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Mesmo com todo o furor em torno da febre amarela e da inicial procura pela vacinação contra doença, os postos de saúde terminaram suas campanhas abaixo da meta esperada. Até o dia 16 de fevereiro São Paulo vacinou 3 milhões de pessoas, o que é 33% do estipulado para o estado.
Já em Minas Gerais, apenas uma entre as 11 cidades com casos confirmados de febre amarela cumpriu a meta de vacinação, que era imunizar ao menos 95% dos moradores.
Na Bahia e no Rio de Janeiro os números foram semelhantes, e muitos se perguntam o porquê. Não dá para afirmar com embasamento, mas é possível que as fake news sobre a vacina que têm circulado na internet - principalmente nos grupos de Whatsapp - sejam as culpadas.
Como ainda não é tarde para tomar a vacina - a maioria das cidades continua vacinando a população - o Minha Vida conversou com especialistas para entender o que é mito sobre a vacina contra febre amarela:
Mito 1: a vacina contra febre amarela pode matar
"A estimativa é que ela provoque sintomas leves (como mal-estar e dor local) em uma pessoa a cada 400 mil aplicações", explica o infectologista Celso Granato, especialista do Fleury e doutor em infectologia pela Universidade de São Paulo.
Mas por que as pessoas acreditam que tanto que ela pode ser mortal? Talvez isso esteja relacionado aos casos em que a vacina é contraindicada.
No caso, as contraindicações são:
- Pessoas acima de 60 anos
- Menores de 9 meses (na vacina integral) e com menos de dois anos de idade (na vacina fracionada)
- Gestantes
- Indivíduos que fazem uso de medicações imunossupressoras
- Pessoas que possuem doenças imunossupressora
- Alérgicos a ovo.
Isso é um pequeno percentual da população, por isso não é preciso ter medo.
Vale lembrar que o risco de não se vacinar é sempre maior: "não existem procedimentos isentos de risco, no entanto, se considerarmos que a febre amarela pode chegar à letalidade em 50% dos casos", pondera o infectologista Claudio Gonsalez, especialista do Hospital Santa Paula.
Mito 2: se a vacina contra a febre amarela fosse boa mesmo, tomaríamos mesmo sem um surto
É importante entender que a vacina contra febre amarela não fazia parte do calendário de vacinação das regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas no Norte do país ela costuma ser muito usada, por uma questão de tipo de risco. "Simplesmente em algumas regiões do país nunca houve ocorrência de febre amarela de forma relevante e que justificasse a vacinação sistêmica", justifica Granato.
Tanto que o Ministério da Saúde vai aproveitar o final do verão, em que o número de casos de febre amarela cai, para entender se a vacinação não deve se tornar obrigatória nesses locais também.
Mito 3: a vacina contra febre amarela não foi testada o suficiente
É importante pensar que a vacina contra febre amarela já é usada há mais de 70 anos e já foi aplicada em cerca de 400 milhões de pessoas no mundo todo. "A vacina dada nos países considerados desenvolvidos é exatamente igual à aplicada no Brasil", explica o especialista Celso Granato.
Quando uma vacina é aprovada, ela tem que passar por diversas etapas:
1. Primeiramente a vacina é testada em animais;
3. Por fim, um grupo maior de pessoas é exposto à vacina, até para mapeamento dos efeitos colaterais.
Mito 4: a vacina fracionada é mais fraca
Por mais que a dose que está sendo distribuída em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e outras regiões é fracionada, muitos acham que sua eficácia será menor. "Há vários estudos científicos que mostram que a vacina fracionada é tão boa quanto a vacina completa. Apenas não se tem certeza de qual seria a durabilidade dela. Sabe-se que ela é eficiente por pelo menos oito anos, mas pode ser que esse tempo seja ainda maior", contextualiza Granato.
Benefícios de tomar a vacina contra febre amarela
Além de estar se protegendo da febre amarela, que tem um potencial letal muito maior do que outras arboviroses, tomar a vacina contra febre amarela estando em local de risco protege outras pessoas.
"Nesse momento as Secretarias de Saúde estão tentando formar um cinturão de pessoas imunizadas em torno de zonas de risco, para que a doença não progrida e se transponha para áreas urbanas", descreve Gonsalez.