Realizou residência em Clínica Médica no Hospital Heliópolis (Unidade de Gestão Assistencial 1), em 2022, e residência m...
iO lúpus é uma doença caracterizada por inflamação dos diversos tecidos do corpo, principalmente: pele, olho, pulmão, rim, articulação, coração e sistema nervoso central. Sua causa ainda é desconhecida mas há diversas teorias que apontam para uma origem infecciosa bacteriana ou viral prévia e até por distúrbios emocionais graves.
Os sintomas iniciais se confundem muito com o de uma infecção viral comum, como: febre, mal-estar, fadiga, dor no corpo, perda de apetite e indisposição. Esses sintomas simulam os de uma gripe ou resfriado comum e, geralmente, retardam o diagnóstico do lúpus.
Esse quadro inicial complexo aparece porque o lúpus provoca uma resposta de alta intensidade inflamatória das nossas células de defesa. Essa resposta se manifesta com inflamações exacerbadas e recorrentes dos diversos tecidos e é decorrente da produção de várias substâncias "tóxicas" que que levam a lesão e destruição tecidual grave.
Saiba mais: Lúpus: saiba como a doença autoimune se manifesta
Os sintomas iniciais inespecíficos de febre recorrente, mal-estar, dores nas juntas e cansaço que aparecem e desaparecem subitamente, levam o paciente a procurar o médico para uma melhor investigação do seu quadro. Contudo, é possível diagnosticar o lúpus com outros sinais muito comuns, como:
Queda de cabelo
A queda de cabelo também é um sintoma comum e pode aparecer logo no início do quadro. É um sinal de que a doença está em atividade.
Saiba mais: Lúpus: o que é, diagnóstico, sintomas e se tem cura
Dor nas articulações
A dor articular é outro sinal do lúpus e ocorre principalmente nas grandes articulações: ombros, joelhos, tornozelos e quadril. O lúpus geralmente inflama as articulações mas não as deforma, como ocorre na artrite reumatóide. Desta forma, não leva a atrofia, porém essa inflamação deve ser bem controlada devido a dor de alta intensidade e a dificuldade de mobilizar a articulação acometida.
Fraqueza
A fraqueza é outro sintoma comum no quadro clínico inicial. Esse sintoma é mais comum no lúpus não tratado porque se trata de uma doença com alto poder inflamatório. As substâncias ?tóxicas? liberadas por nossas células de defesa se espalham pela corrente sanguínea levando a sintomas de fraqueza intensa. Podem atingir as células musculares do braços e pernas levando a fadiga crônica.
Alteração no humor
Outro sintoma inicial muito comum é a alteração de humor dos pacientes. Por se tratar de doença arrastada e de difícil diagnóstico, o paciente muitas vezes se vê cansado de ir e voltar dos prontos socorros sem um diagnóstico preciso.
Ocorre uma frustração e tristeza pela incerteza da sua doença e o humor passa a ser deprimido. Quanto mais tempo se leva para um diagnóstico preciso, pior o paciente se sente do ponto de vista psicológico. Esse fator desencadeia mais inflamação pois as doenças do sistema imunológico estão muito vinculadas ao sistema emocional.
Falta de apetite
A falta de apetite pode aparecer nos sintomas iniciais da doença e ocorre devido a resposta inflamatória grave do nosso sistema de defesa. A circulação pelo corpo das "toxinas" fazem com que nosso apetite diminua. É como se estivéssemos vivendo em um estado "gripal" crônico.
Convivendo com o lúpus
Para se obter um bom controle do lúpus é preciso que as emoções estejam equilibradas. O enfrentamento da doença pelo paciente e familiares próximos é um pilar importante no tratamento e prognóstico dessa doença.
A pele é o órgão que inflama com facilidade nos pacientes com lúpus. As manifestações cutâneas são diversas que vão desde um "rash"malar até feridas espalhadas pelo couro cabeludo e face. O "rash" é como se o paciente tivesse passado um "blush" sobre as bochechas e o nariz. As feridas são de bordas rasas, bem delimitadas, ulceradas, não-confluentes e deixam cicatrizes permanentes.
A vermelhidão nas áreas expostas ao sol é outra manifestação muito comum. Orientar o uso do protetor solar e recomendar que o paciente se proteja dos raios UV deve ser sempre lembrado. O sol é considerado um dos agentes ambientais que ativam o lúpus.
Além dos sintomas iniciais há também as manifestações nos órgãos nobres, como coração, cérebro e rim:
- No coração pode ocorrer a pericardite, inflamação da ?capa? que reveste o coração
- No cérebro ocorre a inflamação das meninges e pode levar a convulsão
- Nos rins ocorre a inflamação dos glomérulos levando a nefrite e em alguns casos pode levar a paralisia total dos rins e o paciente evolui para diálise de urgência.
O lúpus é uma doença grave com manifestações iniciais que não são específicas da doença. É importante que o médico esteja atento para os sintomas recorrentes, que não melhoram com uso de medicamentos comuns. A idade do paciente assim como o tempo de início do sintomas são considerados fatores importantes na evolução do quadro.
Quando o lúpus já começa com uma manifestação de órgão nobre como rim ou cérebro a doença deve ser seguida com muita atenção. Há lúpus que não atingem órgãos importantes e somente se manifestam na pele e nas articulações, são considerados de melhor evolução e necessitam de medicamentos mais leves.
Assim que o diagnóstico for feito deve ser iniciado o tratamento adequado de acordo com a manifestação da doença. Não há como saber quem vai desenvolver o lúpus mais grave e o mais leve. Isso dependerá da resposta imunológica de cada indivíduo.
O médico deve sempre avaliar o grau de enfrentamento da doença pelo paciente. Por se tratar de uma doença rara, grave, complexa e arrastada o paciente deve estar muito bem esclarecido e saber como enfrentar sua doença diante das diversas manifestações possíveis. Manter seu físico e sistema emocional equilibrados são essenciais para o controle do lúpus. A terapia multidisciplinar que envolve fisioterapeuta, psicólogo, acupunturista, educador físico, terapeuta ocupacional e nutricionista se faz necessária para um melhor seguimento desses pacientes.
O lúpus não é uma doença que pode ser curada e sim controlada com medicamentos, atividade física regular e boa alimentação. O bom manuseio da doença permite que a paciente possa exercer suas funções de vida diária normalmente. A paciente pode engravidar e trabalhar assim como qualquer outra pessoa com alguma doença crônica. A preservação pela qualidade de vida nesses pacientes deve ser o alvo principal do tratamento.