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O Brasil vive seu maior colapso sanitário e hospitalar da história, aponta a Fiocruz. De acordo com boletim extraordinário do Observatório COVID-19, divulgado pela fundação na última terça-feira (16), neste contexto de crise e catástrofe, a necessidade de adoção rigorosa de ações de prevenção e controle continua se impondo, uma vez que o descontrole da pandemia de coronavírus parece se alastrar.
Como exemplo, a Fiocruz cita o caso de Araraquara, município do interior de São Paulo que conseguiu diminuição dos casos ao adotar um lockdown rígido, com restrições de circulação da população e funcionamento de serviços não-essenciais e essenciais.
Colapso no Brasil: entenda
Das 27 unidades federativas do Brasil, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação dos leitos de UTI COVID-19 iguais ou superiores a 80%. Dessas 15 UFs, em 19 o índice é superior a 90%. O Rio Grande do Sul, por exemplo, está com 100% das UTIs ocupadas. (confira mapa abaixo).
Como foi o lockdown de Araraquara
Diante da gravidade da situação sanitária em que o país se encontra, a Fiocruz reforça a importância do distanciamento social e a adoção de medidas rígidas de isolamento como aconteceu em Araraquara.
O município do interior de São Paulo tem servido de case de sucesso para o Brasil. No início de fevereiro, Araraquara passou, entre os dias 1º e 6, por um rápido crescimento na taxa de ocupação dos leitos de COVID-19: foi de 56% (baixa) para 84% (alta). No dia 15, Araraquara estava com 100% dos leitos ocupados.
Para conter a COVID-19 no município, foram adotadas as seguintes medidas a partir do dia 21/02:
- Restrições para atividades não essenciais e circulação de pessoas
- Funcionamento apenas de farmácias, unidades de saúde de urgência e emergência e serviço de abastecimento para a saúde
- Só era permitido sair para utilizar ou trabalhar em algum dos serviços em funcionamento (profissionais deveriam manter um distanciamento de 3 metros)
- Transporte público não funcionou e supermercados ficaram fechados e atendendo apenas por delivery durante seis dias (retornando em 27 de fevereiro)
De acordo com a Fiocruz, as medidas restritivas de isolamento social adotadas pela prefeitura de Araraquara em fevereiro deram resultado e fizeram cair o número de novos casos de COVID-19. Entre 21 de fevereiro e 10 de março (17 dias), a média móvel diária de novos casos na cidade caiu de 189,57 para 108, uma redução de 43,02%.
Isso impactou diretamente na ocupação dos hospitais de Araraquara. Após 14 dias de ter atingido o pico e 17 dias do decreto de lockdown, a redução no número de pacientes internados foi de 28,34%.