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O movimento da Macrobiótica (hoje conhecido como Auto-Educação Vitalícia ou Micromacrobiótica Reeducação) foi fundado na década de 1930 pelo japonês George Ohsawa e trazido para o Brasil por seus discípulos Flávio Santin Zanatta e Tomio Kikuchi, que deu entrevista exclusiva ao Minha Vida.
De acordo com o fundador e seus discípulos, a Macrobiótica é mais do que uma dieta. "Não é a dieta que vai funcionar, é o indivíduo que por meio da sua mentalidade (juízo), sentimento (emoções), corpo (fisiologia e genética) vai reformulando os hábitos de vida (não só gastronômicos) através do entendimento e seguindo orientação de uma dieta única, individual e despadronizada, respondendo às suas necessidades", conta Tomio Kikuchi.
Falando principalmente da alimentação, chamada popularmente dieta macrobiótica, não é só a comida que é observada, mas também a forma como se come. Entenda mais sobre estes conceitos a seguir:
Pilares da dieta macrobiótica
A dieta macrobiótica é baseada principalmente no consumo de:
- Cereais integrais, especialmente o arroz integral cateto)
- Leguminosas
- Raízes
- Verduras
- Algas marinhas
- Sementes
- Algumas frutas.
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Ocasionalmente podem ser consumidos produtos animais, como peixe de carne branca ou aves não criadas em cativeiro.
A base da alimentação varia conforme a estação do ano e se baseia nos princípios taoistas do Yin e Yang.
- Yin - representa a força centrífuga, que se expande
- Yang - indica a força centrípeta, que se contrai.
É preciso chegar a um equilíbrio entre esses dois polos, o que depende muito, inclusive, da estação do ano: o verão, por ser mais quente e Yang, pede alimentos que se expandem. Já o inverno, que é mais frio e Yin, pede alimentos mais concentrados.
Os alimentos Yin são aqueles mais expansivos, fonte principalmente de potássio e mais ricos em água. Eles incluem:
- Aveia
- Milho
- Cevada
- Centeio
- Abóbora
- Alcachofra
- Cogumelos
- Ervilhas
- Lentilhas
- Tomate
- Berinjela
- Espinafre
- Beterraba
- Alho
- Pimenta
- Pepino
- Couve-flor
- Chás.
Já os alimentos Yang possuem mais sódio e menos água (não inclui industrializados!) e englobam:
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- Alface
- Repolho
- Grão de bico
- Trigo
- Nabo
- Cebola
- Salsa
- Agrião
- Cenoura
- Azeitonas
- Amêndoas
- Alho poró
- Rabanete
- Linguado
- Camarão
- Atum
- Sardinha
- Vinagre
- Sal marinho
- Mostarda
- Baunilha
- Açafrão
- Alecrim
- Óleos vegetais
Sabendo disso, na hora de determinar a alimentação de um indivíduo, 5 pontos são levados em conta:
- 1º Observar a condição individual, incluindo se a profissão da pessoa é mais física, intelectual ou artística
- 2º Qual a estação do ano, verão ou inverno
- 3º Se os alimentos a preparar são produtivos na região
- 4º Quantidade, que altera a qualidade
- 5° Proporção do prato: os cereais, que são os alimentos principais, devem ser consumidos em maior proporção (60 a 80%) do que as leguminosas, raízes, verduras, algas marinhas, sementes e algumas frutas (20 a 40%).
Além dos alimentos, é preciso que cada pessoa observe outros fatores como:
- Mastigação: com ao menos 60 mastigadas a cada vez que o alimento é levado à boca
- Ensalivação: quanto mais tempo o alimento fica na boca em contato com a saliva, melhor a digestão destes itens depois
- Respiração
- Movimentação do corpo: que inclusive se relaciona com o tipo de atividade profissional que você tem, incluindo alongamentos e etc.
Exemplos de mau hábitos são não mastigar direito, come em frente à TV e não pratica exercícios.
Preparação dos alimentos na dieta macrobiótica
Na hora de preparar e higienizar os alimentos dentro da dieta macrobiótica, é importante usá-lo de forma integral, só retirando as impurezas.
As cascas, por exemplo raramente são retiradas, a não ser no caso de algumas raízes.
Quanto à forma de preparar a comida, cozer e assar os alimentos é aceito, e até mesmo as frituras não são contraindicadas. ?Sempre deve-se balancear estas preparações com o nabo ralado, para neutralizar, deixando a fritura ou proteína animal ou vegetal mais palatáveis?, explica Kikuchi.
