Médica pneumologista líder de programas educacionais da Fundação ProAR. Médica voluntária na Reabilitação Pulmonar da UN...
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A asma é uma doença que acomete pessoas de todas as idades. Caracterizada como uma doença inflamatória crônica dos brônquios, é fundamental que o paciente, seus familiares ou cuidador saibam como controlar a enfermidade em seu dia a dia e quais são as opções de tratamento adequadas.
Para explicar melhor o que é a asma, seus sintomas, tratamento e como lidar com a doença, o Minha Vida - em parceria com a companhia farmacêutica Boehringer Ingelheim - recebeu os pneumologistas Angela Honda e José Roberto Megda Filho, além do profissional autônomo Vinícius Moraes, que desde os 5 anos convive com a asma, para falarem sobre o tema.
Confira algumas perguntas da entrevista com o trio e assista o vídeo na íntegra aqui.
Minha Vida: O que é a asma e qual é a diferença entre ela e a bronquite?
Angela Honda: Bronquite e todas as "ites", como faringite, amigdalite, são inflamações. A bronquite é a inflamação dos brônquios, que são canais por onde o ar passa para chegar até os alvéolos, que são os saquinhos respiratórios.
O nosso pulmão, basicamente, tem a forma de uma árvore invertida: temos o tronco principal (a traqueia), os galhos (os brônquios e bronquíolos) e as folhas, que são os alvéolos - onde é feita a troca de oxigênio, como nas árvores. A folha pega o gás carbônico e transforma em oxigênio, devolvendo para o ambiente.
Nosso pulmão faz a mesma coisa: o ar entra pelo tronco, vai até as folhinhas (alvéolos) que estão em contato com o sangue e, de lá, tira o CO2 do sangue e manda o O2 do pulmão para o sangue novamente.
A bronquite, portanto, é uma inflamação dos brônquios. E a asma, assim como outras inflamações respiratórias, também se apresenta em forma de bronquite.
Minha Vida: Há um preconceito com a asma. Por que isso acontece?
Angela Honda: Acho que isso vem do passado, pois antigamente era difícil tratá-la. A asma não tinha tanto tratamento e havia muito sofrimento. Então, às vezes, o pediatra falava que a criança tinha uma bronquite e não asma, para a mãe não sofrer.
Minha Vida: A principal característica da asma é o chiado no peito?
José Roberto Megda Filho: Isso mesmo! A asma é uma inflamação nos brônquios, que são os ?caninhos? que levam o ar para os pulmões. E no momento que esse brônquio está inflamado - que é o que chamamos de bronquite - pode haver mais catarro. Quando passa o ar há um barulho característico - um chiado - que denominamos sibilo.
O chiado, muito característico da asma, realmente se parece com um "miadinho de gato" e piora no final do dia e começo de noite. Nós brincamos que nem tudo que é chia é asma, mas se um paciente diz: "o meu pulmão está chiando e isso sempre acontece quando há mudança de clima, contato com cachorro ou com algum alérgeno", eu sempre penso em asma. Lembrando, porém, que há asmáticos que nunca apresentam chiado no peito. Não é preciso ter chiado no peito para ter asma.
Há outros sintomas de asma também: tosse (mais crônica), aperto no peito (tipo um peso) e falta de ar.
Minha Vida: Vinícius, como você descobriu que tinha asma?
Vinícius Moraes: Eu comecei a ter asma desde bebê. Com 1 ano de vida fui diagnosticado, inicialmente, com uma bronquite, e tive diversas crises no decorrer do tempo. Descobrimos que eu tinha asma com cinco, seis anos. A partir daí, começamos a tratar como uma doença crônica, porque antes eu só recebia tratamento no momento da crise de bronquite. Até então, não tínhamos nenhum controle. Tive diversas intercorrências, fui inúmeras vezes internado... Para entender melhor, cheguei a ser internado mais de 13 vezes em um ano. E ficava, pelo menos, uma semana no hospital. Cheguei a ir para UTI, entubado por conta da asma. O controle da asma só começou a partir do ponto em que a doença foi identificada.
Minha Vida: Por que há demora no diagnóstico da asma?
Angela Honda: O que acontece é que o paciente tem a crise da asma. Por sua característica variável, ela vem e vai. Temos vários níveis de intensidade: desde o leve até o grave.
Alguns pacientes acabam tendo crises muito espaçadas e não acham que isso é uma doença, mas apenas crises pontuais, mas não é bem assim: temos a asma, que é uma inflamação de base e que às vezes sobe um pouco mais (crises), às vezes desce.
Quem tem asma mais grave precisa usar o tratamento todos os dias para conseguir controlar melhor a doença e deixar essa inflamação baixa. Porém, uma coisa importante é: qualquer pessoa, seja leve ou grave, pode ter uma crise grave. O Vinicius, por exemplo, comentou que precisou ser intubado. Até paciente com asma leve pode ser intubado, porque a crise pode ser grave.
Todo paciente com asma precisa ser diagnosticado para que seja tratado e saiba que pode ter uma crise a qualquer momento, recebendo todas as orientações.
A Fernanda Young tinha uma asma leve, tanto que nem fazia muito tratamento. Quando ela foi para uma fazenda que era mais fechada e provavelmente tinha mofo, teve uma crise, e foi uma crise grave que acabou levando à morte. É muito importante que todo asmático saiba o que pode desencadear a crise e como tratar.
Minha Vida: O que pode desencadear uma crise de asma?
José Roberto Megda Filho: A asma é uma doença que dá uma hiperresponsividade brônquica, que é o brônquio respondendo de maneira anormal a alguns estímulos.
A maioria são estímulos alérgicos. E é verdade aquela história que as avós falavam de não tomar água muito gelada, pois poderia gerar crises. Isso pode acontecer de fato se a água for muito gelada. Se a pessoa for para um lugar muito quente, também pode acontecer. Em resumo, tudo o que sai do "normal" pode gerar crise.
Os gatilhos mais comuns são aeroalérgenos, como pelos de cachorro, ácaros do travesseiro (é importante colocar o travesseiro no sol e trocá-lo a cada dois anos), poeira doméstica (jamais limpar o chão com uma vassoura, mas sim com um pano úmido), alimentos (lactose, por exemplo), alterações emocionais, ciclo menstrual, atividades físicas intensas, ar condicionado muito seco, medicações (AAS, anti-inflamatórios, remédios para o coração que terminam em -ol)
Agora que você conferiu como tratar e lidar com a asma, não esqueça de adotar essas medidas em seu dia a dia e de compartilhar com seus amigos, colegas e familiares para que eles também possam ajudar a proteger outros portadores de asma no Brasil e no mundo. Clique aqui e assista à live na íntegra!