Urologista com área de atuação principal em oncologia, cirurgia laparoscópica e robótica. Profissional atuante no atendi...
iO câncer de próstata é a principal malignidade que acomete homens a partir dos 50 anos de idade. Tem seu pico de incidência entre os 65 e 70 anos. Acredita-se estar relacionado ao processo de envelhecimento natural, uma vez que estará presente em praticamente 100% dos homens com mais de 90 anos de idade.
Antes da década de 90 a maioria dos casos era diagnosticada em estágios avançados. Os sintomas mais comuns incluíam dor abdominal, dificuldade para urinar e por vezes sangramento na urina e durante a ejaculação.
A partir da década de 90, com o surgimento de um exame de sangue chamado antígeno prostático específico, conhecido também como PSA, a doença passou a ser detectada em estágios cada vez mais precoces. Com isso, os índices de mortalidade diminuíram no mundo inteiro.
Com o aumento do diagnóstico em fases muito iniciais nos dias atuais, urologistas e oncologistas do mundo inteiro se questionam qual o benefício do tratamento de câncer nessa situação, uma vez que em boa parte desses casos a doença tem um comportamento indolente e levaria mais de 20 anos para causar qualquer sintoma ou jamais evoluiria para formas mais agressivas.
No Brasil e no mundo a maioria dos casos de câncer de próstata é diagnosticada em estágios iniciais e com doença localizada. A proporção de casos de doença metastática está diretamente relacionada ao acesso aos Serviços Médicos de qualidade e ao diagnóstico precoce.
Para se ter ideia, nos Estados Unidos apenas 5% de todos os casos de câncer de próstata são descobertos no estágio de metástases. No Brasil estima-se que 30 a 35% de todos os casos novos são descobertos em estágios avançados.
Isso se deve provavelmente ao acesso limitado a Serviços Médicos em algumas áreas do país, campanha ilimitadas de rastreamento da doença, assim como questões culturais envolvidas que podem retardar a procura do homem ao urologista.
A chance de cura do câncer de próstata está diretamente ligada ao que segue:
- Idade e expectativa de vida
- Condições de saúde associadas, como: doenças cardíacas, diabetes, insuficiência renal, etc
- Estágio em que a doença foi descoberta (inicial ou com metástases)
- Condições de tratamento disponíveis e experiência da equipe médica.
Basicamente a doença pode se apresentar das seguintes formas:
- Fase pré-clínica: quando é diagnosticada apenas pela alteração dos exames de rotina no sangue e ainda não há um nódulo formado na próstata. Há evidências de que o câncer de próstata de baixa agressividade diagnosticado nessa fase não necessite de tratamento imediato
- Fase da doença localizada à próstata: onde já existe um nódulo na glândula mas não há comprometimento de órgãos ao redor
- Fase da doença localmente avançada: quando o câncer já atingiu um volume que rompeu a cápsula da próstata e infiltrou em tecidos adjacentes
- Fase da doença disseminada: conhecida como estágio de metástases. Onde já há focos de câncer de próstata em órgãos à distância, como ossos fígado pulmão e gânglios.
Câncer de próstata tem cura?
As chances de cura do câncer de próstata estão diretamente relacionadas ao estágio em que a doença foi diagnosticada. Nos estágios de doença pré-clínica, localizada ou localmente avançada, ainda existe a possibilidade de remover completamente todas as células do câncer do corpo, levando à cura da doença.
Isso pode ser conseguido através da cirurgia para remoção completa da próstata, a prostatectomia radical, ou mesmo a radioterapia. Em situações especiais, podemos usar de forma combinada tanto a cirurgia e radioterapia, assim como a utilização de bloqueadores de testosterona por 6 meses a 3 anos.
Já nos estágios em que a doença se apresenta na forma metastática, a erradicação completa de todos os focos de doença do corpo ainda não é possível nos dias atuais. Dessa forma dizemos que a doença não tem cura nesse estágio e o objetivo do tratamento é inibir o crescimento das células cancerosas o maior tempo possível.
Nessa situação a utilização de bloqueadores de testosterona, assim como em situações especiais a quimioterapia, são opções de tratamento que levam ao controle da doença por um longo período de tempo.
Nos últimos 10 anos presenciamos o surgimento de inúmeras opções de tratamento medicamentoso para o cuidado de homens em estágios avançados da doença. Os avanços no tratamento do câncer de próstata tanto localizado quanto avançado e metastático aumentaram a expectativa de vida dos homens portadores dessa doença.
O advento de novas técnicas minimamente invasivas como a cirurgia robótica assim como a melhoria tecnológica nos equipamentos de radioterapia, propiciaram uma melhor taxa de cura assim como menores índices de complicações como incontinência urinária e impotência sexual.
No cenário da doença metastática a única opção após a falha do bloqueio de testosterona era a utilização de quimioterapia. Em 2011, pesquisadores Americanos e Europeus publicaram resultados animadores com aumento da expectativa de vida com a utilização de bloqueadores hormonais de última geração administrados via oral. Essas novas drogas propiciaram o maior tempo de sobrevivência sem a necessidade de medicações analgésicas e mesmo de quimioterapia.
Neste ano, em Chicago - EUA, em um encontro de oncologistas e urologistas do mundo inteiro resultados animadores mostraram que a utilização cada vez mais precoce desses bloqueadores hormonais para homens com doença metastática aumentam a sobrevivência e retardam a necessidade de quimioterapia no futuro.
Estudos em andamento estão investigando qual o papel da associação desses novos agentes orais com a cirurgia ou a radioterapia no tratamento do câncer de próstata. Além disso os avanços recentes no entendimento das características genéticas e moleculares do câncer de próstata nos levam pelo caminho da Medicina personalizada. Em um futuro próximo, as medicações serão selecionadas em cada caso baseado no perfil genético específico em combinação com as características individuais de cada homem.
O cenário futuro no tratamento do câncer de próstata é promissor e a próxima década trará certamente novos avanços que terão Impacto direto em melhor qualidade de vida e maiores chances de cura para homens portadores de câncer de próstata