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iA neuropatia periférica é uma condição que afeta os nervos periféricos, responsáveis por levar informações do cérebro e medula espinhal para o restante do corpo, e causando sintomas como dormência, formigamento e pontadas nas mãos e nos pés.
A doença afeta principalmente alguns grupos de risco, tais como: diabéticos, idosos e pessoas com deficiência de vitamina B. Porém, outros fatores podem desencadear o problema, como o uso de álcool, algumas medicações, agentes tóxicos e outros.
A neuropatia periférica surge, na maioria das vezes, como uma condição secundária a outros problemas de saúde, sem causas claramente identificáveis, o que torna seu diagnóstico tão difícil e cercado por dúvidas.
Para esclarecer algumas questões, listamos mitos e verdades sobre a doença.
Dormência, formigamento e dor são os únicos sintomas da neuropatia periférica?
Mito. De acordo com Geísa Macedo, membro da Sociedade Brasileira de endocrinologia e Metabologia, a neuropatia periférica é a maior causa de formigamento e queimação nas extremidades do corpo, mas não é a única doença que pode gerar tais desconfortos. Doenças vasculares, como a isquemia, problemas circulatórios e problemas na coluna são algumas das enfermidades que também podem se manifestar de forma semelhante.
O endocrinologista Marcio Krakauer complementa: "Se você tiver algum tipo de compressão na medula óssea, na lombar, hérnia de disco, um tumor ou uma fratura na coluna, ou se um nervo da coluna estiver comprimido por qualquer razão, isso pode gerar formigamento e queimação nas regiões pelas quais aquele nervo é responsável, o que pode acontecer com as pernas. Traumas e fraturas no sacro e edemas venosos e linfáticos também podem provocar esse tipo de sintoma".
Se você sente os sintomas ou conhece alguém que está passando por isso, acesse o site Escute Seus Nervos, que desde 2016 conscientiza a população sobre a importância do diagnóstico da neuropatia no Brasil.
Diabetes é a única doença que pode causar neuropatia periférica?
Mito. O diabetes é realmente uma das principais causas da neuropatia no mundo, mas outros fatores podem desencadear a doença. De acordo com a neurofisiologista Raquel Campos Pereira, a disfunção pode ser originada a partir de uma série de outros fatores, tais como:
- Alcoolismo
- Problemas metabólicos
- Desnutrição
- Insuficiência renal crônica
- Disfunção de tireóide (hiper e hipotireoidismo)
- Doenças infecciosas (hanseníase, HTLV, HIV, hepatites B e C)
- Doença de chagas
- Uso de algumas medicações
- Exposição a algumas toxinas, como metais pesados.
Pessoas de qualquer idade podem ter neuropatia periférica?
Verdade. Segundo Marcio Krakauer, a neuropatia periférica tem uma incidência maior entre idosos por conta da dificuldade que eles podem ter para absorver a vitamina B12 na alimentação, já que a deficiência desse nutriente é uma das possíveis causas da disfunção. Porém, por estar associada a outros fatores de risco, a doença pode afetar pessoas em qualquer faixa etária.
"A neuropatia periférica tem como causa mais frequente o diabetes, mas existem diversas outras. A segunda causa mais comum, por exemplo, é o alcoolismo, que também provoca a neuropatia. Outra causa bastante habitual é o uso de medicamentos e alguns tratamentos de quimioterapia, por exemplo, podem provocar a neuropatia. Então, a doença não atinge apenas idosos. Ela pode atingir qualquer pessoa, de qualquer idade", reforça o endocrinologista.
Existem diferentes tipos de neuropatia periférica?
Verdade. "Existem várias formas de classificar as neuropatias periféricas, sendo que as mais utilizadas levam em consideração o período de instalação da doença, o tipo de sintoma que está relacionado com as fibras nervosas lesadas, qual o componente do nervo mais afetado e a extensão do comprometimento. Quando existe uma causa bem definida, ainda podemos classificar a neuropatia usando a etiologia: neuropatia diabética, neuropatia hereditária, neuropatia tóxica, neuropatia carencial, neuropatia inflamatória, entre outras", explica a neurofisiologista Raquel Campos Pereira.
A neuropatia periférica não tem cura?
Mito. De acordo com Marcio Krakauer, o tratamento da doença varia bastante de acordo com as causas, tipo de neuropatia e grau da lesão nos nervos. Em alguns casos, ela pode, sim, ser curada. "Quando a neuropatia é causada por uma compressão na medula por conta de uma pequena hérnia, o tratamento dela, seja ele clínico, terapêutico ou cirúrgico, acaba com neuropatia", exemplifica.
Já no caso de outros tipos de neuropatia, a neurofisiologista Raquel Campos Pereira reforça que existe tratamento e controle de sintomas, quando não há o caráter degenerativo e progressivo. O mais importante é que a doença seja diagnosticada precocemente, antes que haja dano definitivo aos nervos.
É possível viver bem com a doença?
Verdade. Segundo especialistas, é possível conviver bem com a doença fazendo adaptações e seguindo corretamente o tratamento a cada caso. Mudanças no estilo de vida, readequação pessoal de metas, controle da dor neuropática, reabilitação motora e postural e cuidados com pés e áreas de apoio para evitar úlceras de pressão são algumas das atitudes que podem resgatar independência para as atividades do cotidiano e favorecer qualidade de vida aos pacientes.
"Para que uma pessoa com neuropatia sofra menos, ela precisa manter um bom tratamento, visitar os médicos na rotina solicitada, realizar sempre os exames necessários, controlar os sintomas, quando necessário realizar troca de remédios e aderir a tratamentos compostos, que unem boa alimentação, prática de atividades físicas, se manter hidratado e ter bom sono", reforça Marcio Krakauer.