Você tem medo de picada de escorpião? No verão, quando as temperaturas e a umidade são mais elevadas, as características da estação e do ambiente são ideais para a reprodução de animais peçonhentos, como serpentes, aranhas e escorpiões.
Existem diversos fatores de interferência humana que também podem fazer o risco de picadas aumentar, como explica Elma Pereira dos Santos Polegato, presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.
"As atuais mudanças climáticas, desmatamento, crescimento desordenado das cidades (com aumento e acúmulo de lixo), além da falta de predadores naturais, provocam deslocamentos desses animais peçonhentos de seus abrigos fora do período que normalmente buscam se alimentar, o que pode provocar acidentes diversos", afirma a especialista.
Entenda o que fazer em caso de picada de escorpião, quais sintomas podem surgir, como identificar a espécie e como evitá-lo.
O que fazer em caso de picada de escorpião
Em caso de picada de escorpião, a recomendação é ir imediatamente ao posto de saúde ou hospital de referência mais próximo. Se possível, levar o animal ou uma foto para identificação da espécie, permitindo assim uma avaliação mais eficaz sobre a gravidade do acidente, uma vez que o soro antiescorpiônico não é indicado em todos os casos.
"Apenas profissionais da saúde poderão fazer essa avaliação. O tratamento nos casos leves e moderados, resumidamente, se dá de acordo com os sintomas apresentados. O antiveneno é indicado em casos moderados ou graves", ressalta Elma.
De acordo com a especialista, é importante lembrar que limpar o local da picada com água e sabão pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a ida ao serviço de saúde.
"Além disso, não se deve, em hipótese alguma, tentar perfurar, cortar, espremer, fazer torniquete para tentar remover o veneno, pois essas são ações contraindicadas e que não resolvem", acrescenta.
Sintomas de uma picada de escorpião
A maioria dos acidentes com picada de escorpião é leve e o quadro local tem início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam: dor imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas.
Movimentos súbitos, involuntários de um músculo ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração muscular pequena e local (fasciculações) são descritos em alguns acidentes por Escorpião-preto-da-Amazônia. Já crianças abaixo de sete anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado.
Como identificar o tipo de escorpião
No Brasil os escorpiões mais comuns são o preto e o amarelo. Tecnicamente, no país, os escorpiões de importância em saúde pública são as seguintes espécies do gênero Tityus:
- Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país, facilitada por sua reprodução e fácil adaptação ao meio urbano
- Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil
- Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) - espécie mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina
- Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) - encontrado na região Norte e Mato Grosso.
Como evitar picada de escorpião
De maneira geral, os cuidados devem ser:
- Manter a higiene da casa, incluindo quintais e jardins
- Usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem
- Examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las
- Afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários
- Não acumular entulhos e materiais de construção
- Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede
- Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés
- Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos
- Manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros
- Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada
- Limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.
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