Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe (2008). Residência Médica em Neurologia pela Santa Casa de Mis...
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O que é Neuropatia diabética?
A neuropatia diabética é uma complicação do diabetes que afeta os nervos do corpo, provocada pelo aumento prolongado dos níveis de glicose no sangue, o que danifica os nervos ao longo do tempo. O problema pode provocar sintomas como dor, formigamento ou perda de sensibilidade — especialmente nas mãos, nos braços, nos pés e nas pernas.
Causas
A neuropatia diabética é causada pelo aumento prolongado dos níveis de açúcar no sangue, que provoca danos progressivos aos nervos. Outros fatores também podem contribuir para o desenvolvimento do problema, como:
- Fatores neurovasculares, causando danos aos vasos sanguíneos que levam oxigênio e nutrientes aos nervos
- Fatores autoimunes que causam a inflamação nos nervos
- Danos mecânicos aos nervos, como a síndrome do túnel do carpo
- Traços herdados que aumentam a suscetibilidade à doença do nervo
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Fatores de estilo de vida, como o tabagismo ou uso de álcool
Tipos
Existem quatro tipos de neuropatia diabética. A maioria desenvolve-se gradualmente e pode passar despercebida até danos consideráveis ocorrerem. Entre 60% e 70% das pessoas com diabetes possuem algum tipo de neuropatia, de acordo com o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. Os principais incluem:
Neuropatia periférica
A neuropatia periférica é a forma mais comum de neuropatia diabética e afeta os nervos periféricos, responsáveis pela transmissão de informações entre o cérebro, a medula espinhal e o resto do corpo. Provoca sintomas nos pés, nas pernas, nas mãos e nos braços.
Neuropatia autonômica
A neuropatia autonômica afeta os nervos que controlam as funções autônomas do corpo, como a frequência cardíaca, a digestão e o controle da bexiga. O diabetes pode afetar os nervos em qualquer uma destas áreas, dando origem à neuropatia diabética autonômica.
Amiotrofia diabética
A amiotrofia diabética afeta nervos das coxas, dos quadris, das nádegas e das pernas. Também chamada de neuropatia femoral ou neuropatia proximal, esta condição é mais comum em pessoas com diabetes tipo 2 e adultos mais velhos.
Mononeuropatia
A mononeuropatia envolve dano a um nervo específico, que pode estar localizado na face, no tronco ou na perna. Também chamada de neuropatia focal, a mononeuropatia diabética é mais comum em adultos mais velhos.
Embora possa causar dor severa, a doença normalmente não traz complicações em longo prazo. Às vezes, a mononeuropatia ocorre quando um nervo é comprimido. A síndrome do túnel do carpo é um tipo comum de compressão de neuropatia em pessoas com diabetes.
Sintomas
Os sintomas da neuropatia diabética podem variar dependendo do tipo de neuropatia e dos nervos afetados. Os principais incluem:
Neuropatia periférica
- Dormência
- Redução da capacidade de sentir dor ou alterações na temperatura, especialmente nos pés e nos dedos
- Sensação de formigamento ou queimação
- Dor ao caminhar
- Extrema sensibilidade ao toque mais leve - para algumas pessoas, até mesmo o peso de uma folha pode ser angustiante
- Fraqueza muscular e dificuldade para caminhar
- Problemas graves nos pés, como úlceras, infecções, deformidades e dores ósseas e articulares. Essa condição é chamada de pé diabético
Neuropatia autonômica
- Ausência de sintomas de hipoglicemia quando os níveis de açúcar no sangue estão baixos
- Problemas de bexiga, incluindo infecções urinárias frequentes ou incontinência urinária
- Prisão de ventre
- Prisão de ventre, diarreia não controlada ou uma combinação dos dois
- Esvaziamento lento do estômago (gastroparesia), levando a náuseas, vômitos e perda de apetite
- Dificuldade em engolir
- Disfunção erétil
- Secura vaginal
- Aumento ou diminuição da sudorese
- Incapacidade do corpo para ajustar a pressão arterial e frequência cardíaca, levando a quedas acentuadas da pressão arterial ao levantar, por exemplo
- Problemas em regular a temperatura corporal
- Mudanças na forma como os olhos se ajustam a um ambiente claro ou escuro
- Aumento da frequência cardíaca em repouso
Amiotrofia diabética
- Dor repentina e grave no quadril, coxa ou nádega
- Músculos da coxa eventualmente fracos ou atrofiados
- Dificuldade de se elevantar
- Inchaço abdominal, se o abdômen é afetado
- Perda de peso
Mononeuropatia
- Dificuldade em focar a visão, visão dupla ou dor atrás de um olho
- Paralisia de um lado do rosto (paralisia de Bell)
- Dor na perna ou pé
- Dor na parte da frente da coxa
- Dor no peito ou abdominal
Diagnóstico
A neuropatia diabética geralmente é diagnosticada com base nos sintomas, no histórico médico e no exame físico. Durante o exame, o médico irá checar o tônus muscular, os reflexos dos tendões, a sensibilidade ao toque, a temperatura e a vibração.
