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iO que é a biópsia de próstata?
Biópsia é um termo médico que indica a necessidade de remover um pequeno fragmento de tecido, de qualquer parte do corpo, para uma avaliação em laboratório das alterações das células. É usada tanto para diagnosticar doenças benignas quanto malignas.
A biópsia da próstata remove no mínimo 12 fragmentos representativos de toda a superfície do órgão. O procedimento é considerado de pequeno porte, podendo ser feito em hospitais ou clínicas e, é comumente feito com anestesia local e sedação.
Não há necessidade de ficar internado no hospital mas é fundamental manter um repouso relativo, por até 36 horas após a biópsia.
Os fragmentos de tecido são removidos através de agulhas especiais, com um pequeno compartimento em sua ponta, o que evita o contato do tecido coletado com as células no trajeto da agulha. (1)
A biópsia ainda é o único meio de se confirmar o diagnóstico de câncer de próstata.
Em quais situações a biópsia de próstata é necessária?
A partir dos 50 anos de idade, todos os homens devem iniciar o rastreamento do câncer de próstata. O urologista faz uma avaliação médica completa, com o exame de toque retal e dosagem o PSA no sangue.
Caso identifique um aumento confirmado do PSA acima de 4ng/dl ou detecte algum nódulo durante o toque retal, uma biópsia é solicitada. (2)
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Em situações especiais, a biópsia pode ser solicitada mesmo em homens com níveis de PSA abaixo de 4ng/dl.
Exames auxiliares, como ultrassonografia ou ressonância magnética podem ser solicitados, caso seja necessário obter informações mais detalhadas sobre a anatomia da próstata para um planejamento mais preciso antes da biópsia.
Quais os possíveis resultados em uma biópsia de próstata?
O principal resultado em biópsias de próstata é a hiperplasia benigna da glândula. Que nada mais é do que um aumento natural na quantidade de células, o que leva a um aumento global do volume da próstata.
Em média, o câncer de próstata é identificado em 3 a cada 10 biópsias realizadas. A incidência da doença pode variar de país para país e até mesmo entre raças (negros tem até 2x mais chances que os brancos de desenvolver a doença). (3)
Outras alterações comumente encontradas em uma biópsia são: a- atrofia das células; b- prostatite; e c- glândulas atípicas.
Cada diagnóstico leva o urologista a um protocolo específico de acompanhamento.
Como é feita uma biópsia da próstata?
A biópsia da próstata é considerada um procedimento de pequeno porte. Na maioria das vezes é feita em clínicas especializadas ou hospitais. O urologista e o radiologista intervencionista são os médicos capacitados para o procedimento.
Um equipamento de ultrassonografia em formato de caneta é posicionado no reto, através do ânus, para gerar imagens em tempo real de sua próstata.
O aparelho possui um canal para a passagem de uma agulha especial, com um pequeno compartimento em sua ponta, capaz de remover fragmentos de tecido de ate 15mm de comprimento. A agulha coleta amostras de no mínimo 12 áreas diferentes da próstata. Não há risco de contaminação de áreas normais pelas células do câncer. (4)
Cada fragmento é enviado em separado para a analise do tecido em um laboratório com microscópio. O resultado final costuma ficar pronto após 7 a 10 dias da biópsia.
O procedimento é feito sob anestesia local (aplicada ao redor da próstata) e medicações sedativas leves.
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Não há necessidade de internação hospitalar e você será liberado para casa de 3 a 4 horas após biópsia.
É recomendado ingerir água ou sucos em grande quantidade, manter o repouso por até 36 horas e evitar dirigir neste período. Pequeno sangramento na urina e no esperma podem ocorrer por até 3 semanas após a biópsia.
Febre, calafrios e mal estar geral são sinais de alerta e um médico deve ser consultado.
Riscos da biópsia de próstata
A biópsia de próstata é um procedimento seguro e com taxas muito baixas de complicações.
Um em cada 1000 homens submetidos à biópsia podem apresentar um quadro grave de infecção urinária, conhecido como prostatite e sepse. Neste caso, a internação hospitalar e o uso de antibióticos injetáveis são necessários para a resolução completa do quadro. (5)
De rotina, usamos antibióticos antes e depois da biópsia, para evitar complicações infecciosas.
Qual o preparo antes da biópsia de próstata?
Na noite da véspera do procedimento, você será orientado a iniciar um preparo intestinal com laxantes. Além disso, 2 horas antes da biópsia você receberá uma dose de antibióticos via oral. É necessário iniciar o jejum 8 h antes da biópsia.
Alguns médicos orientam manter o uso de antibióticos por até 7 dias após a biópsia. Não esqueça de levar todos os seus exames relacionados à biópsia no dia do procedimento. Um acompanhante é recomendável para ajuda-lo no retorno para casa após.
Dúvidas comuns
Existe o risco de impotência sexual após a biópsia?
Embora na literatura médica existam relatos muito raros de impotência sexual após a biópsia, este não é um efeito colateral observado na prática.Dessa forma, consideramos que a biópsia de próstata não é responsável pelo surgimento da impotência.Fato relevante é o fato relevante da influencia de fatores psicológicos e ansiedade que naturalmente acomete alguns homens que passarão pelo procedimento, assim como o medo de ser diagnosticado com o câncer de próstata.Em conjunto, esses fatores podem contribuir para a piora transitória do desempenho sexual após a biópsia.
Existe o risco do câncer disseminar para outros órgãos após a biópsia?
Não. Estudos de acompanhamento a longo prazo de homens submetidos à biópsia de próstata indicam que não há um aumento na incidência de câncer com metástases após múltiplas biópsias. (6)Além disso, melhoramentos técnicos, como agulhas com compartimento especial na ponta, evitam o contato do tecido suspeito com as células no trajeto da agulha.
Referências
1. Tourinho-Barbosa RR, Pompeo ACL, Glina S. Prostate cancer in Brazil and Latin America: epidemiology and screening. Int Braz J Urol Off J Braz Soc Urol. 2016;42(6):1081-90.
2. Center MM, Jemal A, Lortet-Tieulent J, Ward E, Ferlay J, Brawley O, et al. International Variation in Prostate Cancer Incidence and Mortality Rates. Eur Urol. junho de 2012;61(6):1079-92.
3. Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer statistics, 2018: Cancer Statistics, 2018. CA Cancer J Clin. janeiro de 2018;68(1):7-30.
4. Kasivisvanathan V, Rannikko AS, Borghi M, Panebianco V, Mynderse LA, Vaarala MH, et al. MRI-Targeted or Standard Biopsy for Prostate-Cancer Diagnosis. N Engl J Med. 10 de maio de 2018;378(19):1767-77.
5. Ahmed HU, El-Shater Bosaily A, Brown LC, Gabe R, Kaplan R, Parmar MK, et al. Diagnostic accuracy of multi-parametric MRI and TRUS biopsy in prostate cancer (PROMIS): a paired validating confirmatory study. The Lancet. fevereiro de 2017;389(10071):815-22.
6. Sartor O, de Bono JS. Metastatic Prostate Cancer. Longo DL, organizador. N Engl J Med. 15 de fevereiro de 2018;378(7):645-57.