Nutricionista e doutora em nutrição pela UERJ.
Redatora das editorias de beleza, família e alimentação.
O que é glúten?
O glúten é uma proteína formada pela junção de outros dois compostos: glutenina e gliadina. Ele é o responsável pela elasticidade das massas de panificação e alimentos.
O glúten é parte proteica da composição de cereais como o trigo, centeio e cevada, mas pode ser encontrado também na aveia por conta da contaminação cruzada (contaminação pelo uso das mesmas máquinas onde passam os cereais com glúten).
Alimentos que contém glúten
Além dos ingredientes citados acima, o glúten é muito utilizado na área de tecnologia de alimentos, por dar uma ótima aparência e textura. Por isso, existem muitos outros alimentos que contém glúten. Confira abaixo:
- pães
- bolos
- barrinhas energéticas
- massas
- pizzas
- bolos
- tortas
- biscoitos
- ingredientes de alimentos processados no geral
Glúten faz mal à saúde?
Segundo a nutricionista Camila Buitoni, o glúten só é prejudicial para quem tem a doença celíaca. Uma doença auto imune que é desenvolvida em pessoas com suscetíveis geneticamente.
"Aproximadamente 1% da população tem esse distúrbio. Nessas pessoas, a ingestão de glúten causa danos à parede do intestino delgado, impedindo a absorção dos nutrientes e até mesmo da água, além de levar a efeitos colaterais como: inchaço, dores abdominais, fadiga, diarreia, dor nas articulações e até anemia", afirma.
A nutricionista Juliana da Mata explica que a frequente utilização de avisos na rotulagem dos alimentos como "evite o glúten" para as pessoas com a intolerância criou também naquelas sem o distúrbio uma interpretação de que produtos com glúten seriam prejudiciais à saúde.
Segundo ela, a indústria de alimentos desenvolve marketing embasando-se nesse nicho de pessoas que não podem comer o glúten mesmo em alimentos que já não possuem esse composto de proteína, como batata frita, pipocas, castanhas, passando a falsa impressão de que produtos sem glúten têm maior qualidade nutritiva.
"Fiquem espertos com a propaganda de produtos ditos sem glúten. Alimentos industrializados sem o glúten, além de possuírem o valor de mercado bem mais alto, costumam conter alta densidade calórica (com maior quantidade de carboidratos e gorduras e menor quantidade de proteínas) e muito sódio", alerta ela.
O glúten engorda?
Embora seja constantemente acusado de provocar o aumento do peso, a consultora nutricional da linha Cuida Bem, Bruna Pavão, afirma que não existem estudos conclusivos de que o glúten engorde.
"O glúten não possui nenhuma caloria. Porém, os alimentos que contém glúten são mais calóricos, fontes de carboidratos e de gordura, presentes nos industrializados. Mas, devemos ressaltar que existem alimentos com glúten que são saudáveis, ou seja, o que 'engorda' é o alimento de alta porção calórica e conservantes", explica Camila Buitoni.
Benefícios do glúten
A nutricionista Juliana afirma que estudos científicos já constataram que pessoas que consomem glúten no seu dia-a-dia estão sujeitas a um menor fator de risco para o desenvolvimento do diabetes, doenças do coração e até mesmo doenças intestinais, quando comparadas ao grupo de pessoas que retiraram o glúten da sua rotina alimentar.
Ela aponta que o grande erro das pessoas que retiram o glúten da dieta é optar por alimentos processados ou ultraprocessados, com a indicação no rótulo de que são isentos de glúten.
"Pesquisas realizadas para analisar a composição nutricional de alimentos isentos de glúten demonstram que esses alimentos possuem maior teor de gorduras saturadas, mais sal, maior quantidade de carboidratos e também grande densidade calórica", explica.
Indicações da dieta sem glúten
Segundo o Instituto de Saúde Global George, na Austrália, o glúten só deve ser evitado em três situações:
Doença celíaca, que acomete 1% da população mundial
Alergia ao glúten, que atinge até 6% da população mundial. A alergia consiste em uma reação exagerada do sistema imunológico a uma proteína específica do glúten, apresentando sintomas na pele e no sistema respiratório
Sensibilidade ao glúten, que atinge entre 7 a 8% da população mundial, tem mais difícil diagnóstico e está associada à dificuldade na digestão dessa proteína. Os sintomas são semelhantes aos surgidos nos portadores de doença celíaca, mas são reduzidos quando os portadores são submetidos a uma dieta livre de glúten.
"A melhor escolha para os celíacos é preparar a alimentação sem glúten em casa, optando sempre pela comida de verdade. Porém, é indicado sempre procurar um nutricionista para obter orientações adequadas e evitar deficiências nutricionais ou até mesmo o aumento do peso corporal", explica Juliana da Mata.
Referências
Nutricionista Bruna Pavão, CRN:37991
Nutricionista Juliana da Mata, CRN: 1005984
Nutricionista Camila Buitoni, CRN: 48679