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Atualizado em 06/11/2020
A pandemia do novo coronavírus acabou levantando um alerta preocupante entre a população brasileira. Desde que foi identificada, a COVID-19 deixou muita gente apreensiva com a possibilidade de contrair a doença e correr o risco de desenvolver um quadro grave.
Diante desse cenário, Luiz Henrique Mandetta, que comandava o Ministério da Saúde no início da pandemia, fez um comentário sobre a letalidade do vírus e o comparou com outras doenças que também são motivo de preocupação no Brasil, como dengue, gripe, sarampo e febre amarela.
De acordo com Mandeta, essas doenças "matam infinitamente mais" quando comparadas ao novo coronavírus. Entretanto, essa afirmação já não é mais verdadeira, uma vez que o número de mortes causadas pela COVID-19 no país ultrapassou o total de óbitos provocados pelas doenças citadas pelo mandatário na época.
COVID-19 mata 154 vezes mais que dengue e gripe
Especialmente se comparada com a gripe e a dengue, a COVID-19 já causou muito mais estragos no país. Juntas, as duas doenças foram responsáveis pela morte de 1.039 brasileiros em 2020. O coronavírus, por outro lado, levou a óbito 160.496 pessoas no Brasil - representando uma taxa de letalidade 154 vezes maior do que gripe e dengue juntas.
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi confirmado em fevereiro deste ano. Até 4 de novembro, quase oito meses depois, o país contabilizava 5.590.025 casos confirmados e 161.106 mortes. Além disso, reforços para a prevenção e diagnóstico da enfermidade têm sido realizados em fronteiras, aeroportos, postos de saúde e hospitais.
Ao longo da pandemia, os dados estatísticos passaram a mostrar que a COVID-19 já é mais letal do que a gripe. Segundo o mais recente boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, até o dia 17 de outubro, foram contabilizados 3.493 casos de influenza no Brasil - 0,4% do total de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), mapeamento no qual a influenza está incluída.
Dos casos de gripe contabilizados no país, 257 pacientes morreram - número equivalente a 0,1% do total de mortes causadas pela SRAG.
No caso específico da dengue, até setembro de 2020, foram registrados 872.607 casos e 492 mortes causadas pela doença no Brasil, conforme informa o boletim epidemiológico mais recente sobre o assunto.
Em 2019, o número foi de 1,5 milhão de ocorrências prováveis e 782 mortes provocadas pela enfermidade no país. Tanto no ano passado quanto neste ano, os casos de pacientes com dengue e óbitos pela doença estão bem abaixo dos números estabelecidos pela COVID-19.
Para o Ministério da Saúde, os casos de dengue representam uma "epidemia concentrada" e que requer total atenção por parte da população e dos agentes de saúde - principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
Ainda não se sabe quando a pandemia de COVID-19 será erradicada ou como isso acontecerá. Porém, a hipótese mais comentada pelos especialistas é de que isso aconteça apenas com a aprovação de uma vacina contra o novo coronavírus.
Uma das possibilidades levantadas é que a COVID-19 se torne uma doença endêmica, similar ao que acontece com a dengue no Brasil, que tem um aumento sazonal do número de casos em uma região, em determinados momentos do ano, quando há condições favoráveis a ela.
Casos de sarampo ressurgem
Além da situação preocupante em torno da dengue e da gripe, em 2019, o Brasil viu o ressurgimento dos casos de sarampo - duas décadas após a erradicação da doença, com mais de 10 mil casos confirmados e 15 vítimas fatais.
Até outubro de 2020, no período concomitante à pandemia do coronavírus, foram confirmados pelo Ministério da Saúde 8.202 ocorrências e 7 mortes provocadas pela enfermidade.
Diferente da COVID-19, o sarampo pode ser evitado pela vacinação (feita em duas doses). Contudo, segundo autoridades de saúde mundiais, a taxa de cobertura vacinal global da primeira dose da vacina voltada à doença está em 85% (abaixo da meta de 95%). E os números da segunda dose da imunização são ainda menores, com 67% - sendo que a meta para esta etapa é de 80%.
Febre amarela também ativa
Outra doença que também levanta o alerta das autoridades sanitárias brasileiras é a febre amarela, que havia sido controlada no Brasil, mas teve um novo surto em 2016.
Em dois anos, foram 2.100 registros da doença e 700 óbitos, o que corresponde a 33,3% dos casos.
De julho de 2019 a maio de 2020, também coincidindo com o período crítico de disseminação da COVID-19 no país, foram contabilizados 881 casos e três óbitos causados pela infecção, segundo o boletim epidemiológico mais recente emitido pelo Ministério da Saúde.
Vacinas para vírus
Atualmente, há vacinas de gripe, sarampo e febre amarela disponíveis gratuitamente no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que compõem o calendário oficial de vacinações. São elas:
- Vacina da gripe (inclusive H1N1): vacina trivalente viral ou vacina tetra viral
- Vacina do sarampo: vacina tríplice viral
- Vacina da febre amarela
Já as vacinas contra o novo coronavírus ainda estão em fase de desenvolvimento. Segundo as previsões mais otimistas, a imunização para a COVID-19 deve sair ainda em 2020 ou início de 2021, mas não há uma data estabelecida.
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Como se prevenir da COVID-19
A vacina promete ser o principal método de prevenção contra o coronavírus, sendo capaz de controlar o surgimento de novos casos de COVID-19 - assim como funciona com o sarampo e a gripe.
Atualmente, mais de 200 imunizantes são pesquisados no mundo inteiro, mas nenhum teve aprovação para o uso na população.
Enquanto isso, as melhores formas de se proteger da doença, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, seguem sendo a etiqueta respiratória, o uso de máscara, o distanciamento social e a higienização de mãos e objetos.
Confira outros cuidados básicos que ajudam a reduzir o risco de contrair ou transmitir a COVID-19:
- Lavar as mãos com água e sabão frequentemente (até a altura dos punhos)
- Higienizar as mãos sempre que possível com álcool em gel 70%
- Mesmo com as mãos limpas, evitar tocar olhos, nariz e boca
- Utilizar lenço descartável para higiene nasal
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas
- Manter os ambientes bem ventilados
- Limpar regularmente o ambiente e superfícies comuns, como móveis, maçanetas e corrimão
- Manter 1 metro de distância entre as pessoas em locais públicos ou de convívio
- Evitar beijos, abraços e apertos de mão
- Higienizar celulares, notebooks, carteiras, brinquedos e demais objetos de uso frequente
- Evitar circulação desnecessária em espaços como lojas, shoppings, ruas, cinemas, igrejas, entre outros locais que possam haver aglomeração
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