Outros exames que podem ser feitos incluem:
- Registro da velocidade de condução nervosa: esse teste mede o quão rápido seus nervos dos braços e pernas reagem a sinais de condução elétrica. Também pode ser usado para diagnosticar a síndrome do túnel do carpo.
- Eletroneuromiografia (ENMG): após ser feito o registro da velocidade de condução nervosa, o eletromiograma pode medir a intensidade e quantidade de descargas elétricas que foram produzidas em seus músculos.
- Exame sensorial quantitative: esse teste é usado para verificar a resposta dos nervos a estímulos como vibrações e mudanças de temperatura.
- Testes autonômicos: se há sintomas de neuropatia diabética autonômica, podem ser feitos exames para verificar sua pressão arterial em diferentes locais e avaliar quanto suor você produz em determinadas partes do corpo.
A American Diabetes Association recomenda que todas as pessoas com diabetes façam exames pelo menos uma vez ao ano para buscar neuropatias, principalmente nos pés. Além disso, é importante prestar atenção a qualquer ferida que não cicatriza ou falta de sensibilidade nos membros.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco da neuropatia diabética são:
- Níveis de açúcar no sangue descontrolados: esse é o maior fator de risco para todas as complicações decorrentes da diabetes, incluindo neuropatia diabética. Manter os níveis de açúcar no sangue sob controle é a melhor forma de prevenir complicações.
- Ter diabetes por um longo período: o risco de neuropatia diabética aumenta quanto mais tempo você tem diabetes, especialmente se o açúcar no sangue não estiver bem controlado. A neuropatia diabética é mais comum em pessoas que tem diabetes durante pelo menos 25 anos.
- Doença renal: o diabetes pode causar danos aos rins, o que pode aumentar as toxinas no sangue e contribuir para a lesão do nervo.
- Tabagismo: fumar diminui e endurece as artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo para as pernas e pés. Isso pode danificar a integridade dos nervos periféricos.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar e acompanhar a neuropatia diabética são:
- Clínico geral
- Endocrinologista
- Neurologista
Buscando ajuda médica
O paciente deve procurar ajuda médica no surgimento de alguns sintomas ou sinais, como:
- Um corte ou ferida no pé que demora para curar, está infectado ou está piorando
- Queimação, formigamento, fraqueza ou dor nas mãos ou pés que interfere na rotina diária ou no sono
- Tontura
- Mudanças na digestão, micção ou função sexual
Esses sintomas nem sempre indicam danos nos nervos, mas pode sinalizar outros problemas que necessitam de cuidados médicos. Em todos os casos, o diagnóstico precoce e o tratamento oferecem a melhor chance para controlar os sintomas e prevenir problemas mais severos.
Mesmo feridas menores nos pés que não cicatrizam podem se transformar em úlceras. Nos casos mais graves, úlceras nos pés podem se tornar gangrenas - uma condição na qual o tecido morre - e requerem cirurgia ou até mesmo a amputação do membro. O tratamento precoce pode ajudar a evitar que isso aconteça.
Tratamento
O tratamento de neuropatia diabética é feito por um endocrinologista ou neurologista e tem como objetivo controlar a glicose no sangue, evitando que a concentração de açúcar apresente picos ao longo do dia. Isso pode envolver o uso de medicamentos antidiabéticos, como injeções de insulina ou ingestão de antidiabéticos orais.
A dor provocada pela neuropatia diabética pode ser aliviada a partir da administração de antidepressivos, anticonvulsivantes e drogas opioides — além de acupuntura e fisioterapia. Os tratamentos que são aplicados sobre a pele incluem creme de capsaicina e adesivos de lidocaína.
Além disso, o tratamento das complicações da neuropatia diabética pode exigir cuidados de outras especialidades médicas — como cardiologistas, para controlar a pressão arterial, e urologistas, para tratar problemas no trato urinário.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de neuropatia diabética são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A neuropatia diabética não tem cura, mas é possível diminuir a progressão do problema a partir do controle do diabetes — que inclui o tratamento adequado com endocrinologista, além de cuidados com as complicações do problema.
Prevenção
A neuropatia diabética pode ser prevenida se os níveis de açúcar no sangue forem mantidos sob controle. Além de seguir com o tratamento adequado com o endocrinologista, o que inclui a administração adequada dos medicamentos, alguns hábitos de vida podem contribuir para controlar o diabetes, como:
- Realizar exercícios físicos regularmente
- Evitar o consumo de alimentos com altos índices glicêmicos
- Verificar a glicemia diariamente
- Reduzir o consumo de bebidas alcoólicas
- Controlar o estresse
- Não fumar
Complicações possíveis
A principal complicação da neuropatia diabética é que, com a perda da sensibilidade nos pés, o paciente está suscetível ao surgimento de lesões que podem passar despercebidas e, desse modo, provocar infecções locais ou generalizadas. Casos graves e não tratados podem causar a amputação dos membros inferiores.
Referências
National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases
Clínica Mayo
Manual MSD