Misael do Nascimento é médico atuante na área de dermatologia com ênfase ao público masculino e atua na Clínica Nut...
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O que são os alfa-hidroxiácidos?
Os alfa-hidroxiácidos, também conhecidos como AHAs, são um grupo de ácidos orgânicos derivados da atividade sintética de plantas e frutas. Na dermatologia, são amplamente utilizados em formulações cosméticas como agentes de peeling superficiais (esfoliantes químicos), diminuindo a adesão entre as células superficiais da pele e promovendo a renovação celular.
Nem todos os AHAs apresentam, porém, o mesmo poder esfoliante. Cada um dispõe de particularidades e funções específicas, desde a redução de manchas ao aumento da produção de colágeno.
Todos os ácidos podem ser incluídos na rotina de cuidados com a pele, desde que orientados por um médico especialista. Eles incluem:
- Ácido glicólico: é encontrado em algumas culturas de açúcar;
- Ácido mandélico: derivado da hidrólise do extrato de amêndoas amargas;
- Ácido málico: é encontrado em maçãs, damascos, cerejas, peras, ameixas e morangos;
- Ácido cítrico: encontrado em laranjas, limões, toranjas, abacaxis, tangerinas e outros;
- Ácido lático: é produzido na fermentação do açúcar do leite, quando o leite azeda;
- Ácido tartárico: é encontrado em uvas, mangas, tamarindos e outras frutas;
- Ácido ascórbico (vitamina C): é encontrado em frutas como caju, laranja, limão, mamão, brócolis, couve-flor e outros.
Qual a diferença entre alfa-hidroxiácidos e beta-hidroxiácidos?
Os alfa-hidroxiácidos são hidrossolúveis, uma vez que se dissolvem em água e têm atração por ela. Por isso, eles possuem efeito hidratante na pele. Já os beta-hidroxiácidos são lipofílicos e apresentam atração pela gordura e por lipídios que ficam na superfície da pele, conforme explica Luciana de Abreu, dermatologista da clínica Dr. André Braz (RJ).
“Os beta-hidroxiácidos têm efeito no controle da oleosidade e na redução da oleosidade da pele e promovem ressecamento da pele, além de terem efeitos anti-inflamatórios para acne, por exemplo”, esclarece a dermatologista.
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Qual a função dos alfa-hidroxiácidos?
Uma das características mais notáveis dos alfa-hidroxiácidos é a capacidade de atuarem nas camadas mais profundas da pele, onde é produzido e armazenado o colágeno e outras proteínas de sustentação. As células responsáveis pela produção dessas proteínas, como os fibroblastos, são estimuladas pelos AHAs. Quanto maior a concentração de ácido e menor o pH da fórmula, maior será a capacidade de penetração na derme.
“O médico consegue aumentar ou diminuir a concentração, assim como o tempo de uso, dando assim mais controle no tratamento e oferecendo menos riscos para a pele do paciente”, explica Misael do Nascimento, médico atuante na área de dermatologia com ênfase no público masculino e profissional da clínica Nutrindo Ideias.
Segundo Eloa Boccia, biomédica especialista em saúde estética, os AHAs quebram as ligações entre as células da pele. Quando essas ligações se dissolvem, as células mortas são liberadas no processo de renovação celular, o que pode acontecer por meio de esfoliação ou descamação. Porém, segundo a especialista, nem todo alfa-hidroxiácido é capaz de descamar a pele.
Além disso, os alfa-hidroxiácidos também são conhecidos pela capacidade de reterem água, o que ajuda no processo de hidratação da cútis.
A partir disso, os AHAs são bastante utilizados no tratamento de:
- Acne;
- Cicatrizes;
- Melasma;
- Hiperpigmentação;
- Rosácea;
- Rugosidade;
- Envelhecimento precoce;
- Manchas da idade;
- Seborreia.
Como utilizar os alfa-hidroxiácidos?
Os alfa-hidroxiácidos podem ser incluídos na rotina de cuidados com a pele de maneiras diferentes, seja manipulada, industrializada isoladamente ou em combinação com outros ativos, no formato de cremes, óleos e séruns. Além disso, alguns podem ser utilizados em peelings como forma de clarear a pele mais rapidamente, promovendo a renovação celular de forma progressiva.
