Graduado pela Universidade de Passo Fundo. Residência médica em Dermatologia no Hospital das Clínicas da Faculdade...
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O que é ácido mandélico?
O ácido mandélico é uma substância de origem orgânica, pertencente à família dos alfa-hidroxiácidos (AHAs) e obtida a partir da hidrólise do extrato das amêndoas amargas. É amplamente utilizado na formulação de medicamentos e como agente antibacteriano em tratamentos dermatológicos, em função de suas propriedades clareadoras, emolientes e antifúngicas.
Caracterizado no grupo de peelings superficiais, o uso do ativo apresenta resultados eficazes e de forma menos agressiva quando aplicados de forma seriadas e em um curto período de tempo, causando uma descamação clara e fina, de acordo com um artigo feito por pesquisadoras do Instituto de Excelência em Educação e Saúde em 2020.
Para que serve o ácido mandélico
Devido a seu alto poder de renovação celular, o ativo é bastante utilizado em tratamentos dermatológicos que visam o clareamento da pele e o tratamento de acne.
Segundo o artigo do Instituto de Excelência em Educação e Saúde, o processo de clareamento ocorre através da inibição da síntese de tirosina, enzima que possui um papel crítico na biossíntese da melanina. Desse modo, o ácido seria indicado para:
- Prevenção e tratamento de acne
- Hiperpigmentação solar
- Hiperpigmentação pós-inflamatória
- Tratamento de melasma
- Antienvelhecimento
- Esfoliação química.
"O ácido mandélico tem uma ação direta sobre as células da camada mais superficial da pele, promovendo uma remoção das células mortas, regulando a oleosidade e diminuindo a pigmentação das células", explica Renato Pazzini, dermatologista pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
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Propriedades do ácido mandélico
Conforme explicou SOUSA et al. em um artigo publicado em 2018, o ácido mandélico possui maior peso molecular, permitindo que ele penetre lentamente na pele, promovendo a despigmentação através da inibição da síntese de melanina.
Em razão disso, dentre as opções de ativos disponíveis no mercado, ele se destaca por ser o mais suave dentre os ácidos da família dos alfa-hidroxiácidos (AHAs), podendo ser utilizado para pessoas com pele sensível.
"As principais indicações são para as peles oleosas e com manchas de acne ou melasma. O uso regular do ácido mandélico vai tornar a pele mais luminosa, com menos lesões acneicas e com menos manchas", diz Pazzini.
Como usar o ácido mandélico
O ácido mandélico pode ser incluído na rotina de cuidados com a pele de diferentes formas. Segundo a dermatologista Morgana Boeno Volpato, a substância pode ser manipulada, industrializada isoladamente ou em combinação com outros ativos - no formato de cremes, óleos e séruns.
Normalmente, o ativo é encontrado em formulações entre 1% e 10%, podendo ser combinado com outras substâncias, tais como aloe vera, rosa mosqueta ou ácido hialurônico.
"Existem alguns produtos que combinam AHAs em diferentes concentrações, com um objetivo de atingir diversas queixas dos pacientes. Nesse caso, é importante individualizar e ver o que faz mais sentido: vários produtos com baixas concentrações ou um produto único com concentrações maiores voltado para um objetivo específico", elucida Renato Pazzini.
Segundo o especialista, o uso conjunto com retinol até pode ser feito (em noites alternadas, por exemplo), mas é necessário cuidado redobrado com o sol e estar atento à possibilidade de irritação.
Uso noturno
O ácido, tais como outros AHAs, deve ser usado preferencialmente durante a noite após o processo de limpeza da pele. Isso pois, caso ele seja utilizado durante o dia, existe um risco maior de irritações de grau variável, o que pode resultar em manchas na pele.
Uma dica interessante é aplicar um creme hidratante antes do uso, mesmo em peles oleosas, a fim de minimizar os efeitos de descamação do ácido.
Pela manhã, o ativo deve ser retirado com gel de limpeza, seguindo os passos da rotina de skincare. É primordial a utilização de um protetor solar, de preferência com fator de proteção acima de 50, independentemente do tipo de pele.
