Médico especializado em angiologia e cirurgia vascular graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é...
iA filariose linfática, popularmente conhecida como elefantíase, é uma doença provocada pelos parasitas Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, transmitida pelo mosquito do gênero Culex quinquefasciatus (muriçoca, mosquito carapanã, pernilongo). É uma doença que atinge habitantes de várias partes do mundo, mais frequente em países tropicais e subtropicais. No Brasil as áreas reconhecidamente endêmicas são: grande Recife, Pernambuco, Maceió e Alagoas.
Quando alguém recebe uma picada de um mosquito que contenha esse parasita, sua larva vai para a corrente sanguínea, na qual se reproduz e dá origem a vermes adultos. Durante o dia ficam localizados no pulmão e à noite entram na circulação. Eles podem obstruir um ou mais vasos linfáticos, que são muito finos, causando uma inflamação local que, se não reconhecida e tratada, leva a um quadro de linfangite ou mesmo erisipela. Se essas inflamações não forem tratadas, podem se repetir várias vezes e levar a uma lesão definitiva do vaso linfático, resultando em um edema crônico e persistente denominado linfedema.
A manifestação aguda da elefantíse é causada por fenômenos inflamatórios, resultando em febre, dor de cabeça e dor muscular. Nos membros inferiores podemos ter calor, vermelhidão e coceira. Caso haja contaminação local com entrada de bactérias, a elefantíase pode evoluir para erisipela, quando poderão aparecer íngua na virilha e extensa vermelhidão acompanhada de febre alta e mal-estar geral. Cerca de 2/3 dos portadores não manifestam sintomas até que a doença se torne crônica, e é nessa fase que ela pode produzir lesões irreversíveis causadas por obstruções, como o edema linfático pronunciado no membro acometido.
Tratamento para Elefantíase
A droga indicada pela OMS para tratamento da filariose é a dietilcarbamazina (DEC), por sua eficaz ação contra as microfilárias (larvas pequenas) e os vermes adultos.
Outra droga utilizada é a ivermectina (IV), mas sua ação é restrita por atacar apenas as larvas microfilárias, ajudando a interromper a transmissão da doença. No entanto, essa droga ainda não mostrou ser útil na substituição da DEC, por não ter ação sobre os vermes adultos da filariose.
A cura da elefantíase, portanto, depende da sensilidade dos vermes à droga, não sendo possível antever a resposta terapêutica. Entretanto, lesões crônicas obstrutivas causadas pela manifestação da doença nos vasos linfáticos podem acarretar danos irreversíveis.
O tratamento dos sintomas nas fases de inflamação aguda consiste em analgésico, medicamento para febre (se houver) e elevação dos membros afetados. Colocar compressas geladas na região afetada também dá muito alívio. Nos casos de infecção crônica (quando há lesões irreversíveis), compreende o suporte para melhora da drenagem linfática e controle dos danos causados, como uso de meias elásticas, medicamentos linfocinéticos e realização de drenagem linfática para melhora do edema.
As sequelas da elenfatíase são decorrentes dos danos tardios causados pelos parasitas no tecido linfático, como linfedema dos membros inferiores, região genital e até dentro do abdômen. Devido às sequelas e à dificuldade de erradicação do mosquito vetor da doença, é de suma importância procurar um médico para avaliação quando houver sintomas, principalmente em áreas endêmicas.