Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP); realizou Extensão em Dentíst...
iNormalmente quem cogita a escovação natural está pensando em eliminar aditivos industriais de sua vida. Mas para fazer uma escolha consciente é necessário buscar um pouco de conhecimento. Por isso mesmo, a ideia deste artigo é analisar os prós e contras que são alardeados pela internet e fazer uma escolha baseada em fatos.
Quando falamos em escovação, diversos agentes têm sido considerados nocivos, como flúor, sulfatos e triclosan. Mas será mesmo? Vamos observar um por um:
Flúor: a grande polêmica
O flúor é um mineral encontrado facilmente na natureza. Ele pode ser sintetizado em laboratório e ser adicionado a uma série de produtos, como os cremes dentais e a água fornecida pelas companhias de saneamento público.
Sua utilização ocorre há mais de 60 anos em todo o mundo e é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Organização PanAmericana de Saúde, pelo Ministério da Saúde e também pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Sabemos que a aplicação de flúor nas águas de abastecimento público traz resultados positivos no combate à cárie. Quem tem mais de 50 anos sabe como era comum na sua geração todas as pessoas terem muitas caries. Já na geração seguinte, ficou raro encontrar adultos com cáries.
O excesso de flúor pode causar fluorose e a consequência direta são dentes com manchas brancas ou amarronzadas. Além disso, estudos de pacientes com osteoporose têm mostrado que altas doses de fluoretos podem estimular as células responsáveis pela formação do osso, mesmo nos pacientes mais idosos. O mecanismo exato ainda é desconhecido. Enquanto muitas evidências indicam significativos riscos de fraturas, outras alegam até algum tipo de benefício.
O comitê do NRC (National Research Council- Conselho Nacional de Pesquisa) concluiu que o fluoreto pode alterar sutilmente as funções da tireoide.
Os riscos de ingestão de excesso de flúor são maiores para as crianças. Por isso é preciso ensiná-las a não engolir as pastas dentárias ou usar pastas sem flúor.
O flúor está presente em alguns tipos de alimentos e bebidas. Por isso, deve se evitar o consumo excessivo, principalmente pelas crianças, de achocolatados, cereais matinais e alguns tipos de bolachas que podem corresponder até 30% da dose limite de ingestão diária de flúor.
Lauril,ou Sulfato de sódio
Provavelmente o mais comum dos detergentes, é um agente químico capaz de produzir uma grande quantidade de espuma. É encontrado nos shampoos, géis de banho, pasta de dentes, cremes de barbear e em algumas aspirinas solúveis. O laurilsulfato de sódio é um ingrediente extremamente barato, originado de fontes sintéticas ou naturais (ácidos graxos do coco ou palma).
Trata-se de uma substância muito irritativa da pele, das mucosas e dos olhos, que pode desencadear reações alérgicas. Algumas pesquisas estabelecem uma ligação entre o aparecimento de aftas em algumas pessoas, que usam pastas de dentes contendo LSS (lauril sulfato de sódio).
Discute-se sobre a possibilidade de estes compostos serem carcinogênicos, mas ainda não pode ser afirmado, devido à falta de comprovações científicas. Alguns estudos chamam a atenção para o fato do LSS estar associado a dioxinas, essas sim, consideradas agentes altamente cancerígenos.
Estas razões levaram o FDA (Food and Drug Administration, dos Estados Unidos) a encorajar os fabricantes à remoção deste contaminante da produção de cosmética, ele ainda não foi proibido por lei. Mas, já é possível encontrar no mercado, pasta de dentes sem Lauril sulfato de sódio.
Triclosan
Triclosam é uma substância sintética capaz de interferir no desenvolvimento de fungos, vírus e bactérias. Em baixas concentrações, ela impede o desenvolvimento de bactérias e em altas concentrações provoca a morte destes microrganismos.
Está presente em quase todos os produtos cosméticos que conhecemos. Alguns exemplos são sabonetes, loções, desodorantes, cremes dentais, enxaguantes bucais, xampus e desinfetantes de uso geral. Também é encontrado em pesticidas, utensílios domésticos, brinquedos, roupas de cama, meias e outros artigos têxteis.
Apesar da polêmica, a FDA (Food and Drugs Administration) aprovou o ingrediente triclosan há mais de uma década, mas proibiu o uso em sabonetes, por não mostrar eficácia.