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Você conhece a Miastenia Gravis? Ela é uma doença autoimune que atinge os músculos do corpo, atrapalhando os movimentos e promovendo fraqueza muscular. Normalmente, a doença atinge a musculatura ocular, deixando as pálpebras caídas, mas também pode afetar a deglutição, a fala e outros músculos do corpo. Para esclarecer mais sobre o assunto, o Minha Vida ao Vivo conversou com o neurologista Eduardo Estephan, que contou quais são os sintomas e como é feito o tratamento para esse problema.
A live contou com o apoio de Cellera Farma. Para conferir o vídeo na íntegra, clique aqui e saiba tudo sobre essa doença autoimune.
Minha Vida: O que é Miastenia Gravis e quais são os sintomas?
Eduardo Estephan: Para entender melhor é preciso falar da Síndrome Miastênica, que são problemas que ocorrem por distúrbios ou alterações de junção neuromuscular. Para a gente mexer o músculo do bíceps, por exemplo, o cérebro pensa, o estímulo passa pela coluna (a medula), sai da medula e vai para o nervo. Como se fosse um fio, o nervo leva essa informação até o músculo e faz com que ele se mova do jeito que a gente pensou.
Para que o músculo se mexa, porém, é necessária essa conexão entre nervo e músculo, e esse local é chamado de junção neuromuscular. As síndromes miastênicas são problemas nessas estruturas, que levam a fraquezas, pois você não consegue mexer adequadamente os músculos por ter um defeito nessa conexão.
A Miastenia Gravis é um defeito nessa junção causado por um problema autoimune, ou seja, o próprio organismo produz um anticorpo que, por um erro imunológico, acaba reconhecendo, no caso da Miastenia, a junção neuromuscular, levando à sua destruição e defeito. O sintoma principal, então, é a fraqueza.
A Miastenia Gravis pode atingir qualquer músculo que chamamos de estriado, que é a musculatura que a gente consegue controlar. Entre elas está a musculatura das costas, da face, das pernas, dos braços e dos olhos. Na Miastenia Grave, os mais acometidos são as musculaturas oculares, tanto para abrir e fechar os olhos, além da face.
Além disso, ela atinge a musculatura bulbar, que são aqueles músculos que usamos para engolir, falar, mastigar e respirar. Elas são musculaturas muito afetadas pelas síndromes miastênicas.
Outra característica das síndromes miastênicas é que elas não são iguais todos os dias, mas muda: há dias que está melhor, outros em que está pior. E vários fatores influenciam e podem piorar os sintomas miastênicos, como estresse, alguns medicamentos, ou uma infecção. No entanto, principalmente o esforço pode piorar esses sintomas, pois são musculaturas que ficam mais "fracas".
Minha Vida: A dificuldade na hora da deglutição é um sintoma da miastenia?
Eduardo Estephan: Sim, a deglutição faz parte dessa musculatura bulbar. A fala e a contração das cordas vocais também fazem parte disso, e é característico da miastenia ter essa dificuldade de engolir.
Minha Vida: Quem são as pessoas mais afetadas pela miastenia gravis?
Eduardo Estephan: É importante esclarecer que quando falamos que a Miastenia Gravis é mais comum em um grupo de pessoas, não significa dizer que acomete apenas aquele grupo de pessoas. Literalmente, a miastenia pode acometer qualquer pessoa, em qualquer idade, em qualquer sexo.
Porém, hoje sabemos que, quanto maior a idade, maior a chance de acontecer esse defeito imunológico. No entanto, quando a gente pega a estatística, vemos que geralmente ela acomete mais mulheres até 30 anos. Mas, se a gente pegar como a doença atua depois dos 40, vemos que ela acaba tendo preferência por homens e a média disso acaba ficando bem parecida entre homens e mulheres.
Minha Vida: Essa doença se mostra de forma contínua, ou há crises e fases agudas?
Eduardo Estephan: Vários pacientes têm dúvidas sobre essa questão. Quando a doença começa, no primeiro ano ela geralmente é mais ativa - claro que isso varia de paciente para paciente, e nesse período, ela pode ir progredindo. Geralmente começa na musculatura ocular e vai progredindo para a musculatura bulbar (fala, deglutição) e pode depois ir para os membros (respiração, etc).
Geralmente, quando passa 1 ou 2 anos, no máximo, a Miastenia Gravis estabiliza, pois evoluiu o que já tinha de evoluir. Dali para frente, só piora quando há os fatores de piora, que classicamente são infecções, muito calor, menstruação, alguns remédios, estresse, entre outros. Ela só piora transitoriamente quando acontecem essas coisas.
E, ao longo de vários anos, justamente pela queda do sistema imunológico, ela vai arrefecendo, vai perdendo a potência. Essa é a história natural da doença, quando não se usa medicamentos.
Minha Vida: A ansiedade também pode piorar os sintomas da miastenia?
Eduardo Estephan: Isso é clássico da miastenia. O estresse, ansiedade e a depressão podem piorar a miastenia. A ansiedade e a depressão acabam estimulando mais o sistema imunológico, fazendo com que ele produza mais anticorpos e, além disso, também acabam de certa forma estimulando de forma desnecessária a junção neuromuscular, por conta da descarga de adrenalina.
Classicamente, o estresse e a ansiedade são fatores de piora transitória da miastenia. Enquanto o fator estiver lá, há piora dos sintomas.
Para saber mais sobre o tema, confira a live sobre Miastenia Gravis com o apoio de Cellera Farma na íntegra clicando aqui.