Ingurgitamento mamário (leite empedrado): sintomas e o que fazer

O que é Ingurgitamento mamário?

O ingurgitamento mamário, ou leite empedrado, é uma condição em que ocorre o acúmulo de leite nas mamas, causando uma sensação de empedramento e de mamas cheias. Embora normalmente temporário, ele pode deixá-las doloridas, tensas e, por vezes, endurecidas. A produção excessiva de leite e a falta de drenagem são alguns dos principais fatores que desencadeiam a condição.

O ingurgitamento pode ocorrer em qualquer fase da amamentação, mas é mais comum na época da apojadura, que é a descida do leite, cerca de três a cinco dias após o nascimento do bebê. As mamas tendem a ficar maiores e mais cheias nesse período. 

"As primeiras semanas são sempre as mais difíceis, pois ocorre um período de adaptação entre mãe e bebê, em que o recém-nascido pode apresentar mais dificuldade da pega correta e sem o esvaziamento completo das mamas", explica Isabella Albuquerque, ginecologista e obstetra da Pineapple Medicina Integrativa.

Causas

Diversos fatores podem desencadear um quadro de ingurgitamento mamário. O mais comum ocorre devido à retirada insuficiente do leite produzido pela mãe. Isso pode ocorrer pelos seguintes motivos: 

• Quando a mãe é separada do recém-nascido
• Práticas restritivas de amamentação
• Excesso na produção do leite, mais comum no início da amamentação, quando o corpo da mãe ainda está se ajustando à demanda do bebê
• Frequência baixa de amamentação
• Uso de suplementos que estimulam a produção de leite
• Quando o bebê não tem uma sucção eficaz

A ginecologista e obstetra Carolina Curci aponta outros fatores que favorecem o leite empedrado, como: 

• Obstrução dos ductos mamários, que pode acontecer como consequência de uma infecção, cisto ou um traumatismo
• Uso de medicamentos, como os antidepressivos, que podem afetar a produção ou a drenagem do leite
• Doenças crônicas, como diabetes, hipotireoidismo e obesidade, podem aumentar o risco de leite empedrado
• Alterações hormonais na gravidez

Sinais

Sintomas do leite empedrado

A distensão excessiva da mama pelo acúmulo de leite pode provocar sintomas como dor, inchaço e vermelhidão nas mamas, além do aumento da temperatura local. Esses fatores podem dificultar a pega do recém nascido, o que contribui para a piora dos sintomas e para o término da amamentação antes do tempo. 

A puérpera também pode apresentar outros sintomas de leite empedrado, como: 

• Grande desconforto nas mamas
• Pele dos seios brilhante e esticada
• Febre, em alguns casos

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Tratamento

O que fazer em caso de leite empedrado?

A principal medida para tratar o leite empedrado é o esvaziamento completo das mamas. Alguns métodos podem ajudar no processo, sendo eles: 

• Estimular a amamentação por livre demanda, ou seja, toda vez que o bebê solicitar, sem restrições de horários e de duração das mamadas
• Extrair o leite materno antes da amamentação, seja manualmente ou com a ajuda de uma bombinha, para facilitar a pega do bebê
• Realizar massagens suaves após a amamentação para a retirada do excesso de leite
• Deixar o bebê mamar por completo em cada mama

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Em casos mais graves, Carolina explica que  o médico pode prescrever medicamentos para amenizar os sintomas, como anti-inflamatórios não esteroides (ibuprofeno ou naproxeno). Se o acúmulo de leite provocar uma infecção mamária, pode ser necessário o uso de antibióticos. Mas lembre-se: o uso de qualquer medicamento deve ser feito apenas com orientação de um médico. 

Além dessas orientações, aplicar compressas com água morna ou tomar banhos mornos pode ajudar no alívio da dor local e a diminuir o ingurgitamento. Em casos mais sérios, essas ações podem não ser tão efetivas. 

Nessas situações, o ideal seria aplicar compressas frias após as mamadas, juntamente com massagens suaves, feitas em movimentos circulares, para auxiliar a esvaziar as mamas completamente. Carolina ainda recomenda que a gestante evite o uso de sutiãs ou roupas muito apertados e consuma bastante líquido, para manter a hidratação. 

Prevenção

A amamentação em livre demanda é a melhor forma de esvaziar as mamas e prevenir o leite empedrado. A prática permite que a mãe amamente o bebê quantas vezes ele quiser e pelo tempo que tiver vontade e, além de ser bastante benéfica para a criança e para a lactante, pode prevenir diversos outros problemas de saúde, como obstrução dos dutos, mastite e obesidade infantil. 

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Outro hábito importante para evitar o ingurgitamento mamário é o uso de roupas próprias para a amamentação, evitando o uso de sutiãs e roupas apertadas que causam desconforto. A recomendação é priorizar peças de tecidos macios, como algodão ou malha, que não incomodam as mamas e não causam alergia. 

Complicações possíveis

O principal risco do ingurgitamento mamário é que, se não tratado adequadamente, ele pode evoluir para um quadro de mastite, também chamada de infecção mamária, caracterizada pela inflamação dos tecidos mamários.

Na mastite, o ingurgitamento é acompanhado dos seguintes sintomas: 

• Febre
• Mal-estar
• Cansaço extremo
• Dor ou ardor durante a amamentação
• Secreção mamilar que contém pus
• Vermelhidão da pele
• Coceira

A mastite, quando não tratada, pode evoluir para abscessos mamários, que são o acúmulo localizado de pus na mama. Em casos mais graves, pode ser necessária a internação hospitalar para o tratamento.