Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Quando se entra em uma farmácia, é fácil notar que existe diferença na venda dos medicamentos. Enquanto alguns estão ao alcance dos consumidores no auto-serviço, outros precisam ser solicitados aos farmacêuticos ou balconistas.
A comercialização de medicamentos no Brasil obedece uma lógica de riscos à saúde do consumidor: quanto maiores os efeitos adversos que um remédio pode oferecer, maior também é o controle das autoridades na sua venda. Alguns medicamentos controlados exigem, por exemplo, a retenção da receita médica no ato da compra. Enquanto outros remédios, com menos efeitos adversos, podem ser adquiridos sem prescrição médica.
Tarja preta
Medicamentos com tarja preta exercem ação sedativa ou estimulante sobre o sistema nervoso central, além de poderem apresentar efeitos colaterais importantes e reações adversas. O uso prolongado pode causar dependência. Por essas razões, esse tipo de remédio só pode ser vendido com receituário específico (receituário azul) que obrigatoriamente fica retido na farmácia.
Tarja vermelha com retenção de receita
Os riscos dos medicamentos com tarja vermelha são considerados intermediários para o paciente e destinam-se a quadros clínicos que exigem cuidado e controle. A exemplo dos medicamentos tarja preta, sempre devem ser utilizados após a prescrição médica. Alguns medicamentos com tarja vermelha podem ter a receita retida. O receituário, para esse caso, é o de cor branca. Existem medicamentos que precisam ainda que o consumidor assine um termo de conhecimento de risco e consentimento. Dois exemplos são os antidepressivos e os antibióticos.
Tarja vermelha sem retenção de receita
Para a comercialização de alguns medicamentos de tarja vermelha é necessário apresentar receita médica, que não ficará retida na farmácia. Esses remédios ainda representam um risco para o paciente e precisam ser prescritos por um médico ou dentista. Anti-inflamatórios e contraceptivos são dois exemplos dessa categoria.
Medicamentos sem tarja ou isentos de prescrição
Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) podem ser adquiridos e consumidos sem receita médica. Seu uso ideal se dá em situações corriqueiras, para tratar sintomas menores e já conhecidos pelo paciente. Via de regra, não possuem efeitos adversos significativos ou preocupantes. Caso os sintomas persistam, seu uso deve ser interrompido e uma consulta médica é imprescindível.
Para ser um medicamento isento de prescrição, é necessário seguir os critérios da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que consideram os seguintes itens:
- tempo de comercialização
- segurança do medicamento
- sintomas identificáveis
- utilização por curto período de tempo
- ser manejável pelo paciente
- apresentar baixo potencial de risco
- não apresentar risco de dependência.
Não necessitar de uma receita para a comercialização está longe de significar comprar MIPs sem critérios. Nem todos podem ser tomados da mesma maneira, por isso sempre é importante ter a orientação de um farmacêutico para saber qual levar para casa e como usá-lo de forma responsável (posologia e duração do tratamento). Se a embalagem não tiver uma bula, ela pode ser solicitada na farmácia, conforme regras da Anvisa. Respeitar as indicações de profissionais da saúde e as orientações do fabricante é uma prática responsável, baseada em educação e segurança, que evita possíveis efeitos adversos destes medicamentos.
O consumo consciente de MIPs faz parte dos pilares de autocuidados reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além do uso responsável de medicamentos isentos de prescrição, o autocuidado envolve outros seis pilares que devem fazer parte da rotina de todos nós: informar-se sobre saúde em fontes confiáveis, ter consciência das próprias condições físicas e mentais, fazer atividades físicas regularmente, ter uma alimentação saudável, evitar riscos para sua saúde e ter bons hábitos de higiene.
E os medicamentos com tarja amarela?
Além das cores já citadas, é comum ver nas farmácias remédios com tarja amarela com uma letra "G" na embalagem. Esses são os medicamentos genéricos. Em suas embalagens há apenas o nome do princípio ativo, ou seja, o componente que possibilita sua ação. São seguros e têm o mesmo efeito de remédios de marca.
O fato de serem genéricos não torna esses medicamentos especiais no que diz respeito ao controle de suas vendas. Se eles forem tarja vermelha ou tarja preta, deverão seguir os mesmos critérios de apresentação e possível retenção de receita médica expostos anteriormente. E, se forem MIPs, podem ser adquiridos sem restrição na farmácia.