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O que é colecistectomia
A colecistectomia é a cirurgia de retirada da vesícula biliar. O procedimento é indicado, necessariamente, para os casos específicos de pacientes que são diagnosticados com cálculos na vesícula ou tumores da vesícula.
De acordo como o cirurgião geral e especialista em cirurgia bariátrica Marcius Vinicius de Moraes, outras recomendações possíveis para o procedimento são a retirada de pólipos (lesões) de vesícula e colecistites (inflamação da vesícula biliar).
Como é feita a colecistectomia
Em geral, a cirurgia pode ser feita de duas maneiras:
- Colecistectomia aberta: técnica mais antiga e invasiva, em que o abdômen do paciente é aberto, em um recorte logo abaixo das costelas, para a retirada da vesícula. Este procedimento dura cerca de 1 hora.
- Colecistectomia por videolaparoscopia: técnica mais moderna e menos invasiva, em que duas pequenas incisões são feitas no abdômen do paciente para a inserção das ferramentas cirúrgicas de vídeo. Este procedimento dura entre 40 minutos e 1 hora, e é o mais utilizado por apresentar mais vantagens e uma melhor recuperação ao paciente.
Preparo para a colecistectomia
O primeiro passo para a realização de uma colecistectomia é visitar um cirurgião geral ou cirurgião do aparelho digestivo, que irá solicitar os exames pré-operatórios. A partir deles, outros exames específicos serão requisitados para investigar se há complicações decorrentes de presença de cálculos na vesícula.
Com o resultado dos exames e o diagnóstico em mãos, é possível saber se é necessário mais algum procedimento para tratar a doença ou se somente a cirurgia será necessária. Além disso, é importante fazer o que se chama de "risco cirúrgico", que consiste em visitar um cardiologista para avaliar se existe alguma condição que impeça a cirurgia.
Já no pré-operatório, é necessário fazer um jejum de 12 horas. Em alguns casos, o jejum pode ser de 8 horas ou apenas 2 horas, dependendo da urgência do caso. Na cirurgia, o paciente pode receber anestesia geral, raquianestesia ou peridural - a depender do caso clínico de cada pessoa.
Tempo de recuperação
O tempo que um paciente leva para se recuperar de uma colecistectomia depende do tipo de procedimento realizado. Na colecistectomia aberta, a recuperação demora cerca de 30 dias. Já o procedimento por videolaparoscopia leva de 10 a 15 dias de afastamento.
Se o paciente sentir que a recuperação está ultrapassando esses prazos, é preciso comunicar o médico cirurgião e investigar pontualmente os motivos que podem estar afetando o processo.
Cuidados durante a recuperação
Durante a recuperação da cirurgia, o paciente é orientado a suspender, temporariamente, atividades físicas. Uma dieta leve também é recomendada nos sete primeiros dias de pós-operatório.
Normalmente, os dias após a colecistectomia são pouco dolorosos e os pacientes são medicados somente com analgésicos e, no máximo, com anti-inflamatórios. Não costuma ser necessário o uso de antibióticos.
Complicações possíveis da colecistectomia
Riscos inerentes à própria cirurgia, como acontece em outros procedimentos cirúrgicos, são possíveis na colecistectomia. Há também a possibilidade de ocorrer complicações específicas da colecistectomia, como o vazamento de bile para fora ou dentro do abdômen (as chamadas fístulas).
Dependendo da inflamação e grau de dificuldade da cirurgia, pode haver ainda algum dano nos canais da bile, sangramentos e riscos relacionados a outras doenças que a pessoa apresenta. A idade do paciente também pode ditar se a cirurgia terá ou não mais chances de complicações.
Por isso, é importante realizar a operação antes de ter a infecção e inflamação da vesícula, pois isso diminui muito a chance de problemas. "As complicações, em sua grande maioria, possuem tratamento, seja por cirurgia, por endoscopia ou por medicamentos", acrescenta Marcius Vinicius de Moraes.
Síndrome pós-colecistectomia
Cerca de 3% a 5% dos pacientes que são submetidos ao procedimento podem desenvolver a chamada síndrome pós-colecistectomia. De acordo com Bruno Zilberstein, gastroenterologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, esta complicação ocorre porque o corpo deixa de ter um local para armazenar o excesso de produção da bile nos períodos entre a digestão de alimentos.
Consequentemente, os pacientes com síndrome pós-colecistectomia desenvolvem uma série de sintomas, como cólica de vesícula, distensão (inchaço) do abdômen, gases, diarreia, náusea, vômitos e dores na região similares às da gastrite. Com o tempo, a tendência é que esses desconfortos melhorem. Mas, em alguns casos, o quadro pode se tornar crônico, especialmente em homens.
Já o tratamento para a síndrome pós-colecistectomia é feito com mudanças na alimentação, com a ingestão de alimentos menos gordurosos, evitando fibras em excesso, além de medicações que agem no peristaltismo intestinal (funcionamento das contrações do intestino).
Contraindicações da colecistectomia
A colecistectomia é contraindicada para pacientes que apresentam alguma particularidade cardiológica ou clínica, que torne a cirurgia mais arriscada do que permanecer com as pedras na vesícula. "Mesmo os pacientes mais idosos também podem ser operados, pois os riscos das complicações clínicas nos casos agudos e graves são maiores que os riscos da cirurgia, que é muito pequeno", explica André Augusto Pinto, cirurgião geral e cirurgião bariátrico da Clínica Gastro ABC.
Preço da colecistectomia
O valor para fazer uma colecistectomia varia de acordo com o tipo de procedimento adotado e o que pretende-se realizar no organismo do paciente. O custo total envolve também honorários médicos, de forma que não é possível informar o preço exato a ser cobrado de cada pessoa.
Uma colecistectomia com videolaparoscopia e sem colangiografia, por exemplo, chega a ser estimada em mais de R$ 11 mil na rede privada. Alguns planos de saúde fazem a cobertura desse tipo de cirurgia, mas é sempre necessário que o paciente consulte se a apólice contratada garante esse procedimento.
Por outro lado, é possível realizar uma colecistectomia pelo sistema público de saúde, uma vez que o SUS oferece cobertura em todo o Brasil para esse tipo de cirurgia. Neste caso, o paciente deve ter um encaminhamento médico para conseguir solicitar e fazer o procedimento.
Fontes consultadas
André Augusto Pinto, cirurgião geral e cirurgião bariátrico da Clínica Gastro ABC - CRM: 78.136
Bruno Zilberstein, gastroenterologista da BP, A Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRM: 19.827
Marcius Vinicius de Moraes, cirurgião geral e especialista em cirurgia bariátrica - CRM: 8615 GO