Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da da Fundação Universitária do ABC. Possui Residência Médica (1982); Re...
iAs doenças cardiovasculares (DCV) doença coronária e o acidente vascular cerebral são os principais problemas de saúde pública em todos os países do mundo. Nos países desenvolvidos, as DCV contribuem em aproximadamente metade dos óbitos, apesar do declínio na mortalidade observada nas últimas três décadas. Nos países em desenvolvimento, uma verdadeira epidemia de doença coronária (DC) e de acidente vascular cerebral (AVC), vem se associando ao presente impacto das doenças infecciosas, prevendo-se que pelo ano 2020, as DCV devem ser as mais prevalentes.
A mortalidade por AVC é praticamente entre homens e mulheres, embora estas por uma expectativa de vida maior venha a ter uma prevalência na terceira idade. Em conseqüência de tais fatos, em alguns países o número de mortes por DCV em mulheres é similar à dos homens. A mortalidade por DCV em mulheres é apenas um indicador de impacto em suas vidas. A incapacidade de retorno ao trabalho, gerando ansiedade, depressão, além de um receio de que um novo episódio de infarto do miocárdio (IM) ou derrame cerebral, possa vir a tornar impossível um retorno às tarefas habituais e a conseqüente
queda na qualidade de vida. Aliás, os países de todo o mundo, vem pagando um preço elevado pelo crescimento destes problemas de saúde, seja na assistência médica, ou na perda da produtividade , elevando os custos na assistência médica e previdência, além daqueles relacionados com os fatores sociais.
A alta prevalência dos fatores de risco (FR) entre os jovens e pessoas de media idade, combinados com o envelhecimento populacional, sinaliza para o estabelecimento de medidas efetivas de prevenção e controle das DCV, como uma questão prioritária em saúde pública.
As doenças cardiovasculares são diferentes entre homens e mulheres
A DC afeta as mulheres aproxidamente 10 anos após os homens, possivelmente pelo efeito protetor dos hormônios estrogenicos, antes do ínicio da menopausa. A mortalidade por AVC é maior entre as mulheres, particularmente na terceira idade. Por outro lado, as mulheres, de um modo geral, apresentam uma possibilidade maior de vir a falecer após um episódio de infarto do miocárdio e as sobreviventes tem uma tendência maior a um reinfarto, desenvolver insuficiência cardíaca ou morte súbita. Os fatores de risco (FR) podem afetar as mulheres diferentemente do que nos homens. Por exemplo, a diabetes apresenta um risco maior de DC e AVC no sexo feminino, em relação ao sexo masculino. Níveis elevados de triglicérides são um FR independente e que pode prever as DCV nas mulheres, com mais probabilidade do que o próprio LDL colesterol, também chamado de colesterol mau.
Alguns FR adicionais são próprios das mulheres, como o uso dos anticoncepcionais, particularmente para os casos de AVC, a diabetes da gestação, hipertensão arterial, disfunção tireoidiana, entre outros. A fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca, quando presente é um importante risco para o AVC, especialmente em mulheres idosas. Ainda que no passado, o tabagismo fosse um risco menor para as mulheres, o risco hoje é similar à dos homens nos países desenvolvidos. E, eventualmente, maior entre as mulheres jovens nos paises em desenvolvimento, em conseqüência do progresso de urbanização e globalização, além de maior publicidade dirigida aos jovens pela indústria, como se verifica hoje na Índia, na China e no Brasil. Com relação ao diagnóstico, existe também uma dificuldade em se identificar uma dor cardíaca não coronária, mas freqüentes entre as mulheres, daquela que indica a presença da dor coronária, representada pela angina do peito.
As mulheres têm artérias coronárias menores e mais estreitas, que são mais vaso reativas do que nos homens - fatores que influenciam o impacto da medicação vasodilatadora. Outras controvérsias é o uso da reposição hormonal com estrógenos, após a menopausa. Os homens apresentam menor incidência de AVC que as mulheres e aquelas que sobrevivem aos episódios agudos, tem uma tendência em viver sós, devido à sua maior expectativa de vida, implicando na necessidade de ações sociais e programas de apoio.
Sumário
As doenças cardiovasculares infarto do miocárdio e derrame cerebral se constituem num importante problema de saúde pública em todos os países do mundo. Esta situação irá perdurar no futuro pelo envelhecimento populacional e a alta prevalência de fatores de risco entre as pessoas jovens e de média idade. Este problema vai adquirir maior importância nos paises em desenvolvimento até 2020, superando o impacto das doenças infecciosas. Diferenças existem entre mulheres e homens, relacionadas aos fatores de risco, síntomas, resposta de tratamento e as implicações sociais. Por outro lado, a prevenção e controle das doenças cardiovasculares, devem ser adaptados às mulheres e refletem a realidade do contexto social nas suas vidas.