Com mais de 40 anos de experiência, Dr. Paulo Chaccur é formado pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. I...
iSabe quando o corpo dá um sinal de que algo não anda bem? De maneira geral, nós percebemos o alerta enviado, mas nem sempre damos a devida atenção. Quando nos referimos aos jovens, então, essa situação pode ser ainda mais negligenciada.
Ainda mais quando falamos na saúde do coração! Sabemos que algumas doenças são mais frequentes em pessoas com mais idade, depois da quinta ou sexta década de vida, mas nem por isso os jovens estão livres de descobrir um problema cardíaco. Vemos casos na mídia de atletas, esportistas, celebridades que antes mesmo dos 30 anos apresentaram alguma disfunção no coração.
Sopros, arritmias cardíacas, palpitação, insuficiência cardíaca, cardiopatias congênitas ou não... De modo geral as doenças, quando não detectadas já na fase neonatal, apresentam sintomas no decorrer da vida.
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1. Problemas ao fazer exercícios
A limitação física, por exemplo, deve servir como um primeiro alerta. Uma pessoa com 20 anos que não consegue acompanhar os amigos em atividades diárias, na prática de esportes, deve ficar atenta. Muitas vezes isso não é um simples sinal de falta de preparo, treino ou falta de costume à intensidade do exercício.
As alterações cardiológicas de um modo geral, quando há uma disfunção relacionada ao coração, podem refletir nessa limitação do ponto de vista físico em três níveis de gravidade: leve, moderada ou acentuada.
A limitação mais leve é aquela em que o indivíduo tem dificuldade para subir lances de escada ou uma ladeira íngreme. A moderada é percebida nas atividades corriqueiras e a acentuada se caracteriza quando a pessoa tem dificuldade, por exemplo, para tomar banho.
Essa limitação física, ou seja, o cansaço por movimentos leves, moderados ou acentuados, caracterizada por uma falta de ar, ocorre porque, dentro da dinâmica corporal, o coração e o pulmão estão interligados. A repercussão do problema no coração atinge, portanto, o pulmão.
Às vezes isso acontece de forma temporária, em outras é permanente, com o agravamento do caso. Isso já caracteriza a intensidade da disfunção. Podem ser sinais de um problema nas válvulas do coração ou uma disfunção do músculo do coração, chamada de miocardite, que são mais frequentes em jovens.
2. Passar mal sem motivo
Tonturas e até desmaios sem uma razão específica (como má alimentação, calor excessivo e queda de pressão), também devem ser considerados alertas.
Situações assim precisam ser analisadas do ponto de vista cardiológico, para verificar se existe algum problema relacionado a alterações nas válvulas do coração ou ao ritmo dos batimentos cardíacos, principalmente uma redução abrupta dos batimentos do coração. Essa diminuição gera uma diminuição no fluxo cerebral, baixa o nível de oxigenação do cérebro e o indivíduo tem essa sensação de desfalecimento.
3. Coração mais rápido de repente
Outra situação que merece bastante atenção é o inverso: a aceleração nos batimentos cardíacos. Desde uma simples alteração, considerada uma extrassístole, até uma arritmia às vezes de forma muito intensa, passando dos 200 batimentos por minuto.
Em 2018 o ator Rômulo Estrela, revelou ter passado por duas cirurgias cardíacas por causa de uma fibrilação atrial, descoberta quando ele tinha 24 anos.
A fibrilação é um tipo de arritmia que altera o ritmo cardíaco, ou seja, faz o coração bater de forma descompassada e irregular. Ocorre quando as câmaras superiores do coração, os átrios, não se contraem em um ritmo sincronizado, e "fibrilam". Assim, o sangue não é bombeado de forma eficiente para o resto do corpo. Em casos mais graves, a fibrilação atrial pode ter como consequência um AVC (Acidente Vascular Cerebral, conhecido popularmente como derrame).
Geralmente, quando ocorre esse tipo de arritmia, a pessoa percebe que o coração começou a bater de forma descompassada e algumas vezes muito acelerada. A fibrilação pode ainda ter outros sintomas, como desconforto, cansaço, fraqueza, tontura, mas como no caso do ator, existe a chance de uma pessoa passar a vida toda e não notar que tem fibrilação atrial.
Saúde não tem idade
Por isso, digo: cuidar da saúde não tem idade! Se você tem 20, 30 anos, e nunca notou nenhum sintoma, mantenha seu check-up sempre em dia. Não deixe para procurar um médico apenas quando sentir algo muito errado. Algumas doenças são descobertas sem querer, mas em fase inicial, o que aumenta a chance de tratamento e de recuperação mais rápida.
Vale reforçar ainda que o jovem que tem a intenção de fazer uma atividade física intensa ou um esporte regular, como profissão, por exemplo, futebol, vôlei, basquete, precisa ser muito bem avaliado do ponto de vista cardiológico, fazer exames específicos e até um levantamento em relação aos antecedentes familiares, principalmente os pais, no sentido de descartar um problema hereditário congênito. São casos de pessoas que não apresentam sintomas evidentes, limitações físicas, mas precisam dessa avaliação para evitar qualquer tipo de risco.