Com experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
O frio do início de julho levou uma família de Guarulhos (SP) a acender uma churrasqueira dentro do quarto onde iriam dormir a mãe, o pai e uma criança de dois anos. A fumaça liberada pelo carvão queimado levou a morte dos três, no dia 10. Três dias depois, uma outra família em Santo André (SP) voltou de viagem e pai, mãe e dois filhos morreram juntos em seu apartamento, antes de desfazer as malas. O motivo suspeito é um vazamento de gás do aquecedor do chuveiro.
Nestes dois casos, a provável causa da morte coletiva é o monóxido de carbono (CO), gás que, quando inalado, pode levar à intoxicação. Ligado às células sanguíneas, o monóxido de carbono forma a carboxihemoglobina, que impede o sangue de transportar oxigênio às partes do corpo.
De acordo com Márcia Guekezian, professora de Química da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o maior problema é que o gás letal não tem cheiro. Por isso, é difícil detectar o seu vazamento.
"A hemoglobina que transporta o oxigênio no nosso sangue tem uma alta afinidade pelo monóxido de carbono, mais do que pelo oxigênio. Na hora em que ocorre a ligação, demora para conseguir revertê-la", afirma Luiz Philipe Molina, cirurgião plástico especializado em queimaduras do Centro de Trauma do Hospital 9 de Julho. Por isso, é necessário buscar ajuda o quanto antes.
Como o gás letal é formado?
A professora explicou que o monóxido de carbono é formado quando há uma queima incompleta de algum combustível de carbono (gás, carvão ou lenha, por exemplo). Nas queimas completas, o resultado é água e dióxido de carbono (CO2), gás presente na atmosfera. Já quando há falta de oxigênio, por exemplo, a queima incompleta forma o monóxido de carbono (CO). Em ambientes fechados, ele não escapa e pode levar à morte.
No caso da família de Guarulhos, o problema foi ter colocado a churrasqueira dentro do quarto, quando ela é própria apenas para ambientes externos e ventilados. Já em relação aos moradores de Santo André, o que se apurou pela perícia é que o aquecedor estava sem a chaminé, além de a casa estar fechada. Isso tornou os dois ambientes muito concentrados em monóxido de carbono, levando às tragédias.
Como se proteger
Depois dos casos, muitas famílias ficaram com medo de ter chuveiro a gás em casa. No entanto, Márcia garante que o equipamento é seguro, desde que haja manutenção correta e periódica. É importante verificar se não há nenhuma obstrução e se a chaminé de exaustão está instalada corretamente.
Uma lareira é segura exatamente porque tem chaminé para eliminar a fumaça, assim como churrasqueiras que são instaladas em varandas de apartamentos.
Segundo a professora de química, o gás do fogão é o butano. Seu vazamento também é perigoso, mas por isso a indústria aplica a ele um cheiro característico para que seja detectado pelas pessoas que estão no ambiente.
No entanto, ela garante que é seguro sempre deixar uma fresta de janela aberta, mesmo em dias frios.
Quais os primeiros sinais da intoxicação por monóxido de carbono
O médico Luiz Philipe explica que há alguns sintomas iniciais da intoxicação por monóxido de carbono, antes da inconsciência:
- Tontura
- Mal-estar
- Cefaleia (dor de cabeça)
- Convulsão
"A intoxicação por monóxido de carbono é muito grave porque rapidamente leva à inconsciência. Se você começar a ter um sintoma e rapidamente não tomar providência, vai desmaiar e não consegue mais buscar ajuda", explica o médico.
Para reverter a intoxicação, é necessário buscar algum pronto-socorro e fazer inalação oxigênio.