Nutróloga com título de especialista há 15 anos pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Mais de 20 anos d...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iA amamentação desempenha um papel vital nos primeiros meses do bebê, servindo como forma de nutrição exclusiva até os 6 meses de idade e favorecendo o estabelecimento de um vínculo entre mãe e bebê.
Uma mãe estadunidense, porém, optou por compartilhar esses benefícios do leite materno e comercializar seu leite, revelando que está lucrando 70 mil reais vendendo para fisiculturistas que acreditam nos benefícios para aumentar a massa muscular.
Mila De’brito falou em seu TikTok sobre como sua produção abundante de leite permitiu que ela armazenasse o produto para a venda. Mas será que essa atitude é indicada? E, além disso, será que o leite materno é uma boa opção para quem treina, como fisiculturistas?
Conversamos com a nutróloga Liliane Oppermann, que falou sobre o consumo de leite materno entre adultos e se de fato há benefícios. Continue lendo!
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Beber leite materno faz bem?
Já é sabido, principalmente nos Estados Unidos, sobre a venda ou mesmo doação do leite materno para fisiculturistas e para pessoas que buscam uma alimentação funcional, principalmente focada em imunidade.
“Isso acontece porque se sabe que o leite materno tem anticorpos, como, por exemplo, imunoglobulinas, que ajudam a combater os patógenos”, explica a nutróloga Liliane Oppermann.
Porém, segundo ela, não há comprovação científica de que o leite materno possa trazer esses benefícios para adultos.
“Se nós pensarmos em termos nutricionais, o leite que é feito para um bebê de 3 kg a, no máximo, 15 kg, sendo incompatível com a exigência nutricional de um homem fisiculturista com seus 100 kg, que vai precisar de um aporte calórico, proteico, lipídico, muito maior do que o que o leite materno pode trazer”, fala a especialista.
Ela explica ainda que, comparativamente, o leite bovino, e até mesmo o leite de cabra, é mais proteico do que o leite humano. “A gente está falando de uma necessidade nutricional de uma criança que é totalmente diferente da necessidade nutricional de um fisiculturista”, continua.
“De qualquer forma, a venda de produtos humanos, e quando a gente fala humanos, subentende-se qualquer tipo de produto, incluindo sangue e órgãos, não pode ser incentivada”, complementa a nutróloga.
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E o colostro?
Colostro é o primeiro tipo de leite produzido pelos mamíferos após o parto, sendo uma substância rica em nutrientes e anticorpos essenciais para o desenvolvimento e proteção do recém-nascido.
Tem se debatido atualmente sobre o uso do colostro, sobretudo bovino, como uma forma de melhorar a saúde por conta exatamente desses possíveis efeitos protetores da imunidade.
“Muitas empresas americanas vendem em cápsula o colostro bovino, justamente porque é no colostro que essas imunoglobulinas estão mais presentes ainda, ajudando principalmente no revestimento do intestino - a primeira barreira de proteção da imunidade”, diz a médica.
Ela explica que, de fato, o colostro tem minerais, como o magnésio, e um aporte de imunoglobulinas maior do que o leite. “Isso é fato e alguns fabricantes desses produtos de colostro, principalmente colostro bovino, provam com alguns estudos que existe sim essa melhora na barreira intestinal, essa melhora na imunidade", diz ela.
Mas ela pontua: "Para que aconteça essa proteção, não é necessário usar colostro. Uma boa alimentação, uma boa suplementação, um bom estilo de vida, tudo isso é o que a gente precisa”.