Quando aos condimentos, acredita-se que temperar demais os alimentos aumenta a sede, por isso busca-se usar o mínimo de temperos possíveis, extraindo o sabor natural do alimento.
Saiba mais: Dieta low carb: guia completo + cardápios para você emagrecer
Os temperos mais usados são:
- Sal - o mínimo necessário
- Shoyu natural
- Missô - pasta de soja
- Tahine - pasta de gergelim.
Alimentos não indicados pela macrobiótica
A macrobiótica chama de "artigos comestíveis" os alimentos menos indicados e até não recomendados. Essa categoria engloba itens que sofreram muita manipulação, como:
- Industrializados de todo tipo, principalmente que contenham aditivos químicos (chamados de veneno por quem segue esta filosofia)
- Alimentos que passam por processos de refinamento
- Açúcares, tanto o sólido quanto o "líquido" (no caso, o álcool).
Atualmente a carne vermelha e o leite e seus derivados também não são recomendados. De acordo com Kikuchi, isso se deve muito mais aos processos que esses alimentos passam nos dias de hoje, perdendo sua ?originalidade?.
Então nunca mais pode-se comer guloseimas? Não necessariamente. Para os seguidores da macrobiótica, essa é uma ?dieta do livre-arbítrio?, em que a pessoa aprende sozinha a decidir o que é melhor para ela, em que o desejo por um alimento é apenas complementar à necessidade do organismo.
Além disso, ao reeducar o paladar consumindo os alimentos com seu sabor natural, é possível descobrir outras guloseimas.
Dieta macrobiótica ajuda a emagrecer?
Por ser rica em carboidratos (mesmo que integrais), muitos profissionais de saúde acreditam que essa dieta não leva a um grande emagrecimento.
No entanto, é preciso lembrar que a remoção de alimentos industrializados e ricos em açúcar e gorduras saturadas (como os doces, carnes vermelhas e o leite e seus derivados) ajuda naturalmente a uma melhora do peso corporal.
Para Kikuchi, a dieta macrobiótica visa levar o indivíduo a estabilização do peso de acordo com sua morfologia natural. ?Não deve-se ficar magro demais, se for o caso há um problema na assimilação alimentar?, considera o especialista no tema.
Saiba mais: Veja como o que você come influencia na sua genética
Benefícios da dieta macrobiótica
Por adotar um estilo de vida mais natural, com alimentos ricos em antioxidantes, a dieta macrobiótica pode reduzir a inflamação do organismo, sendo interessante para prevenir alguns problemas como:
- Doenças cardiovasculares
- Problemas intestinais
- Alguns tipos de câncer.
Vantagens da dieta macrobiótica
As principais vantagens da dieta macrobiótica são:
- Prega um estilo de vida mais natural
- Reduz as quantidades de carboidratos simples, que são ligados a doenças metabólicas, como o diabetes
- Observação o estilo de vida como um todo, incluindo como a pessoa come, como é seu estilo de vida e etc.
Desvantagens
As principais desvantagens da dieta macrobiótica são:
- Possui uma quantidade de carboidratos muito alta em comparação a outras dietas (saiba tudo sobre os carboidratos aqui)
- Regras muito complexas, que pedem acompanhamento especializado para seguir corretamente.
Cardápio de um dia da dieta macrobiótica
A dieta macrobiótica é algo individual é personalizado, e é importante procurar um especialista nela para conseguir segui-la.
Para ter uma noção melhor de como ela se distribui, veja abaixo um cardápio de um dia desta dieta, sugerido pela nutricionista Andrea Marim:
Café da manhã | 200 ml de leite de amêndoas com 3 colheres (sopa) de cereais integrais |
Lanche da manhã | 1 porção de semente de girassol |
Almoço | Salada de folhas verdes + 1 colher (servir) de arroz integral + verduras cozidas + 2 ovos cozidos + 1 concha de soja cozida |
Lanche da tarde | 1 maçã |
Jantar | Salada de rúcula + 2 rodelas de tomate + 1 concha (pequena) de feijão + 1 porção de camarão grelhado |
Ceia | 200 ml de leite de coco |
Veja mais um dia de cardápio de dieta macrobiótica aqui.
Fonte consultadas
Tomio Kikuchi, discipulo do criador da macrobiótica e fundador do Centro Internacional de Auto-educação Vitalícia
Nutricionista Andrea Marim