Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Uma pesquisa publicada na revista científica JNeurosci mostrou que o cérebro de músicos, independentemente da presença de ouvido absoluto, apresentam conexões estruturais e funcionais - a atividade sincronizada das regiões do cérebro - mais fortes do que as de não músicos.
Ouvido absoluto é o nome dado à capacidade de perceber e identificar todas as notas que se ouve sem nenhuma referência. É uma condição extremamente rara, presente apenas em uma a cada 10 mil pessoas. A habilidade nada tem a ver com o aparelho auditivo, mas sim com o cérebro.
Segundo a ciência, indivíduos com ouvido absoluto têm maior capacidade no lado esquerdo do cérebro, responsável pelo pensamento lógico e também lugar onde os sons são processados. A condição normalmente se manifesta em músicos, mas não exclusivamente.
A pesquisa contou com 153 participantes, homens e mulheres; destes, 52 eram músicos com ouvido absoluto, 51 músicos sem ouvido absoluto e 50 não músicos. O objetivo era compreender os efeitos de ser músico e/ou ter ouvido absoluto na conectividade funcional e estrutural cerebral.
O resultado mostrou que não há muita diferença entre os cérebros dos músicos com e sem ouvido absoluto e que, quando comparados a não músicos, os dois tipos têm conectividade funcional mais forte nas regiões auditivas dos dois hemisférios cerebrais.
Os músicos também apresentaram conexões de matéria branca, que modula a distribuição de ações potenciais e coordena a comunicação entre diferentes regiões cerebrais, mais fortes entre as regiões auditivas e lobos cerebrais envolvidos em processamento de alto nível.
A pesquisa também mostrou que a idade em que o treinamento musical tem início é de suma importância no desenvolvimento do cérebro. Aqueles que começaram seus estudos mais jovens apresentaram conexões estruturais mais fortes do que os músicos que começaram mais tarde.
Assim, fica evidente como experiências adquiridas, especialmente no início da vida, e habilidades aprimoradas, neste caso musicais, são impressas no cérebro humano.
Tocar um instrumento musical é benéfico à saúde mental
O Spotify, plataforma de streaming de música, encomendou um estudo científico publicado no site Consequence of Sound que revelou que 89% dos adultos afirmaram se sentirem mais felizes, relaxados e sem estresse ao tocarem um instrumento musical.
A pesquisa apontou que 56% das pessoas entrevistadas disseram se sentir relaxadas ao tocar um instrumento musical. Outras 48% se sentem mais satisfeitas e 43% declararam sentir paz e com menos ansiedade.
Os resultados revelaram que mais de um terço das pessoas dizem que tocar um instrumento promove um "senso de propósito na vida". A partir do estudo, foi possível observar que a música tem um impacto muito positivo na saúde mental dos seres humanos.
A importância das aulas de música
Glenn Schellenberg, compositor canadense e professor de psicologia na Universidade de Toronto Mississauga, publicou um estudo que afirma a importância das aulas de música. Para ele, são experiências únicas por envolverem aspectos como horas de prática individual, leitura à primeira vista, atenção, concentração, percepção de ritmo, treinamento auditivo, feedback do professor e exposição à música.
Juntamente disso, ao aprender música a pessoa desenvolve habilidades gerais, tais quais: atender rapidamente a informações temporais, detectar agrupamentos temporais, desenvolver atenção a várias formas de sinais, aprimorar a sensibilidade emocional e a expressividade e desenvolver habilidades motoras finas.