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O laço construído entre a mãe e o bebê surge na gestação e se fortalece cada vez mais após o parto, especialmente durante a amamentação. Por isso, o retorno às atividades exercidas antes da gravidez, após um longo período de dedicação exclusiva à maternidade, pode ser doloroso, especialmente se a mãe está inserida no mercado de trabalho.
Assim, uma das questões que mais causa insegurança nesse momento é como prosseguir com o aleitamento materno, essencial para o desenvolvimento do bebê. O leite materno, além de possuir todos os nutrientes que o pequeno precisa, também conta com anticorpos e substâncias capazes de protegê-lo de uma série de doenças.
É por isso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as mães amamentem seus bebês até os seis meses de idade de forma exclusiva. Após essa idade, o órgão propõe que o leite materno seja oferecido como alimento complementar, pelo menos, até os dois anos de idade. Nesse contexto, o planejamento é fundamental para garantir que os pequenos recebam uma nutrição adequada.
Para isso, existem algumas formas de ordenhar e estocar o leite materno corretamente, evitando que ele perca seus nutrientes. Mesmo do trabalho, a mãe pode extrair o leite com o auxílio de bombas extratoras ou até manualmente, mas é importante que seu transporte seja feito corretamente.
Como extrair leite materno?
Conforme explica a cartilha "Mulher trabalhadora que amamenta", do Ministério da Saúde, a higiene é o primeiro passo antes da extração do leite. Anéis, pulseiras e relógio devem ser retirados e a lactante deve prender todo o cabelo dentro de uma touca. O uso de máscara facial também é indicado.
Em seguida, as mãos e braços devem ser lavados com água e sabão. As mamas também precisam ser higienizadas, mas apenas com água corrente. Para secar, pode ser usado um pano limpo ou papel-toalha, com cuidado para não deixar nenhum resíduo de papel. Por fim, a mãe pode optar por extrair o leite de forma manual ou mecânica.
De acordo com a ginecologista e obstetra Carolina Curci, uma orientação importante é tentar extrair o leite nos horários em que a mãe normalmente estaria amamentando, pois isso ajuda o organismo a coletar cada vez mais a quantidade de leite que ela produziria normalmente.
Cuidados ao fazer a ordenha fora de casa
Segundo a lei trabalhista brasileira, a mulher tem direito a dois intervalos de meia hora durante a jornada de trabalho para amamentar ou extrair o leite, até que seu filho complete seis meses de idade. Mesmo as mães que trabalham 6 horas ou menos por dia podem usufruir desse direito.
Para isso, o empregador deve disponibilizar uma sala privada, onde a lactante possa fazê-lo confortavelmente e sem ser incomodada.
Por questões de praticidade, o uso de extratores de leite é ideal nesses casos. Modelos elétricos, segundo Carolina Curci, são mais rápidos e permitem uma coleta maior de leite.
Para que a ordenha e o armazenamento do leite seja feito de forma adequada e confortável para a lactante, a ginecologista recomenda alguns itens essenciais para ter ou levar ao trabalho, como:
- Bolsa ou caixa térmica para transporte do leite
- Recipientes adequados para conservar o leite
- Protetor de seios
- Roupas que permitam o acesso fácil aos seios.
"Claro que, se eu puder deixar um extrator na minha casa e um no meu trabalho, isso seria útil para não precisar ficar carregando todos os dias", acrescenta a médica.
Como armazenar o leite materno
Os potes de vidro com tampa de plástico são a forma mais segura de estocar o leite materno, de preferência os modelos que são BPA free. Por serem resistentes a altas variações de temperatura, eles podem ser fervidos ou levados ao congelador sem oferecer riscos à saúde. Porém, é preciso higienizá-los corretamente antes do uso.
Além disso, segundo Carolina Curci, existem recipientes próprios para o armazenamento de leite materno. Em geral, são sacos de material resistente, antivazamento e pré-esterilizados, que não ocupam muito espaço no congelador e garantem maior segurança para a mãe e o bebê.
Ao fim da extração, é essencial que os recipientes sejam etiquetados com a data e o horário da ordenha, a fim de não perder a data de validade.
Neste contexto, o uso de uma bolsa térmica é essencial para preservar o leite quando a ordenha é feita fora de casa. O acessório permite que a mãe transporte o conteúdo de forma adequada, sem que ele sofra qualquer alteração de temperatura.
Além disso, é necessário manter o leite ordenhado na geladeira até o momento do transporte. Caso a mãe planeje alimentar o bebê no dia seguinte com esse conteúdo, não é necessário congelá-lo. Isso porque o leite pode ficar até 12 horas na geladeira sem perder seus nutrientes.
Por outro lado, se a mãe não tem uma previsão certa de quando o leite ordenhado será ofertado, é importante deixá-lo no freezer. Em entrevista prévia ao Minha Vida, a pediatra Fernanda Catharino esclareceu que o leite materno pode permanecer congelado por até 30 dias, a partir da data da ordenha. Mas é importante ressaltar que, uma vez descongelado, o líquido não pode ser refrigerado novamente.