Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iA dieta FODMAP tem sido muito discutida ultimamente por ajudar no tratamento de diversos sintomas do trato digestório. FODMAP é um acrônimo em inglês para "Fermentable Oligo-, Di-, Mono-saccharides and Polyols" que pode ser traduzida como oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis.
Esse alimentos são carboidratos mal absorvidos pelo corpo e que podem ser fermentados pelas bactérias presente em nosso intestino. O resultado desta fermentação é a produção de um grande volume de gases, além de aumentar o volume de líquido dentro das alças intestinais, bem como estimular sua motilidade. Como consequência, em pessoas suscetíveis, temos a ocorrência de sintomas como distensão abdominal, flatulência, diarreia e dor.
É necessário ressaltar que esses alimentos não causam mal em toda população, mas em certos grupos específicos como aqueles que apresentam síndrome do intestino irritável, distensão abdominal ou flatulência. Entre os pacientes com síndrome do intestino irritável, nem todos irão apresentar remissão dos sintomas com o uso de uma dieta com baixo teor de FODMAPs.
Atualmente estão em andamento estudos que buscam entender quais seriam os preditores de resposta à dieta, principalmente relacionados ao tipo de microbiota intestinal. É importante ressaltar que se uma pessoa não tem intolerância aos FODMAPs, não há motivo para eliminar esses alimentos da dieta, principalmente pelo fato de alguns deles serem muito saudáveis.
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Como toda dieta que restringe certos tipos de alimentos, o paciente deve ser acompanhado por nutrólogo ou nutricionista já que a os FODMAPs tem alguns efeitos positivos no organismo como o aumento do bolo fecal, modulação da imunidade da mucosa do intestino, regulação da microbiota intestinal.
Sua eliminação pode contribuir para constipação, pois dessa forma é reduzido a ingestação de fibras e em alguns casos pode resultar na deficiência de vitamina D, cálcio, ferro, zinco, ácido fólico e vitaminas do complexo B.
Entretanto, uma dieta com baixo teor de FODMAPs é capaz de aumentar o pH da fezes e levar a uma maior diversidade na flora bacteriana intestinal, apesar de reduzir a quantidade total de microrganismos intestinais.
Após algumas semanas de dieta, deve ser avaliada a reintrodução gradual de alimentos com frutanos e galacto-oligossacarídeos como legumes e castanhas pela função probiótica destes alimentos. Aos poucos, com esse retorno escalonado dos grupos alimentares é possível identificar quais alimentos estariam implicados na geração dos sintomas.
Alimentos que contém FODMAPs
No site da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) existe uma tabela classificando alguns alimentos de acordo com seu teor de FODMAPs. Confira mais abaixo:
- Alimentos ricos em FODMAPs: leite e alguns de seus derivados como iogurte e certos queijos, água de coco, chá de camomila, soja, trigo, feijão, alho, cebola, algumas frutas (maçã, damasco, abacate, amora, cereja, figo, lichia, manga, nectarina, pera, caqui, ameixa, melancia) e alguns vegetais (aspargo, alcachofra, beterraba, couve-flor, chicória, milho, alho, cebolinha, cogumelo, quiabo, cebola, ervilha, ervilha)
- Alimentos com baixo teor de FODMAPs: banana, mirtilo, uva, melão, kiwi, limão, laranja, maracujá, abacaxi, framboesa, carambola, morango. broto de feijão, pimentão, cenoura, pimenta, pepino, berinjela, endívia, erva-doce, feijão verde, couve, alho-poró, alface, azeitona, tomate, cebolinha, espinafre, abobrinha, acelga, nabo, abobrinha, pão de milho, pão sem glúten, farinha sem glúten, massa sem glúten, quinoa, arroz, tapioca, tofu, manteiga, leite de coco, leite sem lactose, nozes, semente de chia, amendoim, manteiga de amendoim, nozes, manjericão, folhas de louro, coentro, gengibre, hortelã, semente de mostarda, orégano, páprica, salsa, pimenta, alecrim, sal, tomilho e açafrão.
Referências
(1) Catassi, G.; Lionetti, E.; Gatti, S.; Catassi, C. The Low FODMAP Diet: Many Question Marks for a Catchy Acronym. Nutrients 2017, 9, 292.
(2) Barrett, J. S. (2017) How to institute the low-FODMAP diet. Journal of Gastroenterology and Hepatology, 32: 8-10. doi: 10.1111/jgh.13686.
(3) Zahedi, M. J., Behrouz, V., and Azimi, M. (2018) Low fermentable oligo-di-mono-saccharides and polyols diet versus general dietary advice in patients with diarrhea-predominant irritable bowel syndrome: A randomized controlled trial. Journal of Gastroenterology and Hepatology, 33: 1192-1199. doi:10.1111/jgh.14051.
(4) Low fermentable, oligo-, di-, mono-saccharides and polyol diet in the treatment of irritable bowel syndrome: A systematic review and meta-analysis. Schumann, Dania et al. Nutrition , Volume 45 , 24 - 31
(5) Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Disponível em: http://www.fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/5
(6) Sleisenger and Fordtran?s Gastrointestinal and Liver Disease- 2 Volume Set: Pathophysiology, Diagnosis, Management, 10e. FELDMAN, Mark, FRIEDMAN, Lawrence S. and BRANDT, Lawrence J.