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Uma análise feita por cientistas britânicos identificou novos aspectos da variante B.1.1.7, detectada pela primeira vez em outubro de 2020 no Reino Unido. Segundo os dados publicados na revista científica Nature, o risco de morte causado pelo patogênico é 61% maior do que outras variantes do novo coronavírus.
Essa porcentagem leva em consideração o período de 28 dias após o diagnóstico positivo de COVID-19. Os números apresentados pelo estudo foram:
- O risco de morte aumenta de 17% para 25% entre homens com 85 anos ou mais
- O risco de morte aumenta de 13% para 19% entre mulheres com 85 anos ou mais
- O risco de morte aumenta de 4,7% para 7,2% entre homens com 70 a 84 anos
- O risco de morte aumenta de 2,9% para 4,4% entre mulheres de 70 a 84 anos
"Nosso estudo sugere que a B.1.1.7 não apenas é mais transmissível do que outras variantes pré-existentes do Sars-CoV-2, mas também pode causar uma doença mais grave", alertaram os pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Ainda de acordo com os cientistas, o número de mortes de pacientes entre 1 e 34 anos de idade não foi o suficiente para que fosse realizada uma análise do impacto da variante em pessoas com essa faixa etária. Entretanto, os números analisados demonstram um aumento substancial no impacto do vírus nos chamados "grupos de risco".
Coleta de dados
O estudo foi realizado com a análise de mais de 2,2 milhões de casos positivos de coronavírus que ocorreram na Inglaterra entre setembro de 2020 e fevereiro deste ano. Além disso, cerca de 17,4 mil mortes pela doença também foram analisadas, levando em consideração fatores como idade, sexo e etnia dos participantes.
Durante a pesquisa, foi revelado que metade dos testes do tipo PCR, usados para diagnosticar a COVID-19, não foram capazes de identificar se a pessoa infectada estava com a variante B.1.1.7. Isso ocorreu porque, segundo os cientistas, as mutações sofridas pelo vírus alteraram o código genético nas amostras.
Por que as novas mutações do Coronavírus preocupam?
Descobertas sobre as novas linhagens do coronavírus estão causando preocupação na comunidade científica por elevarem os riscos de contaminação. Tais mutações dos vírus, assim como de qualquer outro ser vivo, são esperadas e consideradas um processo comum da natureza. Mas, num contexto de pandemia, acendem um sinal de alerta.
Segundo Jane Teixeira, infectologista e gerente médica da Sharecare, seres vivos possuem materiais genéticos em sua composição (RNA e DNA) e, ao se reproduzirem cópias de tais estruturas, não é raro que alguns "erros" aconteçam: as mutações.
"Quando uma célula ou vírus se divide para formar novas cópias, ocorre também uma reprodução do seu material genético. A mutação é um 'erro', uma troca de um desses pedaços [de material genético] por outro", fala a médica.
Essas pequenas trocas são capazes de mudar completamente alguma característica do vírus e acontecem o tempo todo. "Dependendo da característica modificada, o vírus pode ficar mais fraco, mas pode também ter mais capacidade de propagação, ser mais resistente a medicamentos e ser mais letal", completa.
Entenda mais sobre a linhagem do B117.