Andressa Bortolasso, autora de Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora, é odontopediatra, especialista em a...
iQuando nasce um bebê, o envolvimento é tão grande com a mãe que é bem comum os pais se sentirem excluídos dessa relação. Muitos deles não sabem muito seu novo papel e não entendem bem como podem ajudar. Preferem até mesmo se afastar com receio de acabar atrapalhando.
A rotina com o recém-nascido parece ser exclusiva da mãe. Além disso, é bem comum a sogra ficar em casa ou até mesmo a nova família se instalar na casa da sogra. Assim, o pai se vê em um terreno unicamente feminino, e não consegue, portanto, encontrar espaço nessa nova dinâmica.
Muitos pais alegam que o bebê "só mama e dorme" e se sentem perdidos sobre como ajudar.
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Por mais que nós, mães, precisemos deste apoio, por muitas vezes podemos ser as responsáveis pelo afastamento paterno. Sem perceber, a gente acaba não dando muito espaço. Além de tudo, estamos tão envolvidas e apaixonadas pelo pequeno bebê que mamãe e bebê se bastam nessa relação.
Aos poucos vamos nos familiarizando nessa nova dinâmica familiar, mas sempre é importante um pouco de atenção a este ponto. Se isso se perpetuar, lá na frente você poderá sentir muita falta dessa preciosa ajuda. Na verdade, eu nem chamaria de ajuda, mas sim de comprometimento e participação do pai.
Papel do pai
No primeiro capítulo do meu livro "Sintonia de Mãe", publicado pela Luz da Serra Editora, eu já abordo como é importante a criação e o cultivo da nossa rede de apoio. E o pai da criança tem um papel muito importante nela.
O pai, muitas vezes, pode ser o que eu chamo de apoiador de base, que é aquela pessoa que elegemos para defender nossas escolhas. Nos momentos de fragilidade, a gente pode se perder e o papel do apoiador de base é de nos lembrar aquilo que era importante para nós quando traçamos nosso plano de parto e o plano de amamentação.
Ele sempre vai nos apoiar em nossas decisões seja quais forem ela e muitas vezes transmitir essa decisão para os outros membros da família ou até mesmo para os profissionais da área da saúde que nos vão atender. Ele a ajudará a ver as coisas com mais clareza quando surgir um momento difícil. Só que, para isso, é necessário um alinhamento das ideias desde a gestação.
Aprendendo a comunicar
Um erro comum que cometemos é o de achar que o pai do bebê deve ler nossos pensamentos. É claro que isso não acontece, ainda mais em um período da vida tão delicado e cheio de novidades.
Por isso, muitas vezes deixamos de comunicar nossas vontades e necessidades, e ainda ficamos irritadas quando ele não faz alguma coisa exatamente como pensamos que deveria fazer. O primeiro passo é a comunicação. Fale do que você precisa, fale sobre o que sente, fale o que você espera dele, sem julgamentos e sem vitimização. Faça combinados e perceba em que ponto ele está preparado para assumir aquilo que você realmente deseja ou espera dele. Deixar tudo às claras pode ser um grande começo!
É fato que vivemos em uma cultura ainda machista, em que os meninos brincam de carrinho enquanto as meninas é que brincam de bonecas e já estão sendo "treinadas" para ser mães. Temos que ter paciência para reverter isso agora.
Separei algumas dicas para que vocês possam dar os primeiros passos.
1 - Comece antes do bebê nascer (se isso ainda for possível)
O pai pode acompanhar você nas consultas do pré-natal, sempre que possível. Compartilhe com ele as informações novas que está recebendo sobre os primeiros cuidados com o bebê e sobre a amamentação. Leia para ele alguns capítulos do livro Sintonia de Mãe!
2 - Incentive-o a participar do parto
É possível que o pai corte o cordão umbilical e participe do primeiro banho, por exemplo
3 - Anime-o a tirar a licença-maternidade
Neste período, o pai pode ficar por dentro dos cuidados com o bebê nos primeiros dias.
4 - Compartilhe tarefas
Trocar fraldas, dar banho e ninar o bebê podem ser tarefas divididas com a pai. Porém, isso pode ser assustador para alguns. Há quem nunca nem tenha pego uma boneca no colo, quem dirá um bebê. Deixe-o à vontade, encoraje-o e jamais critique a forma que ele está fazendo, mesmo que não seja tão perfeita quanto a sua ou quanto à da avó! Ele só vai aprender e ter segurança quando efetivamente colocar a mão na massa!
5 - Ele pode te incentivar na amamentação quando você pensar desistir!
Existe um lema: Quem tem peito, dá leite, quem não tem, dá força! Isso pode ser incrível e até salvar sua amamentação, se seus pensamentos e objetivos em relação a amamentação estiverem alinhados. Além disso, ele poderá colocar o bebê para arrotar, assim você aproveita esse tempinho para descansar até a próxima mamada.
6 - Fazendo sala
O pai é ótimo para dar conta das visitas. Deixe isso por conta dele! Você não precisa fazer sala se estiver muito cansada.
7 - Tarefas domésticas
Delegue a ele tarefas de casa, caso você não tenha alguém para fazer isso. Ele também poderá sair para ir à farmácia, quitanda ou mercado.
8 - Encoraje-o a passear e conversar com o bebê
A mulher, como passou por uma gestação, já está acostumada com esse contato íntimo. Mas, para o pai, muitas vezes não é tão simples!
9 - Dar banho de chuveiro no bebê
Isso é o que eu chamo de "banho do papai". A banheira é acolhedora, horizontal, redonda, feminina. O banho de chuveiro do papai é vertical, aventureiro. Seu bebê vai amar esse momento e o pai também!
Acredite, o pai quer esse contato! Só que às vezes não sabe por onde começar. Então, facilite e seja a mediadora desse processo!
O papel do pai nos primeiros meses é muito importante para que a mãe proporcione segurança ao bebê, porque ela sente que também está apoiada. Acredite, isso faz uma enorme diferença inclusive na dinâmica de sua amamentação.