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O Kaatsu Training ou o método de oclusão vascular, é uma técnica elaborada por Yoshiaki Sato com o propósito de auxiliar processos de reabilitação tanto em pós operatórios, quanto no caso de traumatismo dos membros. Como o próprio nome já diz, o método reduz o fluxo sanguíneo nas veias dos membros superiores ou inferiores durante o treinamento físico, a fim de fortalecer os músculos utilizando baixas cargas, evitando a sobrecarga articular.
Desde então, o método tem se popularizado nas academias brasileiras devido a sua possível promessa de acelerar a hipertrofia muscular. Mas, a técnica que até então aparenta ser de fácil execução, exige muitos cuidados e não é recomendada para todo mundo. Abaixo, entenda como funciona o Kaatsu training e em quais circunstâncias ele realmente é indicado.
A origem do Kaatsu training
De acordo com o fisiologista do esporte Alex Souto, tudo começou em 1966, quando aos 18 anos Yoshiaki participava de uma cerimônia budista no Japão, sentado de joelhos. O jovem então percebeu uma restrição sanguínea em suas panturrilhas e resolveu testar a hipótese de que esta oclusão vascular associada ao treinamento de força, poderia promover ganhos significativos de massa muscular.
Sato realizou experimentos ao longo de sete anos, utilizando diferentes tipos de cordas e faixas em várias partes de seu corpo, para testar e entender a funcionalidade da técnica. Aos 25 anos Sato desenvolveu métodos eficazes para modificar com segurança o fluxo sanguíneo de seus membros. A partir do fim da década de 80 as primeiras pesquisas validando cientificamente o método começaram a surgir.
Mas o que é oclusão vascular?
É uma intervenção aplicada no treinamento que promove uma oclusão vascular parcial com o auxílio de um equipamento próprio para a técnica. De acordo com o educador físico Leonardo Lima, a pressão parcial e a pressão total da musculatura a partir do mmHg (milímetros de mercúrio - unidade de medida convencional para medir pressão) utilizado geram uma isquemia na musculatura, que inibe o fluxo sanguíneo passante e aumenta a atividade metabólica do músculo.
"Isso contribui para o aumento da síntese do hormônio do crescimento (GH) e da atividade da enzima óxido nítrico sintase, promovendo aumento de fatores intracelulares que contribuem para o ganho de massa magra e força muscular em atletas, ou durante o processo de reabilitação de lesões musculares e ósseas" complementa Alex Souto, fisiologista do esporte.
Como é feito
A pressão da oclusão pode variar entre 90 a 240 mmHg de acordo com o tamanho da massa muscular e da adaptação do treinamento. "Membros inferiores apresentarão maiores valores de pressão de oclusão quando comparados aos membros superiores", afirma Souto. Associado a pressão de oclusão, as cargas de treinamento também devem ser reduzidas para cerca de 20% a 40% da carga máxima, o que torna o método interessante para quem não tolera cargas elevadas durante o treinamento de força.
Desta forma, as vantagens do treinamento de força com oclusão vascular são os efeitos anabólicos, ou seja, que levam ao ganho de massa muscular, mas com resultado obtido a partir de baixas cargas de peso, apresentando efeitos similares ao treinamento feito com altas cargas e sem a oclusão. "Este método de treinamento também favorece a reabilitação, ou seja, sua prática minimiza o estado de atrofia muscular em situações de lesões com imobilizações, sendo considerado um excelente método no auxílio da reabilitação pós-cirúrgica de ligamento cruzado anterior do joelho e outras patologias osteomioarticulares" afirma Souto.
A técnica exige um equipamento apropriado para a oclusão, Alex Souto alerta: "Tem se tornado comum ver pessoas leigas e até mesmo alguns profissionais, utilizando torniquetes ou garrotes para aplicação do método. Isso é um erro gravíssimo, pois se torna inviável o controle da pressão exercida. Para aplicabilidade do método de forma correta e segura é importante usar equipamentos com uma variação de espessura entre 5 e 10 cm associados a um manômetro para controlar a pressão de oclusão".

O que esperar da técnica?
De acordo com Leonardo Lima, a técnica resulta em uma hipertrofia significativa, não só por elevar a síntese do hormônio do crescimento, mas também por produzir mais proteínas depois que o praticante solta a oclusão.
Para o médico do esporte Carlos Beltrani, a restrição do fluxo sanguíneo causa inchaço muscular, acúmulo de ácido lático, óxido nítrico e radicais livres, e fadiga muscular precoce. Nessas condições, ocorre um maior número de recrutamento das fibras musculares, estimulando o desenvolvimento muscular da região exercitada, resultando em ganho da força com hipertrofia muscular.
Cuidados necessários
Carlos Beltrani afirma que a técnica não é indicada para pessoas com histórico de trombose venosa profunda, varizes, hipertensão arterial ou doenças cardíacas. Grávidas também não devem realizar o método de oclusão
Por outro lado, o médico afirma que mesmo tendo a segurança confirmada por estudos científicos, ainda se trata de um método desconfortável que pode causar dormência, sensação de frio e dor extrema nos membros, podendo ocorrer arritmias e tromboses em pessoas com alterações cardiovasculares. ?Os músculos podem diminuir de tamanho se houver a oclusão arterial, pelo aumento excessivo da pressão durante o treino?, explica Beltrani.
Carlos Beltrani enfatiza que a pessoa que optar pela prática de oclusão vascular, deve ter certeza de que não possui nenhuma doença que possa ser agravada com a realização do método. "Também é importante procurar um profissional capacitado e que tenha conhecimento das respostas fisiológicas e metodológicas que a prática exige" complementa o fisiologista Alex Souto.
Nas palavras de Alex, a técnica deve ser aplicada com demasiado controle da pressão de oclusão vascular sobre a musculatura, para evitar respostas negativas no sistema músculo-esquelético ou nos demais sistemas do organismo. "É importante salientar que a utilização de torniquetes ou garrotes desqualifica o método e pode promover significativa sobrecarga cardíaca e quadros de desmaio", finaliza Souto.