Joji Ueno é ginecologista-obstetra. Dirige a Clínica Gera e o Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de...
iO processo de diagnóstico da infertilidade do casal, os tratamentos e técnicas de reprodução assistida, quando requeridas, costumam ser longos e, não raras vezes, interferem no próprio relacionamento do casal, que precisa estar unido no objetivo de formar uma nova família. Em alguns casos, durante o processo de luta contra a infertilidade , alguns casais são assolados por um alto nível de estresse. Reconhecer quando isto acontece é necessário, pois tão importante quanto o tratamento das causas físicas da infertilidade é importante que o estresse mental seja afastado para que a gravidez possa acontecer.
São muitos os sinais de que o relacionamento do casal possa estar desgastado devido ao tratamento. É preciso ficar atento a eles, para saber a hora de dar uma parada no tratamento, procurar ajuda psicoterápica ou simplesmente, conversar tranqüilamente com o cônjuge.
Dentre estes sinais de alerta, destacamos a perda de interesse em tudo que não seja relacionado ao tratamento para a infertilidade; a falta de tempo dedicado ao casal (os dias giram em torno do
tratamento); incapacidade de dizer não ao médico e ao parceiro; dificuldade de concentração (só se consegue pensar em ficar grávida); ausência de sono; falta de senso de humor (sem o bebê não há lugar para alegria na vida); choro sem razões aparentes; desprazer e incômodo na companhia de amigos e parentes por medo de ter que falar sobre o tratamento; freqüente falta de paciência e muitas demonstrações de irritação; troca de acusações mútuas entre o casal. Além de uma compreensível falta de emoção e prazer em relação ao ato sexual.
Dê um tempo
O estresse é realmente um dos fatores que age contra a fertilidade, provocando desgaste, ansiedade e problemas de relacionamento entre o casal. Na mulher, o estresse altera a produção de vários hormônios importantes para a reprodução. Pode descontrolar, por exemplo, a produção de prolactina responsável pela amamentação. Quando em níveis muito elevados, o hormônio altera a ovulação. O estresse também pode aumentar os níveis de cortisol no sangue, alterando os hormônios responsáveis pelo ciclo ovulatório da mulher, dificultando a gravidez.
O homem também é afetado pelos efeitos negativos do estresse. A ansiedade e o nervosismo, em geral, baixam a libido e podem afetar a produção de espermatozóides. Com todos esses fatores associados, além da tensão no relacionamento com o parceiro, fica mais difícil a gravidez acontecer naturalmente.
Joji Ueno é ginecologista e especialista em reprodução humana