Redatora especialista em família e bem-estar, com colaboração para as editorias de beleza e alimentação.
A capsulite adesiva, também chamada de ombro congelado, é um processo inflamatório difuso que acontece de forma abrupta, envolvendo toda a cápsula articular da região do ombro. Essa cápsula, ou tecido, envolve a articulação que funciona entre a cabeça do úmero (osso localizado no braço) e o encaixe do ombro (glenóide).
Nesse processo inflamatório, a cápsula articular fica mais espessa, o que leva o paciente a sentir dores e rigidez, causando uma limitação do movimento do ombro.
A condição é conhecida como ombro "congelado" pois quanto mais dor o paciente sente, menor é a probabilidade de o ombro ser usado. A falta de uso faz com que a cápsula do ombro fique espessa e tensa, tornando o ombro ainda mais difícil de mover - o "congelando" em sua posição.
Sintomas do ombro congelado
Os sintomas do ombro congelado são principalmente dor e rigidez no ombro. Com o passar do tempo, há ainda a redução da amplitude dos movimentos dessa articulação, como citado anteriormente.
Cada um desses sintomas é característico de uma fase da capsulite adesiva. Na primeira, a fase inflamatória, vem a dor. Ela ocorre de maneira gradual e vai aumentando com o tempo, até atingir seu pico em torno do terceiro mês.
A dor ainda pode vir associada a um pequeno trauma ou estiramento no braço. Nesse caso, ela também não cessa e, mais uma vez, piora com o decorrer do tempo.
Já o segundo momento da capsulite adesiva é chamado de fase de congelamento, quando a rigidez do ombro se torna presente. Essa fase se dá em torno de três a seis meses após o começo dos sintomas.
Aqui, além do aumento da intensidade da dor, o paciente começa a sentir como se o ombro estivesse paralisando e há perda da amplitude dos movimentos de forma ativa e passiva, ou seja, não apenas o indivíduo não consegue mexer o próprio ombro sozinho, como também outras pessoas não conseguem fazer o movimento.
A rigidez nos ombros pode dificultar as atividades regulares, como se vestir, pentear o cabelo ou se alongar.
Causas
Por se tratar de um processo complexo, as causas da capsulite adesiva ainda não são muito bem compreendidas. No entanto, algumas doenças estão mais associadas ao risco de desenvolver ombro congelado. Dentre as possíveis causas estão:
- Diabetes
- Doenças da tireóide
- Pessoas que foram submetidas a cirurgias mamárias e cervicais
- Pacientes com problemas relacionados à epilepsia (e que utilizam medicação do tipo barbitúricos)
- Pacientes que passam por processos de cateterismo.
Sabe-se também que a dor e a rigidez podem começar após lesões, traumas ou cirurgias recentes no ombro, situações em que é preciso evitar mover a articulação (seja pelo uso de tipóia ou bandagem), o que faz com que a cápsula do ombro fique mais espessa.
Diagnóstico
Quanto ao diagnóstico, na maioria das vezes ele é clínico. Entretanto, como a doença não é muito conhecida, o paciente pode demorar para conseguir chegar a um especialista que faça o diagnóstico de forma correta.
Alguns exames podem auxiliar. Apesar de não apresentarem tanta precisão quanto o exame físico, exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética podem ser solicitados com o objetivo de detectar alterações no espessamento da cápsula articular.
Já o artonograma pode ser uma opção para mostrar se a cápsula do ombro apresenta cicatrizes ou se está contraída. O exame envolve a injeção de corante na articulação do ombro e a realização de várias radiografias.
Além disso, há o exame artroscópico, um exame físico no qual amostras de tecido são retiradas de dentro e ao redor da articulação e posteriormente são examinadas no microscópio, permitindo identificar exatamente em que estágio da doença o paciente pode estar.
É possível prevenir o ombro congelado?
Exercícios suaves e progressivos e alongamentos que envolvam a amplitude de movimento e maior uso do ombro podem ajudar a prevenir a capsulite adesiva e o congelamento do ombro após uma lesão ou cirurgia.
Contudo, como ainda há muitas questões em torno do que exatamente causa o ombro congelado, especialistas não sabem se existe de fato alguma maneira de evitar a condição. Para isso é importante estar atento aos sinais do corpo e alertar ao médico para que possa ser indicada a melhor forma de tratamento.
Tratamento
Existem inúmeros tratamentos para o ombro congelado, dentre eles podemos citar:
- Uso de medicamentos
- Fisioterapia
- Reabilitação
- Cirurgia (apenas uma pequena parcela dos casos requer intervenção cirúrgica).
No tratamento medicamentoso, analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados para reduzir a dor do paciente, melhorando a forma de movimentar o braço. Os corticóides também são indicados, além de alguns neurolépticos, como ampicilina e gabapentina. O uso de tais medicamentos deve ser feito sempre com supervisão profissional médica.
Na fase de congelamento, além das medicações, também são indicados os tipos de reabilitação, fisioterapia e terapia ocupacional.
Os tratamentos visam fazer os músculos relaxarem, a fim de ajudar a recuperar o movimento e a função do ombro. Isso pode ser feito com modalidades como estimulação elétrica, mobilização articular, uso de frio e iontoforese (forma de empurrar os medicamentos através da pele diretamente para o tecido inflamado).
Exercícios de baixa carga também são indicados para o tratamento. Eles buscam trabalhar o alongamento de uma forma que não cause dor ao paciente e deve ser feito de maneira regular.
Apesar de serem mais recentes e não terem tanta evidência científica, tratamentos avançados podem ser uma alternativa mais invasiva. É possível optar por alguns tipos de infiltração intra-articular e bloqueios de nervos supraescapular, feitos através de injetáveis.
É importante lembrar que o tratamento e atenção às doenças que podem estar associadas à capsulite adesiva, como diabetes, distúrbios da tireoide e outros já citados, é de suma importância para a melhora do quadro de capsulite adesiva.
Referências
Layron Alves (CRM 121001 SP), médico ortopedista e especialista em cirurgia do ombro e cotovelo, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC);
Revista Brasileira de Ortopedia (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia)