sagui em Minas Gerais e foi encontrada a presença de anticorposneutralizantes (que se ligam ao vírus e sinalizam ao sistema imune que destruaaquele corpo estranho e o impeçam de completar a infecção com sucesso) emprimatas em Goiânia, de acordo com a Agência FAPESP.
?Fizemos recentemente, em parceria com o professor EuricoArruda (do Departamento de Biologia Celular da FMRP-USP) o diagnóstico de umpaciente de Ilhéus, na Bahia, com febre oropouche. Isso mostra que o vírus temcirculado pelo país?, relatou o especialista. Os pesquisadores da faculdade játinham identificado 128 casos da doença em 2002, em Manaus, e os sintomas eramtípicos de uma infecção, como febre aguda, dores nas articulações, na cabeça eatrás dos olhos.
Desse total, três deles tiveram uma infecção no sistemanervoso central. ?O vírus foi encontrado no líquor cefalorraquidiano dessespacientes?, afirma Figueiredo. Um desses três pacientes tinhaneurocisticercose, uma infecção do sistema nervoso central pela larva da têniado porco (Taenia solium), e outro também tinha Aids.