Médico oftalmologista autor e editor de 15 livros sobre catarata, cirurgia refrativa e administração em oftalmologia.&nb...
iÉ comum ouvirmos algumas pessoas reclamarem que dirigir à noite é mais complicado do que durante o dia. Muitas chegam a afirmar que só dirigem à noite por necessidade. Ofuscamento, ardência, visão turva, parece que tem uma nuvem na minha frente"... são algumas das queixas. Freqüentemente, atendemos pacientes que reclamam sobre o ato de dirigir à noite, mesmo os que não têm nenhum vício de refração, como miopia e astigmatismo. O ofuscamento causado pelos faróis dos outros veículos e a incapacidade de enxergar a certa distância são as principais causas das queixas.
Cones e bastonetes são as principais células da visão. Os cones, no centro da retina, garantem a nitidez de imagens e cores. Já os bastonetes, na periferia dos olhos, proporcionam imagens com ângulos mais abrangentes,embora pouco detalhadas. Os bastonetes, usados quando há pouca luz, são responsáveis pelo campo de visão, fundamental para dirigir à noite. O desconforto de muitas pessoas com a direção noturna pode ser explicado pela falta dos detalhes nas imagens. Isso porque os cones funcionam bem apenas com iluminação. Em casos mais sérios, a pessoa pode ter retinose pigmentária,
doença que proporciona um campo visual mais tubular. O problema é hereditário e tem como sintoma a cegueira noturna.
Nos Estados Unidos, cerca de 100 mil pessoas têm cegueira noturna, mas no Brasil não há estatísticas para compararmos os dados. O que se sabe é que pessoas de pele mais clara sofrem mais com o ofuscamento por ter menos pigmentos na íris. Quando a luz bate, reflete dentro dos olhos, funcionando como uma caixa espelhada.
Causas múltiplas
Motoristas com fotofobia também sofrem com o ofuscamento. Eles são muito mais sensíveis à luz e os faróis atrapalham demais. Para evitar o incômodo do ofuscamento, aconselho o uso de óculos especiais. Há lentes com mais filtros e que contrastam mais à noite, acentuando as imagens e separando melhor os estímulos luminosos. As lentes ideais são as de cores amarela e âmbar.
Além da perda dos detalhes das imagens, à noite a percepção de profundidade de campo também é menor. O motorista deve tomar muito cuidado, especialmente com os pedestres.
O motorista na faixa dos 50 anos precisa tomar mais cuidado. Ele necessita do dobro de luz que um de 30 para enxergar. O uso de óculos pode manter a acuidade visual estática, mas não a dinâmica. A acuidade dinâmica é a capacidade de mover os olhos de maneira sincronizada com os alvos móveis.
Nessa faixa etária é aconselhável fazer exames de visão freqüentes, pois o motorista torna-se mais sensível ao ofuscamento e mais lento para adaptar-se à escuridão. O tempo de reação do motorista diminui e, além disso, a visão periférica a capacidade de enxergar alguma coisa fora do campo central de visão se deteriora com o tempo.
Virgilio Centurion é oftalmologista e diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Para saber mais acesse: www.imo.com.br