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Camisa 10 da seleção brasileira, Neymar fraturou o quinto metatarso do pé direito durante uma partida de futebol e será submetido a uma cirurgia para tratar a lesão.
A operação será realizado no Brasil pelo médico da Seleção, Rodrigo Lasmar. Com a operação, Neymar espera alcançar recuperação total de seu problema físico, o que exigiria cerca de dois meses sem atuar.
Para entender melhor a lesão, entrevistamos a Dra. Alessandra Masi, especialista em Ortopedia e Traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e o Dr Ricardo Munir Nahas, médico especializado em Medicina do Esporte (SBMEE-AMB) e em Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Diagnóstico
Popularmente divulgada na mídia como uma fissura, a lesão de Neymar é tratada na traumatologia como uma fratura. "O termo "fissura" não é usado em traumatologia, os pacientes usam se referindo a uma fratura em quem as partes não saíram do lugar, ou seja, quebrou (fraturou), mas o osso ficou com o mesmo formato." ressalta o Dr. Ricardo Nahas.
A fratura é comum, frequente nas entorses e geralmente é tratada com método conservador de engessamento e imobilização do local. No caso de Neymar, todos acharam que a princípio seria um entorse simples, principalmente porque os exames iniciais não mostraram nada ligamentar. Mas devido à dor exacerbada, evidenciou-se que a torção passou pelos ligamentos e foi tracionado o osso por um tendão, levando à fratura.
"No momento exato em que ocorre a torção, a fratura acontece na base do quinto metatarso. Neste local, está inserido um tendão que é no momento da entorse acaba tracionando a parte óssea, ocasionando então uma fratura por tração. Pelo fato de não ter quebrado, o diagnóstico resulta na fratura incompleta (popularmente chamada de fissura)." explica Alessandra Masi.
Cirurgia x Tratamento conservador
A maioria das fraturas dos metatarsos são tratadas sem cirurgia. No entanto, certas situações podem exigir cirurgia. O especialista alerta que a decisão depende muito do tipo de lesão:
"Cada caso é um caso. Tudo depende da intensidade da fratura, se é completa ou incompleta e se tem ou não desvio, porque se tiver pode acontecer de não consolidar ou não grudar em caso de tratamento sem cirurgia. Se for uma fissura sem desvio, o tratamento conservador é uma boa solução. Mas se o osso se separa totalmente não vejo alternativa melhor que a cirurgia, porque você coloca tudo no lugar e dá compressão com parafusos próprios no foco do problema e induzindo uma cicatrização mais rápida, minimizando muito a chance de acontecer de novo. Porém, estamos no campo da especulação, sem acesso a exames", afirma o Dr. Ricardo Nahas.
Tempo de recuperação
O jogador brasileiro passará por cirurgia de baixa agressividade para colocação de um pino no pé. "O tempo previsto para a recuperação é de seis semanas para voltar aos treinos físicos. A partir daí, existe uma análise diária para checar quando o atleta pode voltar a treinar com bola e em seguida, voltar a jogar normalmente." diz a Dra. Alessandra Masi.
Ou seja, não existem preocupações para a Copa do Mundo, Neymar deve voltar aos gramados em maio, um mês antes da Copa - a estreia do Brasil é no dia 17 de junho.
Complicações possíveis
"É uma cirurgia simples em relação à técnica cirúrgica, mas existem os riscos de qualquer cirurgia. O Neymar vai ser submetido a um procedimento anestésico, cortes, que por si só já tem suas complicações." explica a Dra. Alessandra Masi.
Existem formas de acelerar o tratamento?
É necessário a divulgação dos resultados da ressonância magnética já realizada, para que se possa avaliar o problema em bases mais realistas, já que esses mencionados ligamentos são os responsáveis por boa parte da estabilidade do tornozelo. Porém, optar pelo tratamento cirúrgico já acelera o processo de consolidação e cicatrização da fratura.
"No caso do atleta Neymar, ao optar pelo tratamento cirúrgico, o retorno aos campos será mais rápido, haverá menor perda de musculatura, de condicionamento físico e rendimento. No geral, a perda dele vai ser menor, mesmo correndo os riscos das condições normais de qualquer cirurgia." completa Dra. Alessandra.