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Desde que o novo coronavírus começou a se espalhar e a pandemia se agravou no Brasil, a preocupação em torno de grávidas e puérperas levou especialistas a estudarem os riscos e efeitos da doença neste grupo. No país, o Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 foi responsável por mapear a taxa de mortalidade materna durante o período pandêmico.
Somente nos primeiros seis meses de 2021, a taxa de mortes de grávidas e puérperas pelo vírus já é 111,7% maior do que no ano passado. Segundo dados divulgados pelo observatório, a média semanal de óbitos de gestantes em 43 semanas de pandemia, em 2020, era de 10,5. Já em 2021, a média semanal chegou a 25,8 em apenas 14 semanas.
Em números exatos, 453 mulheres desse grupo faleceram por complicações causadas pelo coronavírus em todo o ano de 2020. Por outro lado, de acordo com o observatório, do dia 1 de janeiro a 17 de junho de 2021, 959 mortes foram registradas. E a letalidade do vírus também aumentou de um ano para o outro: em 2020, 7,4% das grávidas contaminadas vieram a óbito. Já em 2021, até a data da publicação do estudo, 17% não resistiram às complicações da COVID-19.
Riscos da COVID-19 para grávidas e puérperas
Ainda que as grávidas não sejam mais suscetíveis a contrair o vírus, o Ministério da Saúde incluiu gestantes de alto risco no grupo de risco para as formas graves da COVID-19.
No geral, grávidas com doenças prévias (como diabetes, epilepsia, hipertensão), doenças adquiridas na gestação (hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, entre outras) ou grávidas de gêmeos pertencem ao grupo de maior risco de infecção e devem seguir medidas rígidas de prevenção.
De acordo com estudos divulgados em setembro de 2020 pelo British Medical Journal, gestantes infectadas pelo novo coronavírus possuem um risco 62% maior de internação em UTI e 88% mais chances de precisar de ventilação mecânica invasiva.
Apesar da falta de pesquisas publicadas a respeito do tema, especialistas explicam que, durante a gestação, ocorrem constantes modificações no corpo da mulher que podem agravar quadros de infecção respiratória e comprometer o sistema imunológico, colocando a gestante em uma situação de relativa vulnerabilidade.
Ademais, a visão clínica de especialistas mostrou que as variantes do SARS-CoV-2 têm ação mais agressiva em grávidas - conforme foi dito em uma coletiva de imprensa realizada em abril deste ano pelo Ministério da Saúde.
Como se prevenir da COVID-19 na gestação
Ainda que a ida aos hospitais e clínicas seja necessária durante a gestação, para manter as consultas de pré-natal e exames recomendados, é importante que as grávidas sigam todas as orientações de proteção contra o novo coronavírus. São elas:
- Lavar as mãos com água e sabão
- Higienizar as mãos com álcool em gel
- Evitar levar as mãos ao rosto
- Evitar compartilhar objetos de uso pessoal, como garrafas de água e outros
- Sempre usar máscara para cobrir nariz e boca
- Evitar aglomerações e praticar o distanciamento social
Vacinas contra COVID-19 e gestantes
Além dos cuidados diários, atualmente, no Brasil, grávidas e puérperas já estão sendo vacinadas contra a COVID-19. As vacinas CoronaVac e Pfizer/BioNTech estão disponíveis para gestantes, enquanto puérperas têm a opção da Oxford/AstraZeneca nas cidades que optaram por manter o uso do imunizante.
Mulheres desse grupo que ainda não completaram o calendário da vacinação devem procurar postos de saúde para receber a primeira ou a segunda dose da vacina, mesmo aquelas que não possuem doenças pré-existentes.