Redatora de saúde e bem-estar, com foco na produção de reportagens sobre saúde mental e qualidade de vida.
Atualizado em 17/08/2021
Com a falta de informações sobre como praticar sexo seguro entre mulheres, a publicitária Nicolle Sartor criou a cartilha "Velcro Seguro: O guia da saúde sexual para mulheres lésbicas e bissexuais com vulva".
Nele, a autora discorre sobre mitos e verdades do sexo entre mulheres, exames e consultas ginecológicas, ISTs e formas de se proteger. Há até mesmo um desenho anatômico da vulva, para que as mulheres se conheçam melhor.
O projeto foi elaborado em 2019 como trabalho de conclusão de curso em publicidade e contou com a consultoria da médica Thais Machado Dias. O material está disponível online e de forma gratuita, inclusive para download. Confira a cartilha online aqui e alguns pontos abordados em detalhes.
Saúde sexual para mulheres lésbicas e bi
Logo no início da cartilha, Nicole deixa claro que o sexo entre mulheres também é capaz de transmitir ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). Por isso, essas mulheres também precisam se consultar frequentemente com um ginecologista - assim como as mulheres que praticam sexo apenas com homens.
Para além das consultas de rotina, a médica ginecologista Débora Oriá alerta que também é importante que as mulheres se consultem após exposição a situações de risco ou comportamento de risco.
De acordo com o estudo Simultaneidade de comportamentos de risco para infecções sexualmente transmissíveis em adolescentes brasileiros, comportamento de risco para a ocorrência de ISTs leva em conta o número de parceiros, sexo desprotegido, uso de álcool e drogas ilícitas e tabagismo.
Em relação ao número de parceiros(as), Débora afirma que é bom ligar o alerta de passar de um total de mais de três no ano. "Não importa se são homens ou mulheres. A paciente precisa passar no ginecologista, coletar sorologias e fazer os exames de rotina", adverte a especialista.
Na consulta ginecológica
A consulta com um ginecologista deve ser feita anualmente ou quando a paciente tiver alguma dúvida sobre seu próprio corpo ou práticas sexuais. Além disso, é importante realizar exames ginecológicos como papanicolau, ultrassom transvaginal, ultrassom pélvico e até exames de sangue para detectar certas ISTs.
Sobre a consulta, inclusive, Nicole avisa que é preciso destacar sua orientação sexual, assim como práticas sexuais que faz, pois a penetração, por exemplo, é determinante para a recomendação de alguns exames, como o ultrassom transvaginal.
"As pacientes homo ou bissexuais, que têm relações com mulheres, não têm uma rotina ginecológica diferente, mesmo que não haja penetração com pênis ou não tenha secreção com esperma. A transmissão de doenças pode ocorrer por contato íntimo, troca de brinquedos e até o próprio toque das mãos pode influenciar", afirma a médica Débora Oriá.
Infecções sexualmente transmissíveis
Apesar de haver menor probabilidade, a ginecologista alerta que há risco para as mulheres lésbicas e bissexuais de contraírem infecções sexualmente transmissíveis. Dentre as formas de transmissão, estão o contato das mucosas, o sexo oral, o contato com sangue e a penetração de dispositivos sexuais.
Nicole descreve em sua cartilha como cada IST pode ser transmitida, seus principais sintomas e características. Sendo assim, ela destaca as seguintes ISTs para as mulheres lésbicas e bissexuais:
A cartilha adverte também que, aos notar feridas ou bolhas, ínguas na virilha, verruga genital, dor ao urinar ou durante o sexo, corrimento branco, cinza ou amarelado, é preciso marcar uma consulta médica com urgência.
Como se proteger no sexo entre mulheres
Para melhor se proteger, a ginecologista Débora Oriá recomenda que cada parceira deve ter seu próprio brinquedo sexual, vibrador ou plug, e evitar fazer trocas. "E também se houver penetração retal, não inserir o mesmo objeto na vagina. Isso vale para relação homo ou heterossexual", complementa.
Nicole também indica outras práticas para se proteger de ISTs no sexo entre mulheres. A observação da vagina da parceira é importante, para verificar a presença de verrugas ou feridas que possam indicar uma doença.
O diálogo entre as duas parceiras também é importante para compartilhar resultados de exames e se certificar que estão seguras. Assim como no sexo heterossexual, as mulheres podem utilizar camisinhas cortadas, calcinhas de látex, dedeiras ou luvas para se proteger.
Como o prazer será diferente para cada pessoa, as parceiras devem conversar para discutir práticas e formas seguras de se relacionar sexualmente. "O desejo que desperta o prazer em cada mulher é diferente. Onde se sente mais prazer, com quem se sente mais prazer, onde ela se sente confortável é o que difere entre uma mulher homossexual e heterossexual", reflete a ginecologista Débora Oriá.
Sexo seguro entre elas
ISTs: conheça os exames para identificá-las e quando fazê-los
DST (IST): conheça 15 doenças sexualmente transmissíveis
8 coisas que você DEVE discutir com seu ginecologista