Por Dr. Rondó, cirurgião vascular de formação com ampla expertise em Nutrologia
Com o isolamento social para proteção contra a COVID-19, muitas pessoas mudaram seus hábitos alimentares. Mas isso é bom ou ruim? Depende... Enquanto alguns passaram a se alimentar melhor, por estarem mais em casa, outros viram uma piora - curiosamente, pelo mesmo motivo!
Parece estranho, mas não é algo complicado de se entender. Um estudo recente, feito nos Estados Unidos meses antes da pandemia, revelou os hábitos alimentares das pessoas entre 50 e 80 anos.
Esses dados vêm a calhar, pois boa parte dos pesquisados estão no grupo de risco e agora estão mais em casa. Nessa pesquisa, elaborada pelos médicos da Universidade de Michigan, concluiu-se que a maioria dessas pessoas já cozinhavam em casa antes da pandemia.
Em geral, elas também diziam se sentir mais saudáveis e apenas 5% deles pediam comida pelo delivery. Porém, 11% dos idosos entrevistados diziam comer fast food em restaurantes pelo menos três vezes por semana, e afirmavam ter consciência de que suas dietas não eram tão saudáveis assim.
É bom lembrar que essas entrevistas, que ouviram cerca de 2 mil pessoas, foram feitas antes do Covid-19 se espalhar. Os pesquisadores estimam que é possível que agora elas estejam comendo melhor.
Mudanças de hábitos alimentares pela pandemia
Isso porque a maioria dizia ser capaz de cozinhar a própria comida em casa. E como os que comiam fast food faziam isso preferencialmente em restaurantes, o fechamento desses locais pode ter forçado a mudanças para melhor. Ainda assim, são necessários novos dados.
O Dr. Preeti Malani, que coordenou o estudo, diz que com o início do relaxamento das medidas de isolamento nos Estados Unidos, muitos familiares começam a visitar os parentes mais velhos.
"O isolamento social pode facilitar para quem vive e come sozinho. Mas como amigos e familiares cautelosamente começam a se reunir com adultos mais velhos, devemos fazê-lo com foco não apenas na prevenção de infecções, mas também no apoio a hábitos alimentares mais saudáveis para todos", explicou ele.
Nesse caso, o indicado é manter uma alimentação caseira saudável.
Tendência ruim: aumento de fast-food
Por outro lado, entre os mais jovens, os hábitos alimentares podem piorar. Uma pesquisa recente realizada na Itália mostrou que as crianças das regiões que decretaram confinamento passaram a comer uma refeição a mais por dia.
Elas também aumentaram o consumo de bebidas açucaradas e junk food, algo nada recomendável nessa fase de desenvolvimento - ou qualquer outra idade. Nesse caso, é claro, são os pais que devem estar atentos.
Entre os mais jovens, que já têm o hábito de pedir lanches por delivery, o cuidado deve ser o mesmo. Estar em isolamento pode aumentar essa atividade ou mesmo o consumo de comida pronta congelada.
Em ambos os casos, você estará consumindo muita gordura poli-insaturada ruim, excesso de açúcar, carboidratos e conservantes que destroem a saúde.
Lembre-se que, por causa do isolamento, muitos mercados estão se adequando e vendendo produtos naturais online. Assim, não há desculpa para deixar de comer vegetais folhosos, legumes e carne fresca - preferencialmente de animais criados a pasto.
Cozinhar em casa é melhor para seus hábitos alimentares
Como também já comentei, cozinhar em casa é sempre melhor. Você sabe quais ingredientes está usando, evita exageros e ainda pode turbinar a comida com temperos supersaudáveis.
Se você ainda não faz isso, esta é a melhor hora de começar. Fazer seus pratos pode se tornar um novo hobby, e aprender algo novo é sempre estimulante. Principalmente nesse momento de isolamento social, é algo incrível para a saúde mental de qualquer pessoa.
Então, às panelas! Supersaúde!
Referências bibliográficas:
- 5 Motivos para Você Começar a Cozinhar em Casa
- COVID-19: Dicas de Segurança para Delivery de Comida
- Malani, Preeti
- et al. National Poll on Healthy Aging: The Joy of Cooking and its Benefits for Older Adults. Institute for Healthcare Policy & Innovation (IHPI), June 2020.
- Pietrobelli, Angelo
- et al. Effects of COVID?19 Lockdown on Lifestyle Behaviors in Children with Obesity Living in Verona, Italy: A Longitudinal Study. Obesity, 2020
- DOI: 10.1002/oby.22861.
Dr. Rondó é médico, Cirurgião Vascular com ampla expertise em nutrologia. Especializou-se em Terapias Antioxidantes pelo The Robert W. Bradford Institute, nos EUA, e no Regenerations Zentrum Dr. Kleanthous Embh (Heideberg), na Alemanha. Graduado pela Faculdade de Santo Amaro em 1983. É membro e diplomado pelo American College of Advancement in Medicine. Possui vários artigos publicados em revistas médicas, além de diversos livros. (CRM 47078)