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Na última segunda-feira (16), a morte de uma criança por contágio de uma ameba que afeta o cérebro foi confirmada nos EUA. Lily Mae Avant tinha apenas 10 anos quando contraiu a chamada "meningoencefalite amebiana primária", após nadar em um lago no Texas.
Como age a ameba que "come" cérebro
Apesar de ser popularmente chamada de "ameba que come cérebros", a ameba Naegleria fowleri se alimenta de bactérias presentes em ambientes úmidos, normalmente onde há água morna e doce.
Portanto, ela costuma ser encontrada em lagos, poças, córregos, solo, piscinas aquecidas não tratadas de forma correta e até em grãos de poeira.
Sua entrada no corpo humano ocorre principalmente pelo nariz. Dentro do nosso organismo, quando não encontra os nutrientes necessários para viver, ela acaba atacando células do cérebro e paralisa o sistema nervoso central em poucos dias.
Apesar de altamente mortal, a doença é rara e não é passada de pessoa para pessoa. Além disso, uma pessoa não contrai a doença ao beber a água contaminada com a ameba.
O caso de Lily
De acordo com a CNN, Lily estava tratando a doença há aproximadamente duas semanas e não resistiu. Ela estava internada desde o dia 8 de setembro e seus exames identificaram a presença da ameba Naegleria fowleri no cérebro.
A criança começou a sentir dor de cabeça, que aumentou de intensidade gradualmente. Depois, passou a apresentar febre, pesadelos e um "comportamento estranho" devido a alucinações, segundo seus pais disseram em entrevista.
Exames de imagem identificaram uma infecção no cérebro, o que fez com que os médicos suspeitassem de meningite. Contudo, somente depois de punção na medula óssea é que foi descoberta a presença da ameba.
Para o canal CBS, a tia de Lily informou que os médicos esgotaram todos os recursos possíveis e que nada mais poderia ser feito, pois a doença leva à morte de forma muito rápida.
Sintomas da meningoencefalite amebiana primária
Os principais sinais da doença são:
- Dor de cabeça
- Perda do olfato
- Perda do paladar
- Febre
- Rigidez do pescoço
- Delírios
- Alucinações
- Convulsões
Como se prevenir
- Evite nadar em lagos ou locais de água parada
- Use protetores de narina caso for mergulhar
Registros da doença
Entre 1963 e 2017, os Estados Unidos confirmaram 143 casos de meningoencefalite amebiana primária. Somente quatro pacientes sobreviveram à infecção grave.
Já em fevereiro de 2018, a Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas (ISID) confirmou o falecimento de um garoto de 8 anos pela ameba na Argentina.
Da mesma forma que Lily, ele mergulhou em uma lagoa em Junín, a cerca de 320 km da capital Buenos Aires, e chegou a óbito após apresentar os primeiros sintomas, bastante similares à meningite: dor de cabeça, febre e intolerância à luz e barulhos.
Na América do Sul, também foram registrados dois casos da doença na Venezuela que resultaram em morte.
No Brasil
Em território nacional, foi notada a presença da ameba Naegleria fowleri, mas não há registros oficiais de contaminação em humanos.
No ano de 2009, foi confirmado o falecimento de um bezerro por meningoencefalite amebiana primária no estado da Paraíba. O caso levantou o alerta a cientistas sobre possíveis novos contágios, tanto em animais como humanos.
Tratamentos
A dificuldade de diagnóstico e o curto espaço de tempo entre os primeiros sintomas e o óbito tornam a doença extremamente perigosa.
Cerca de 75% dos casos de contágio com a ameba foram confirmados somente após a morte dos pacientes. Por isso, hoje ainda não há tratamentos específicos para a doença.
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