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A Pfizer declarou nesta quarta-feira (18) que concluiu os testes de sua vacina contra a COVID-19. De acordo com a farmacêutica, os resultados dos ensaios da terceira e última fase indicaram uma eficácia de 95% na imunização dos voluntários.
O anúncio, que ganhou destaque no mundo inteiro, acontece uma semana após a empresa divulgar o resultado de uma primeira análise da fase 3 da vacina, que já apontava para uma alta eficácia do produto.
Em comunicado divulgado em seu site oficial, a Pfizer deu detalhes sobre os resultados finais da vacina, desenvolvida em parceria com a alemã BioNtech. As duas empresas são as primeiras a concluírem a última etapa de desenvolvimento de um imunizante contra o novo coronavírus antes de sua distribuição para a população.
O que se observou, de acordo com o documento, é que a fase 3 da vacina da Pfizer apresentou uma eficácia de 95% após 28 dias da primeira dose do imunizante. Ao longo do estudo, 170 pessoas com diagnóstico positivo para COVID-19 foram acompanhadas. Dessas, 162 receberam placebo e 8 tomaram a BNT162b2, nome oficial da vacina da Pfizer/BioNtech.
Ao todo, cerca de 43,5 mil pessoas participaram dos testes com a vacina desde julho de 2020, realizados em pelo menos seis países, inclusive no Brasil. Entre os efeitos colaterais sinalizados em voluntários, nenhum foi grave e houve relatos apenas de fadiga e dor de cabeça.
Segundo a farmacêutica, a vacina conseguiu evitar tanto os casos leves quanto os mais severos da doença e também mostrou eficácia entre os idosos - que estão mais sujeitos a desenvolverem quadros graves da COVID-19. Neste grupo, que engloba pessoas entre 65 e 85 anos, a imunização teve uma performance positiva de 94%.
Agora, a Pfizer e a BioNtech planejam pedir autorização à Food and Drug Administration (FDA), agência federal de saúde dos Estados Unidos, para distribuir a vacina em caráter emergencial nos próximos dias. Entretanto, não há uma data definida para que isso, de fato, aconteça.
Como funciona a vacina da Pfizer
A vacina da Pfizer utiliza a técnica de RNA mensageiro como base de indução ao sistema imunológico. Diferente de um imunizante tradicional, que usa vírus inativados ou atenuados, este tipo utiliza um pequeno fragmento do código genético do vírus, envolto em camada lipídica, formando nanopartículas que são injetadas no paciente.
"Isso não é capaz de causar uma infecção, mas pode ser suficiente para que as nossas células, ao absorver esse código genético, passem a produzir uma proteína que existe na superfície do vírus para gerar, então, uma resposta do sistema imunológico", explica o infectologia João Prats.
Uma vacina de RNA mensageiro, em resumo, é uma forma de "dar a receita" para nossas células produzirem um pedaço do novo coronavírus - no caso, a proteína S.
"Assim, o sistema imunológico vai mostrar para as células a porção do vírus produzido e uma resposta contra isso será feita", acrescenta o médico.
Para a Sociedade Brasileira de Imunologia, as vacinas de RNA mensageiro podem ser promissoras não só por propiciar uma alternativa contra o novo coronavírus, mas por serem uma oportunidade de pesquisa com uso de material genético.
"Essas vacinas são inovadoras e podem revolucionar a área de produção. São sintetizadas rapidamente a baixo custo e utilizadas sem muitas dificuldades para vários tipos de doenças", declarou a SBI em comunicado oficial.
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