Cuidados antes do uso
Antes da aplicação do alfa-hidroxiácido é essencial que o rosto esteja completamente limpo. Por isso, utilize um gel de limpeza adequado para o tipo de pele. No caso de uso de produto tópico, garanta que a pele esteja completamente seca, pois isso ajuda na absorção completa da substância.
Uso preferencialmente noturno
Embora existam relatos que apontem que os AHAs podem prevenir o desenvolvimento de tumores de pele induzidos por ultravioleta (UV), existem estudos que comprovam que a aplicação tópica pode aumentar a fotossensibilidade da pele à radiação UVB quando combinada à exposição solar.
Por isso, substâncias como ácido lático, ácido glicólico e ácido mandélico devem ser utilizadas preferencialmente durante a noite. Caso elas entrem em contato com os raios solares, há um risco maior de irritações de grau variável, o que pode resultar em manchas solares.
Contudo, a vitamina C (ácido ascórbico) pode ser incluída no skincare diurno e normalmente é encontrada em séruns com potencial hidratante.
“Pode-se incluir o ácido ascórbico, por exemplo, pela manhã, antes do filtro solar. No fim do dia, pode-se usar um sabonete de ácido glicólico com intuito de esfoliação e hidratação, e uma fórmula noturna contendo ácido mandélico [ou] ácido lático para uniformizar a pele”, sugere a dermatologista Eloa Boccia.
Durante o dia, é primordial o uso de protetor solar com fator de proteção acima de 50, independente do tipo de pele.
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Os AHAs são indicados para que tipo de pele?
Os alfa-hidroxiácidos podem ser utilizados por diferentes tipos de pele. Alguns deles, como o ácido mandélico, podem trazer vários benefícios especialmente para as peles oleosas devido à sua capacidade de controlar a produção de sebo.
Benefícios dos alfa-hidroxiácidos
Se utilizados corretamente e de acordo com as orientações do dermatologista, os alfa-hidroxiácidos podem ser agentes importantes no tratamento de diversos problemas de pele, promovendo benefícios como:
- Hidratação da pele;
- Clareamento de manchas;
- Combate aos sinais de envelhecimento, como linhas de expressão e rugas;
- Combate à acne;
- Uniformização da pele;
- Protetor da barreira cutânea;
- Controle da oleosidade.
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Efeitos colaterais dos alfa-hidroxiácidos
Se utilizados de forma inadequada e em altas concentrações, os alfa-hidroxiácidos podem causar efeitos colaterais como:
- Vermelhidão
- Hipercromia residual;
- Irritabilidade;
- Piorar quadros de rosácea;
- Ardência;
- Edema;
- Processos inflamatórios.
Ademais, é comum observar o ressecamento da pele durante a utilização das substâncias, especialmente nos dias mais frios. Em função disso, é importante apostar em produtos com potencial hidratante durante o tratamento, mesmo em peles oleosas.
Contraindicações dos alfa-hidroxiácidos
As contraindicações dos alfa-hidroxiácidos existem para pessoas que apresentam alguma sensibilidade ao produto ou alergia de contato. Em alta concentração, também deve-se ser evitado o uso em pacientes com rosácea, dermatite atópica ou pele sensibilizada por algum procedimento dermatológico.
Segundo Misael, os peelings à base de ácidos não são indicados para gestantes pois têm intensidade de média à profunda e as substâncias presentes em sua composição podem prejudicar o desenvolvimento do bebê.
Antes de incluir as substâncias no skincare ou iniciar um tratamento, o ideal é buscar orientação de um médico especialista, que poderá indicar o AHA mais adequado para cada caso, assim como a concentração.
Referências
Misael do Nascimento, médico atuante na área de dermatologia com ênfase ao público masculino e atua na clínica Nutrindo Ideais – CRM 52971944
Luciana de Abreu, dermatologista da clínica Dr. André Braz ( RJ).
Eloa Boccia, biomédica especialista em saúde estética - CRBM 3037