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Peeling de ácido mandélico
O ácido mandélico também pode ser utilizado em peelings, como forma de clarear a pele mais rapidamente, promovendo a renovação celular de forma progressiva. Para uso profissional, ele pode ser comercializado em concentrações que variam entre 30% e 50%.
"A sua utilização no tratamento de peeling garante rejuvenescimento, afinando as linhas finas e marcas de expressão, trata a acne, clareia as manchas e melhora a textura da pele. O efeito produzido pelo uso desse ácido pode provocar uma leve ardência e um pouco de descamação", aponta Sousa et al. (2018).
Benefícios do ácido mandélico
Se utilizado de forma adequada e com a orientação de um dermatologista, o ácido mandélico pode conferir alguns benefícios à saúde e aparência da pele, tais como:
- Clareamento das manchas da pele
- Hidratação da cútis
- Combate aos sinais de envelhecimento, como linhas de expressão e rugas
- Auxílio no tratamento de estrias
- Combate a acne
- Combate aos cravos e espinhas, melhorando a uniformidade e textura da pele.
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Cuidados antes do uso
Antes de tudo, é importante ressaltar a importância de sempre consultar um especialista em dermatologia para o tratamento, pois ele será capaz de explicar a forma correta de uso do ácido e poderá auxiliar na escolha do método mais adequado para cada caso.
Antes da aplicação do creme de ácido mandélico ou da realização do peeling, é essencial que o rosto esteja completamente limpo. No caso do uso do produto tópico, garanta que a pele também esteja seca, pois isso ajuda na absorção da substância.
Cuidados após o uso
Em função de deixar a pele mais sensível, a exposição ao sol deve ser evitada após a utilização do ácido mandélico ou realização do procedimento de peeling, pois os raios solares podem resultar em problemas como:
- Vermelhidão
- Descamação da pele
- Irritação
- Surgimento de manchas.
De acordo com Renato Pazzini, os resultados do tratamento com ácido mandélico começam a ser visíveis após 14 dias de uso.
Efeitos colaterais do ácido mandélico
O uso do ácido mandélico pode causar vermelhidão e queimaduras se utilizado em altas concentrações, segundo Pazzini.
"Ele tem a vantagem de ser menos irritativo que os outros alfa-hidroxiácidos, como o glicólico, por exemplo. É necessário, porém, estar atento às concentrações, já que concentrações maiores que 10% possuem um poder de irritação maior", esclarece Renato.
Além disso, é comum observar o ressecamento da pele durante o período de utilização de AHAs, especialmente no inverno. Por isso, o ideal é investir na hidratação da pele durante o tratamento, mesmo em peles oleosas.
Ademais, embora seja um ácido relativamente seguro para todos os tipos de pele, é válido ressaltar que, por ser um produto químico, as consequências em caso de má utilização do ácido mandélico podem ser irreversíveis. Conforme aponta o estudo do Instituto de Excelência em Educação e Saúde, o indivíduo pode apresentar reações adversas como:
- Eritema severo
- Inchaço na área dos olhos
- Queimação
- Formação de bolhas
- Sangramento
- Erupções
- Coceira.
Contraindicações do ácido mandélico
O ácido mandélico é contraindicado para pessoas com hipersensibilidade a algum ingrediente utilizado na composição do ativo. Pessoas que apresentam lesões na região a ser tratada ou com herpes ativa também não devem fazer uso.
Por fim, pacientes em uso de isotretinoína (retinol) para o tratamento de acne devem ter cautela na utilização de alfa-hidroxiácidos.
Gestantes podem usar ácido mandélico?
Devido a falta de estudos de segurança para o uso do ácido mandélico em gestantes e lactantes, sua utilização não é recomendada para esse grupo.
Referências
Renato Pazzini, dermatologista pela USP, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Membro do Corpo Clínico dos Hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz - CRM-SP 140883 / RQE 48449
Morgana Boeno Volpato, dermatologista - CRM RS 33223 / RQE 20612
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
Instituto de Excelência em Educação e Saúde